- Cara, você levou um tiro!
Acho que aquela era a quinta vez que Alexei me dizia a mesma frase, e eu estava com vontade de atirar nele.
Depois de escaparmos em uma nuvem de fumaça, e ficarmos escondidos no armário, ver a cara de Alexei abrindo a porta foi como um alívio. Não completamente, porque eu realmente queria ver até onde iria minha interação com Yelena. Mas ele abriu a porta, e se ela não tivesse sangue frio, ele teria levado uma bala no meio da testa.
Agora eu estava sentado, enquanto Yelena e Alexei verificavam o equipamento. Pelo que eles haviam me contado, quando os meus colegas ligaram para aquele número, prontamente apareceram helicópteros. Yelena esperava que um esquadrão maior viesse, mas enquanto os homens não apareciam, ela e Alexei iam segurar a situação.
Loucamente, me peguei pensando quanto tempo demoraria para mais quinze ou vinte Rambos chegarem à escola e mandar tudo pelos ares. Eles poderiam dinamitar a Academia se quisessem, pois os alunos estavam no ginásio esportivo, todos trancados, e altamente vigiados. Imaginei que estariam sentados no chão da quadra, se lamuriando enquanto brutamontes com fuzis os mandavam calar a boca.
Ninguém ali era louco de reagir, ainda mais sabendo o quanto suas cabeças valiam. Pessoas ricas assim não são mortas, apenas servem de isca para o peixe maior. Igual eu tinha servido.
Eu estava cansado em muitos níveis, emocionalmente, fisicamente. Meu braço latejava, meus olhos ardiam e minhas pernas pareciam ter virado gelatina. Sem contar meu quadril, que quando fui jogado no chão devo ter batido. Sério, como pessoas podem achar que é legal entrar numa aventura desse tipo?
- Eu acho que já sei que levei um tiro, Alexei. - falei, bufando de irritação. - Agora você poderia me explicar o que um agente da KGB faz na minha escola?
- Hey, eu não sou da KGB... - ele não continuou pois eu o interrompi.
- Até porque ela não se chama mais assim, eu sei disso. - eu revirei os olhos. – Só não quero que minta mais. Admita a verdade e essa história acaba de vez.
Alexei me encarou por alguns segundos. Não esperava que eu fosse direto, e isso me deixou meio satisfeito por ter respondido. Ele apenas assentiu com a cabeça e começou a verificar a munição da sniper que tinha nas mãos. Aparentemente, os helicópteros tinham alguns brindes como snipers, roupas de soldados e comunicadores bacanas. Poderiam ter centenas de soldados também, mas longe de mim reclamar.
- Qual o plano? - perguntei.
- Vamos tirar você daqui. - ela disse. - O plano é que isso aconteça sem ninguém morrer.
- Ótimo. - murmurei.
Se algum deles percebeu o sarcasmo, preferiu não comentar.
Yelena tirou seu colete a prova de balas e estendeu para que eu vestisse. Abri a boca para protestar, mas o olhar dela deixava bem claro que eu era prioridade e deveria calar a boca. Eu estava ficando craque em ter essas conversas silenciosas com ela. Acabei vestindo o colete.
- Alexei, fique com ele mais atrás, eu vou na frente.
Yelena não sabia falar com delicadeza, e Alexei apenas assentiu. Ela saiu da sala cuidadosamente, e eu senti um aperto no peito. Fiquei de pé e tive que me segurar para não ir atrás dela. Ela estava sem o colete, poderia ser baleada a qualquer momento, e por minha culpa.
- Não é sua culpa.
Eu olhei para Alexei, sem entender como ele sabia o que se passava na minha cabeça.
- Yelena é a mais competente para o serviço, fique tranquilo. - ele deu um sorriso. - Ela é uma lenda.
- Você não a conhecia antes?
- Não, normalmente, assassinos de aluguel gostam de ter privacidade. - ele deu uma risadinha. - Mas isso não significa que ela não seja uma lenda. Ela é procurada por praticamente todas os serviços de inteligência do mundo, e nunca foi pega.
- Como é que ela veio parar aqui? - perguntei. Até onde sabia, assassinos matavam, e não protegiam pessoas.
- Ela foi contratada. Se tiver dinheiro envolvido, as pessoas vão onde tiverem que ir.
Ficamos em silêncio.
- Contratada por quem? - murmurei, mais para mim do que para ele.
Ele me olhou com um sorriso sarcástico nos lábios.
- Acredite ou não, por uma agência de inteligência.
Eu arqueei as sobrancelhas em sinal de surpresa. Eu não estava entendendo mais nada, mas aquilo já não era mais problema meu. Alexei estendeu a mão para mim, engolindo seco.
- Desculpe ter mentido cara, mas era meu trabalho.
- Tudo bem.
- É sério.
Eu tive vontade de rir. O cara era um assassino qualificado e estava preocupado com a opinião que um garoto qualquer teria. Eu tinha 19, ele eu nem tinha ideia de que idade tinha, e parecia que eu era o adulto ali.
- Beleza, mas depois que sairmos daqui, você vai me ensinar a me virar em tiroteios, ok?
Alexei riu e pareceu mais aliviado. Não pude deixar de rir. Então ele respirou fundo e indicou a porta. Estava na hora de seguir Yelena e me livrar daquela situação.
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Explosiva
ActionEra só mais um dia normal na Academia Saint Marie onde os filhos de monarcas e bilionários do mundo estudavam. Até que tudo explodiu e Fred se viu no meio duma cena de filme, com direito a espiões e tiroteios. Quem, dentre os alunos, os invasores vi...