Capítulo 23

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Aqueles longos cílios negros hesitaram um pouco antes de dar espaço as pupilas castanhas. Um castanho estranho... Avermelhado a luz do Sol, mas agora estavam em um tom de mel. Apertou os olhos, vendo figuras embaçadas, mas reconheceu os cabelos cacheados ao seu lado, olhando por uma janela. Tentou se sentar, mas sua pele doeu terrivelmente em puxões, quando tentou, e acabou gemendo de dor por isso, o que a fez se virar para ir até ele.

-Scream... – Sentiu um toque gentil no rosto – Não tenta se mexer muito. Deixe cicatrizar um pouco mais seus ferimentos. Está com sede? – Se virou para pegar algo.

-Fica bem melhor assim.

-O que?

-Com o cabelo e os olhos na cor natural – Viu seu sorriso, apesar de ainda não estar vendo bem seu rosto. Também reconheceu na frente dele um copo com um canudinho. Ficou com vergonha que ela pensasse que ele não era capaz nem mesmo de se alimentar sozinho.

-Isso é vitamina de morango com banana?

-Sim. Pensei que iria gostar, e que te daria mais força.

-Obrigado. Eu consigo pelo menos segurar meu próprio copo – Entregou a ele, tendo certeza que conseguiria segurar antes de soltar - Você está bem?

-Sim. Você me salvou. Como se sente?

-Você se feriu!

-Sim, mas foi só uns arranhões – Mostrou sua ferida devidamente tratada e enfaixada para ele – Você que está mais remendado que roupa velha de um caipira – Riu com a sua comparação, se arrependendo quando sentiu as costelas doerem.

-Ficarei bem. Nos recuperamos rápido.

-Nem tente dizer que não foi nada... Aquele macho quase não estava andando, e isso porque você não tem garras. Ele tem, e bem afiadas. Imagino como está seu corpo... – Suspirou, evitando a olhar. Realmente estava envergonhado de perder uma luta, mesmo sendo contra Hate – Como se sente?

-Estou bem. Só meus olhos estão ruins...

-Deve ser efeito da anestesia ainda. Suas pupilas estão dilatadas – Ela segurou gentilmente seu rosto, olhando seus olhos. Como num passe de mágica, sua visão se ajustou para poder deslumbrar seu rosto tão lindo.

Seus olhos se desviaram dos dele, para aqueles lábios carnudos, levemente inchados pelos socos que levou horas atrás. O beijou com muita delicadeza, não querendo lhe causar mais dor, desejando que pudesse o curar com aquilo. Sentiu as mãos grandes de Scream a trazendo mais para perto, aprofundando aquele beijo, brincando com os lábios um do outro de uma forma deliciosa. Sabia que não poderia fazer mais que isso, então se afastou antes que a situação esquentasse demais.

-Merda...

-O que foi? – Se preocupou com seu tom bravo.

-Se eu estivesse bem, te jogaria nessa cama e te foderia até você realmente gritar meu nome! Esse seria um grito que eu iria adorar ouvir... – Precisaria trocar sua calcinha depois de ter ouvido aquilo – E esse seu cheiro está me deixando maluco! Preciso me curar logo!

-Concordo plenamente! – Mordiscou a boca, tentando evitar que um gemido escapulisse junto a suas palavras – Pode deixar que eu vou ajudar a cuidar de você, e vai se curar rapidinho.

-Não preciso que cuide de mim. Eu que devo te proteger – Pareceu ofendido quando disse aquilo, mas tentou o fazer ver por outro ângulo.

-E vai mesmo me deixar com vontade de tocar cada pedacinho desse seu corpão delicioso? – Viu desejo quando voltou a olha-la nos olhos – Ou você acha mesmo que quero só cuidar de você? Claro que vou me aproveitar que está “indefeso”! – Rosnou, mas estava começando a entender a diferença dos rosnados de excitação e de raiva.

Lightning - Novas Espécies (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora