Capítulo 37

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-Quer que eu vá com você, amiga? – Luanna engoliu seu choro ao ver Scream deitado na maca pela janela da porta. Já tinha o visto ferido antes, mas mesmo tão arranhado, parecia melhor do que estava agora. Olhou para Daiana, que a acompanhou até ali.

-Obrigada, amiga, mas eu quero ficar sozinha com o meu rabugento.

-Tudo bem. Eu entendo. Mas eu estarei aqui se precisar.

-Obrigada – Sorriram tristemente uma para a outra, e Luanna entrou no quarto. Trisha acabava de examina-lo, conferindo se estava tudo bem – Ele vai voltar a andar, não vai?! – A doutora suspirou.

-Os próximos dias vão ser primordiais. Esperamos que ele se recupere, já que é um macho tão forte. Se tivéssemos visto antes o tiro na nuca, teríamos tomado mais cuidado com os outros processos. Eu sinto muito...

-Fizeram o melhor possível, Trisha. Obrigada – A loura suspirou, se sentindo irresponsável por não ter notado antes.

A bala se alojou próximo a medula espinhal, e devido aos movimentos descuidados, se moveu até que atingisse um ponto crítico que comprometeu o movimento de seu corpo do pescoço para baixo. Depois de retirarem a bala, notaram que nada foi rompido, então esperavam que ele apenas recuperaria seus movimentos à medida que a cirurgia cicatrizasse. Se isso não ocorresse... Esperavam que Scream conseguisse seguir em frente, por mais que fosse improvável, uma vez que Novas Espécies, principalmente machos, detestavam depender de outros.

-Só... Tente falar com ele.

-Eu vou tentar – A loura se retirou.

Soube que Scream tinha acordado depois da cirurgia que estancou sua hemorragia, logo notando que não conseguia mover as mãos, e nem mesmo virar a cabeça. Ficou tão nervoso que tiveram que seda-lo novamente, mesmo que não conseguisse se mexer.

Pouco depois que Trisha saiu, Guardian, que também estava no quarto, puxou o corpo de Scream um pouco para o lado, e ajudou Luanna a se deitar ali.

-Você pode fazer isso?

-Não. Mas vai ser bom para o Scream sentir seu cheiro assim que acordar.

-Obrigada – O felino saiu do quarto, sem querer conversar. Escolheu ser um enfermeiro para ajudar seus irmãos de espécie, mas não pensou que teria que ver algum deles nessas condições. Luanna se virou na cama, acariciando seu rosto.

Scream acordou depois de alguns minutos, ainda sem conseguir mexer suas mãos e pernas. Tão pouco conseguiu virar o pescoço para olhar para sua fêmea.

-Luanna? – Ela se ergueu quando escutou sua voz – Você está bem?

-Estou ótima, Scream. Você salvou a minha vida.

-E o nosso filhote? – Rosnou quando tentou erguer a mão para tocar sua barriga, mas nada respondia.

-Ele está ótimo. Fiz a ultrassom. O coraçãozinho dele é muito forte – Pegou o celular que tinham disponibilizado para ela, lhe mostrando o vídeo. Scream sorriu, apesar de não entender nada da imagem.

-... Ele vai ser um menino bem forte.

-Igualzinho ao pai – Sorriu, mas isso logo se desfez – Está tentando de mexer? Por isso está rosnando?

-... O Lightning está bem?

-Está sim. Ele e Daiana estão muito bem. E o bebê também.

-Que bom. Eu posso falar com ele?

-É claro. Eu vou chama-lo – Teve um pouco de dificuldade para sair da cama, ainda tonta pelos tapas de horas atrás. Ouviu o rosnado de Scream mais uma vez, e entendia que estivesse frustrado. Foi até a porta e chamou por Lightning. Não gritou, pois sabia que ele tinha ótimos ouvidos, e que o quarto em que estava com Daiana não ficava longe. Ele e a amiga logo apareceram – Ele quer falar com você.

Lightning - Novas Espécies (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora