Capítulo 13: A Promessa

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O período que veio depois foi o primeiro luto da vida de Fernando. Ele não sabia se era algo no mundo interior ou no exterior, mas a sensação era de que alguma coisa importante, preciosa tinha morrido de alguma forma e ele não tinha ferramentas para enterrar nem reviver; uma sensação amarga de perda, de que algo estava prestes a acabar para sempre, sem necessariamente ter começado, mas tendo semi-existido por tempo o bastante para causar aquela angústia oca, incompleta.

And now you're gone, there's like an echo in my head

And I remember every word you said...

'Cause you never were, and you never will be mine

Era só o que tocava nos fones de ouvido de Fernando nos últimos dias. Robyn parecia ser a única criatura no mundo capaz de entender e descrever seus sentimentos e transformá-los em música pop para cantar a plenos pulmões e dançar como se ninguém estivesse olhando e sentir a melancolia da letra sem saber ao certo onde acabava a alegria e onde começava a tristeza, que era a mesmíssima tristeza de Fernando desde a conversa desastrosa com Giovani no shopping.

A festa de Maitê aconteceu, e Fernando, que não tinha motivo para ser convidado, fez tudo que pôde para se manter o mais longe possível de qualquer canto da internet que pudesse colocá-lo remotamente em perigo de ver quaisquer fotos relacionadas ao evento, pois ele sabia que, em algum momento, Giovani apareceria. E, mesmo tendo tentado arduamente, uma dessas imagens apareceu em sua tela, assim, desavisada, enquanto ele navegava pelas redes sociais. Maitê divinamente linda em um vestido rendado cor-de-céu; Giovani diabolicamente lindo naquele maldito terno que Fernando ele mesmo ajudou a escolher. Pareciam feitos um para o outro: anjo e demônio.

Fernando tentou detestá-la, mas não conseguiu. Ela não tinha culpa de nada, afinal. Também tentou detestar Giovani, e dele havia motivos mais que suficientes para detestar, mas também não conseguiu: todos os sentimentos negativos ultimamente passavam pelo filtro do coração partido e se transformavam em melancolia, frustração e saudade, nunca em desprezo.

A saudade era outro caso sério.

Depois da noite que passou na casa de Lorenzo ajudando-o com o trabalho de Inglês, algo também mudou na dinâmica dos dois.

— Você e o Lorenzo agora são amigos? — Rafaela perguntou um dia.

— Não sei... Acho que n-- Hum. Talvez.

— Colocaram droga no seu Nesquik, só pode. — Ela estava incrédula.

— Ah, ele melhorou muito de uns tempos pra cá. Depois que o Giovani me forçou a ajudar ele com as coisas da escola e que a gente começou a passar mais tempo junto, eu vi que ele é um menino legal; ele só tinha que sair um pouco da sombra do Giovani. E depois que ele começou a namorar a Helô, isso praticamente acabou. Acho que ele tava precisando de uma namoradinha, mesmo.

— Já tá meio que na hora de acabar essa brincadeira de vocês, não? — Marina questionou, contemplativa, tentando se lembrar de quando foi que começou a se desenrolar a relação complexa de Fernando, Giovani e Lorenzo.

— Eu acho que já acabou... Esses dias eu e o Giovani nos desentendemos por causa disso, porque eu também acho que já deu. O Lorenzo ficou de falar com ele, mas ele ainda não me disse nada. Faz mais de uma semana que a gente não se fala.

— Eu acho que a gente se preocupou à toa, sabia? — Yuri indagou, chamando a atenção dos demais.

— Como assim?

De Volta ao Santa Luz (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora