VIII

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Todos os olhos se fincaram em mim, mas os únicos que me interessavam eram os de Yelena. Ela parecia furiosa, mais raivosa do que já estava. Ela balançou minimamente a cabeça de um lado para o outro, como se me dissesse que jamais me entregaria.

Mas eu sabia que a realidade era outra.

Ninguém além dela e de Alexei pareceram dispostos a protestar pela minha vida. Talvez Barbra, que apertou minha mão, e Paul, que levou uma mão à cabeça.

Estávamos, afinal, numa escola de mimados.

- Matthew! - ela gritou. - Preciso de cinco minutos para resolver essa situação, está bem?

- Dou dois minutos e você ainda fica me devendo uma.

Yelena xingou em russo alto o bastante para que ele ouvisse. Matthew riu do lado de fora da porta. Ela subiu as escadas até onde estávamos, mas se a intenção era perguntar o que pensávamos, estava enganada. Ninguém levantou a voz em meu favor. Eu não deveria me irritar, eu também não gostaria de morrer por outra pessoa, mas não fiquei muito feliz com a frieza dos meus colegas.

Yelena segurou minha mão e olhou nos meus olhos, sondando minha resposta. Estava claro que o que menos importava era a opinião deles. Ela estava ali querendo saber o que eu, o alvo, pensava sobre ser capturado. Seus olhos me diziam que se eu quisesse, ela morreria, e deixaria que os outros morressem.

Eu estava seriamente apaixonado por essa mulher.

- Deixe Yelena, não compensa colocar todo mundo em perigo por minha causa.

- Cale a boca! - ela falou. - Matthew jamais daria salvo conduto para nós.

- Ele prometeu... - murmurou Barbra.

- Querida, eu o conheço há anos, ele não cumpre promessas.

Havia amargor na voz dela, e eu não sabia se era pela situação atual ou pelo passado.

- Então o que vamos fazer?

- Faremos exatamente o que ele quer... Você sai, mostra que se rendeu. Eu saio, mostro que me rendi. - seus lábios de entortaram levemente e ela olhou para Alexei. - Você sai e a festa começa.

- Com ele no meio do fogo cruzado? - Alexei não gostava do plano, mas eu vi seus olhos brilhando, como se sentisse prazer na ideia de matar os capangas.

- Ele vai saber se virar. - ela sorriu para mim. - Você confia em mim?

Eu estava sem voz, o que me fez apenas balançar a cabeça. Patético.

- E nós? - perguntou Paul.

- Vocês esperam, em segurança. - Yelena respondeu, enquanto, com um único movimento de mão, desarmava Paul. - E eu fico com isso, para o caso de você querer bancar o Super Homem.

- Hey! - ele protestou, mas ela já tinha enganchado a arma nas costas, presa na saia do uniforme.

- Desculpe cowboy.

Paul começou a protestar, mas antes que ele pudesse falar mais, Alexei puxou a mochila de Yelena que estava em suas costas, tirando-a a força, visto que lá estavam as munições. Ela entregou o fuzil para seu parceiro e descemos as escadas lado a lado. Ela segurou minha mão direita com a sua esquerda e a apertou bem.

- Me obedeça independente do que acontecer, está bem?

A voz de Yelena estava tão doce, tão tranquila, que por meio milésimo eu imaginei que ela gostasse de mim. Fiquei mais besta do que já sou.

- Eu confio em você. - murmurei.

Ela deu um meio sorriso.

- Matthew! Estamos saindo!

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