Capítulo 4

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-Limpo – Ouviu uma voz masculina dizer.

-Limpo – Mais sons de botas.

-Limpo – Desta vez a voz estava no quarto. Uma sombra passou por ela, indo até o banheiro.

-Limpo.

-Limpo – 5 vozes diferentes. Pelo menos 5 homens estavam ali.

-Encontraram alguma coisa?

-Pacotes de biscoitos.

-Um bolo no forno. O cheiro ainda está no ar.

-A casa está aquecida. Aquele animal esteve aqui a pouco.

-A lareira não está mais quente, mas o carvão está bem seco. Foi usada a noite, provavelmente.

-O fogão ainda está quente.

-Ele não deve estar longe... Vamos lá – Ouviu as botas se afastarem.

Novamente pensou em sair de seu esconderijo, mas ouviu a neve lá fora. Estavam rodeando a casa, e provavelmente voltariam em breve, sabendo que Lightning estava se abrigando ali. Sabiam bem o quanto lá fora estava frio, e sabiam que o Espécie precisava de abrigo. Gostaria que os homens tivessem fechado a porta de entrada, pois o frio começou a alcança-la. Se encolheu, abraçando o próprio corpo.

Será que... Não! Lightning jamais faria isso! Ele não iria me abandonar... Iria? Não! Claro que não Daiana! Ele arriscou a vida para te salvar. Pediu para que esperasse porque ele tinha que despistar os homens antes de voltar para te buscar. Você só precisa esperar.

Não conseguia contar o tempo, mas chutava que havia se passado pelo menos 40 minutos, e Lightning ainda não havia dado sinal de vida. Ouviu de novo as botas, e sabia que não era ele que havia voltado.

-Não é uma boa ideia ficarmos sozinhos aqui...

-Estamos em 2 e estamos armados. Só atire no que se mexer e cruzar aquela porta. Ele vai voltar. Está frio demais para ficar lá fora. As roupas daqui não cabem nele, e os vimos a distância. Ele não tinha roupas o bastante para aguentar muito tempo lá fora.

-Verdade – Viu as sombras se aproximarem, e a cama rangeu quando um peso se acomodou em cima dela – Pelo menos ele não dormiu na cama, se não estaria fedendo a cachorro.

-Ah... Cachorros não fedem tanto. Não é Bob? Você não fede! – Ouviu garras batendo na madeira, reconhecendo o som de um cachorro quando choramingou com um possível carinho. Rezou para que ele não sentisse seu cheiro.

-Vem cá rapaz – Ouviu o cão vir correndo, e mais uma vez a cama rangeu com outro peso. Segurou um gemido quando a grade da cama bateu as suas costas. O cachorro é mais pesado que o cara!

-Esse bolo não parece ruim. Quer um pedaço?

-Nem pensar! Deve ter pelo aí!

-O que não mata, engorda.

-Nojento! – Ouviu o cachorro descer da cama, indo para o banheiro. Apertou o crucifixo que usava no pescoço, e rezou ainda mais.

-Está gostoso. Esses animais pelo menos sabem cozinhar.

-Que nojo! Ele deve ter lambido os ingredientes enquanto fazia esse bolo!

-A menos que não seja ele que tenha feito. Não sabemos se alguém sobreviveu.

-Faz sentido, mas estaria atrasando ele. Não acho que vá manter por muito tempo, se quiser ficar vivo.

-Realmente – Daiana e engoliu um grito quando o tal cão com nome de Bob enfiou a cabeça por baixo da cama. Agradeceu a Deus por ele ser um cão da raça Terra Nova, pois eles eram cães bem dóceis. Tinha a encontrado, mas não a atacaria. Em vez disso, se enfiou mais em baixo da cama e lhe lambeu o rosto. Tentou o afastar dela, mas ele se jogou de lado, ficando ofegante quando ela acariciou suas orelhas.

Lightning - Novas Espécies (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora