XIII

24 3 5
                                    

Eu realmente o conhecia, mas isso não significa que eu lembrava seu nome.

Depois de um tempo indo a coquetéis, inaugurações, jantares, todas as caras começam a se parecer, e alguns nomes se tornam familiares. Esse não era um caso de nome, mas sim de fisionomia.

- Quem é você? - perguntei, mais rápido do que pude me segurar.

- Cale a boca garoto, aqui quem fala sou eu. - o homem me repreendeu. - Matthew, pode sair, e veja se mais nenhum helicóptero além do meu vai pousar aqui. Eu quero sair daqui em três minutos, ouviu?

Matthew assentiu e me deixou sozinho com o homem.

O engraçado, era que eu me sentia mais confortável com os rifles apontados para mim do que com esse homem. Ele parecia frio, daquele tipo inescrupuloso, que os meios justificam o fim.

Ele puxou o meu celular do bolso e o estendeu para mim. Minha capinha do Batman era inconfundível.

- Está vendo isso? - eu assenti. - eu vou ligar para o seu pai, e você vai mandá-lo vender 14% das ações da empresa. Ele vai disponibilizá-las no mercado, entendeu?

- Sim.

- E você vai dizer que é para ele transferir 500 milhões de dólares para essa conta – ele colocou um papel sobre a mesa –, e se ele não cumprir nenhuma das exigências, você morre.

Eu não podia conter a surpresa. Tudo bem, meu pai tinha essa grana toda, mas ele jamais venderia as ações. Se ele vendesse 14%, ele não seria mais o sócio majoritário, e isso abriria concorrência direta na presidência. Nós perderíamos o poder de decisão.

- Ele jamais vai vender as ações. - falei. - A grana ele paga, mas as ações ele jamais venderá.

O homem esboçou um sorriso. Seus olhos eram castanhos, sujos, e brilharam com crueldade.

- Se ele não vender, vai chegar aos ouvidos de umas pessoas bem importantes, todo o esquema de sonegação de impostos, desvio de dinheiro, lavagem de dinheiro, que ele faz. Vá por mim, se você disser lavagem de dinheiro, ele vai vender até mesmo a mãe dele.

Eu fiquei chocado.

Meu pai lavava dinheiro?

- Você está mentindo! Meu pai jamais lavou dinheiro! - eu comecei a ficar nervoso. - Eu nunca vou fazer essa ligação! Jamais!

O homem apenas deu a volta na mesa e parou bem na minha frente. Ele pegou sua pistola e a encostou na minha têmpora. Era a segunda vez em menos de dez minutos que eu sentia o frio de uma arma na cabeça, e não era uma sensação boa. Ele estava tão perto, que senti o cheiro do whisky em seu hálito.

- Você vai ligar... Ou eu atiro em você.

Eu sustentei o olhar frio do homem. Eu sabia que ele não ia atirar em mim... Ele precisava de mim vivo... Não precisava...?

- Muito bem... Se é assim...

Mais rápido do que eu pensei, ele deu um passo para trás e atirou no meu braço esquerdo.

Senti a bala entrando e queimando a carne do meu braço e cambaleei para trás, começando a gritar de dor. Era a pior dor que eu já senti, e estava começando a me tirar dos eixos. Meus olhos ficaram cheios de pontinhos brancos.

- Eu não estou brincando rapaz. - o homem segurou meu queixo com brutalidade e colocou a arma outra vez na pele da minha testa. A arma quente começou a queimar minha pele. - Você vai ligar, vai falar o que eu quero, ou eu vou fazer de você uma peneira. Entendeu?

Não tinha como não ter entendido.

Choramingando, eu indiquei o telefone com a cabeça. O homem me soltou e discou, segurando o telefone na minha orelha, já que eu ainda estava amarrado. Meu pai atendeu no quinto toque.

- Fred, estou trabalhando. - sua voz era monótona.

- Pai, estamos com um problema.

ExplosivaOnde histórias criam vida. Descubra agora