O dia não poderia ter começado de maneira mais irritante. Chovia, e eu ainda teria longas e exaustivas aulas. Dia normal na Academia St Marie.
Era um escola particular caríssima, para alunos ditos "especiais", ou seja, gente mimada com dinheiro demais. Estudávamos em três idiomas, e ainda tínhamos aulas especiais, como música, arte, esportes, economia doméstica, tecnologia, administração. Aqui, você se forma aos 21, e não com 18, e vá por mim, se formar três anos depois faz toda a diferença. Saímos preparados para tudo.
Pelo menos quase tudo. Ser jogado no mundo com 21 anos e uma fortuna para administrar não me parece muito justo.
Aliás, meu nome é Fred, e minha família tem um conglomerado de fábricas de eletroeletrônicos. Fazemos de tudo, desde sua geladeira, até seu celular, e se você decidir comprar da nossa concorrente, não tem problema, temos participação nos lucros dela também. Santo mundo das ações.
Mas como eu dizia, na Academia podemos aprender praticamente qualquer coisa que quisermos. É uma pré faculdade, com matérias de faculdade de verdade. Em suma, é possível ser um inferno se você desejar se tornar um jovem bem educado, esportista, culto e capaz de multiplicar sua fortuna.
Dependendo do seu curriculum, poderia ter aulas das 8 às 18.
Hoje eu teria aula de matemática, história geral e história da Ásia, todas ministradas em alemão. Depois teria música (com uma professora que só falava francês), karatê e mandarim. No finzinho da tarde, teria aula de hipismo. Cavalos eram um hobbie muito apreciado pelos alunos, principalmente entre os homens, que gostavam de montar campeonatos de polo.
Dizendo assim, parece um lugar excelente para se viver, com piscinas, vários jovens e a possibilidade de conquistar na juventude o interesse e respeito necessários na vida.
Mas vá por mim, juntar centenas de jovens mimados num lugar só, é pedir para acontecer uma feira das vaidades. Éramos todos mimados, e eu não me excluo disso, todo brinquedinho tecnológico novo que a minha família lançava, eu era o primeiro a ter um exemplar.
Para mim, o lado mais positivo, eram as garotas. Todas lindas, bem cuidadas, nutridas e cheirosas. Sério, quando se tem muito dinheiro, fica difícil ser feio. Elas eram um colírio, mas somente isso também. Eram pouca ali que escapavam da futilidade. Na sua maioria eram vazias, mas eu não me importava. Eu tinha 19 e hormônios demais.
Mas quando uma nova aluna veio transferida eu fiquei maluco. Tinha cabelos negros, enrolados e compridos, cachos pesados que emolduravam um rosto de gata com belos olhos castanhos. Seu nariz era pequeno e arrebitado, e seus lábios rosados eram tentadores. Tinha uma altura mediana, mas parecia uma modelo de passarela, e exatamente por isso, era muito magra. Não tinha algumas curvas necessárias, se é que me entende, mas seu rosto cativava mesmo assim.
Nádia.
Ela era russa, e ninguém sabia filha de quem. Alguns diziam que era filha de algum bilionário russo, ou amante de um. Seu sobrenome era conhecido, e remetia a um ministro importante, mas ao mesmo tempo, era um nome comum, então ela poderia ser filha de qualquer um com pelo menos uns três iates e quatro mansões na conta. Nádia era um mistério. E eu adorava um mistério.
Pouco tempo depois perdi o interesse nas loirinhas que desfilavam pela Academia. Queria saber mais sobre a bela russa que me tirava o sono. Perguntei ao meu amigo, Alexei, se ele sabia quem era a família dela, mas ele pouco ajudou, estando tão perdido quanto eu. O fato, era que ela já estava na Academia há dois meses, e não tinha amigos.
Eu estava disposto a ser o primeiro.
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Explosiva
ActionEra só mais um dia normal na Academia Saint Marie onde os filhos de monarcas e bilionários do mundo estudavam. Até que tudo explodiu e Fred se viu no meio duma cena de filme, com direito a espiões e tiroteios. Quem, dentre os alunos, os invasores vi...