Capítulo 21

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-Sarah, Luci chegou?

-Sim. Está ali no consultório. Eu preciso sair... Pode dar mamadeira para a Terk?

-Claro que posso. Cadê aquela lindinha? – Entrou nos leitos, enquanto a estagiária foi em direção da porta da frente com um pouco de pressa.

-Tenha cuidado hein moça?! Hate é bem enfesadinho... – Disse a ela antes de sair.

Luanna ia seguir Scream, quando viu a porta aberta no consultório, ouvindo vozes. Se espreitou para lá, abrindo com cuidado a porta, vendo Luci e Hate pela pequena fresta. Ela estava sentada sob a mesa, segurando o rosto do marido de forma carinhosa, dizendo algo. Parecia tentar acalma-lo, pois pelo modo que se portava, estava mais que preocupado com alguma coisa. Tentou chegar mais perto, buscando ouvir o que o casal falava.

-Ele não pode ser visto, pequena. Estaria em risco.

-Eu sei. Mas ela não vai contar, grandão. Justice vai cuidar disso. Vai ficar tudo bem.

Tomou um bruto susto ao sentir uma criatura pequenininha se agarrar a sua perna.

-Iiiihhh... Que bicho é esse? – Teve que sacodir um pouco a perna para que ele se soltasse, o fazendo cair de costas com um grunhido irritado. Viu então que era um bebê, mas ele tinha prezinhas e unhas bem afiadas para um bebê. Além disso, corria rápido apoiado em seus 4 membros quando teve que correr de costas para fugir de ser agarrada novamente. Acabou esbarrando na mesa da recepção, e logo subiu ali em cima. O pequenino ficou de pé, soltando rugidos que se pareciam muito com o de um ursinho. Estendeu suas mãozinhas pequenas e incrivelmente redondas para ela, agitando as mãos, pedindo colo - Bebê, você é a coisinha mais fofa que eu já vi, mas eu não vou te pegar, não. Esses dentinhos parecem afiados demais pro meu gosto – Ele continuou a soltar seus grunhidos, até que “abraçou” o pé da mesa, feita de troncos e galhos, e simplesmente escalou até ela, tendo dificuldade para se arrastar até em cima. A repórter ficou com mais medo dele cair do que de suas unhas e dentes, então o pegou no colo – Você é um bebê Nova Espécie? Pensei que seus papais não pudessem ter filhotes – Ele a encarou com os olhinhos cor de topázio e as pupilas retangulares, afundando o narizinho em seu peito e dando boas fungadas. Suas 2 mãos foram para um de seus seios, o “afofando” como um gatinho que procura leite na mãe, e então resmungando mais algum grunhido – Eu não tenho leite, rapazinho. Me desculpe. E você já deve ter uns 2 aninhos... Não deveria querer uma mamadeira em vez de mamar? – Soltou mais um grunhido, desta vez olhando para o seu rosto. Deveria estar fazendo alguma careta, pois o fez rir – Own... Você definitivamente é a coisinha mais fofa que eu já vi! Você gostou da titia? Heim? Gostou? – Soltou uma risadinha entre mais daqueles rugidos fofinhos. Passou a mão por seu cabelo já bem cumprido para um bebê do tamanho dele, e viu como seus fios eram grossos. Parecia até a crina de um cavalo, mas tão macias quanto os cabelos de Scream. Deveria ser uma característica Espécie.

A porta onde estava o casal foi aberta, e o macho Espécie saiu de lá. Quem precisa de teste de DNA? A cara de um e o focinho de outro. Quase o deixou cair quando se assustou com o rugido ensurdecedor que encheu a sala. Como soubesse que tinha feito algo errado, o pequeno se livrou de seus braços e fez o mesmo caminho de volta ao descer da mesa, indo para os pés de seu pai. O enorme macho também soltou grunhidos de urso, pegando seu filho no colo, como se o quisesse consolar de te-lo assustado com o rugido. Luci apareceu logo ao lado, e o pequeno se jogou nos braços dela, abraçando seu pescoço e soltando grunhidos de ursinho como se estivesse choramingando. Luanna aproveitou a distração do macho, tentando correr na direção das baias, onde pensava que Scream estava, mas foi alcançada antes de conseguir passar da primeira baia, sentindo um golpe poderoso entre as costelas. Abraçou o ferimento, sentindo que quase jorrava sangue quando caiu no chão. Teve a sorte de um dos cavalos que estava lá dentro dar um coice no peito do macho, pelo susto, lhe dando a chance de se levantar de novo para correr para fora. Viu uma pessoa ali, não sabendo em seu desespero se era Nova Espécie ou humano, mas gritou por ajuda. Seja lá quem fosse, gritou um “puta merda”, tão apavorado quanto ela, a ajudando a se levantar, e a puxando para o lado para a tirar do caminho quando aquele corpo enorme passou reto por eles. As unhas dele cravaram na terra para parar o próprio corpo e se virar para a atacar de novo. Luanna levantou o olhar o suficiente para ver Scream vir correndo na direção deles, também com os dentes a mostra. Em um pulo, alcançou o macho Espécie que os atacava, ouvindo dois socos potentes baterem em carne quando seu guardião pousou sobre o outro, o derrubando.

Scream tentou manter o outro caído, dando socos poderosos em seu peito, mas foi chutado longe o bastante para que o macho se levantasse, e ambos se enlaçarem em combate. Foram segundos intermináveis para a repórter que apenas ouvia aqueles rugidos insanos e socos e gritos de dor. Até que a terra ficasse vermelha embaixo de ambos, vendo Scream caído e gritando, tentando se livrar dos arranhões frenéticos do outro macho. Até que finalmente Luci se jogou contra ele, como se estivesse rugindo mesmo, o afastando até que saísse de cima de Scream, pulando para abraçar seu tronco com as pernas, abraçando seu rosto de forma que bloqueasse sua visão.

Outros Novas Espécies vieram correndo de dentro da ala veterinária, avaliando por alguns segundos a melhor forma de levantar o primata. Um dos estagiários, que deveria ser o tal Mike, veio com uma maca grande o bastante para caber um tigre siberiano. Colocaram Scream em cima dela, o levando até um jipe e indo na direção do hospital. Um deles também a pegou, colocando no banco do passageiro, enquanto os outros 2 permaneceram segurando Scream.

-Me digam que ele vai ficar bem... Scream, fala comigo, rabugento – Viu seus olhos vermelhos a encarando, lhe estendendo a mão, que logo foi segurada por ela – Fica comigo, está bem?! Não desmaie – Viu sua cara preocupada, notando que olhava para o vermelho que manchava sua blusa – Isso não foi nada. Eu vou ficar bem. Fica comigo... – Gritou de dor quando um dos Espécies apertou um lenço em seu ferimento, querendo estancar a hemorragia. Scream tentou se levantar para afastar o macho, mas fez um som animalesco de dor, a deixando ainda mais preocupada. Acabou desmaiando, a deixando tão apavorada que o macho que estancava seu sangramento teve que segura-la para não ir para cima de Scream.

Lightning - Novas Espécies (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora