XII

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A resposta de Paul me deixou mais agitado do que eu já estava, mas enquanto minha mente se distraiu, Matthew avançou e tirou a arma da minha mão. O celular caiu no chão com o movimento e quebrou por inteiro.

Agora eu estava indefeso, não tinha mais com o que jogar, e definitivamente incomunicável. Eu espera que Paul tivesse enlouquecido, que ela estivesse lá sim. Nunca fui de rezar, mas comecei a orar por ela. Quer dizer, ela não poderia ser louca o bastante para achar que poderia vir me resgatar sozinha.

E digo sozinha por que não sabia o que Alexei faria.

Ele era um espião, o que presumia que ele tinha uma missão. Ele esqueceria suas ordens só para salvar um jovem que não era nada dele? Ou será que eu era o alvo dele também?

Sinceramente, não importava, naquele momento eu já estava no chão, desarmado e humilhado, com minhas mãos sendo firmemente presas nas costas com aqueles lacres plásticos, sentindo o peso de um joelho nas minhas costas. Na minha atual situação, pouco me importava quem eram aquele russo.

Fui colocado de pé, e Matthew parou bem na minha frente. Seus olhos estavam meio arroxeados por causa do nariz quebrado.

- Acabou a brincadeira, garoto, você conseguiu salvas seus amiguinhos. – ele segurou meu queixo. - Sem mais jogadas pra você. Vamos!

Ele começou a me empurrar escada acima, e eu não ofereci resistência. Eu já

havia visto filmes demais para saber que se opor era sempre pior. Ele poderia me chutar, me bater, e eu conseguia sentir que com as mãos amarradas daquele jeito, dependendo de como me movesse, eu sangraria. Eu poderia lutar? Sim. Adiantaria lutar? Não. A inteligência já tinha me salvado uma vez, eu estava torcendo para que isso acontecesse novamente.

Ele me fez sair no mesmo andar da minha sala de aula, e me direcionou pelos corredores até a escada do hall. Vi que estava tudo silencioso e vazio. Não haviam estudantes ou professores, nem viva alma.

- Onde eles estão? - perguntei, sem poder me conter. Era um choque ver o lugar onde estudei por anos vazio daquele jeito.

- Não é da sua conta. - ele respondeu.

Nós continuamos andando e subimos o lance de escada para o terceiro andar. Tudo vazio, morto. Meu coração começou a apertar no peito, e eu me obriguei a sossegar. Ele não iria matar ninguém enquanto não conseguisse chamar alguma atenção, e ali tinha gente o bastante para chamar muita atenção. Aliás, eu estava surpreso por ninguém ter aparecido ainda.

Ele me guiou até o escritório do diretor. Bem, independente da circunstância, ir ao gabinete do diretor não é bem um passeio prazeroso, mas naquela vez, meu amigo, parecia que eu estava sendo levado ao inferno.

Havia um homem de terno azul marinho quando eu entrei. Ele era grisalho, alto, meio acima do peso, mas isso não o impedia de aparentar elegância. Eu colocaria minha mão no fogo se aquele homem não fosse rico. Ele parecia cheirar a grana. Senti como se ele fosse levemente familiar, mas acho que todos os caras endinheirados sejam assim. Estava de pé, olhando pela janela. Não se virou quando entramos, e por isso mesmo falou.

- Gostaria de saber, Matthew, por que tem helicópteros pousando a poucos quilômetros daqui. - sua voz era forte, pesada.

- Houve um imprevisto...

- Eu pensei ter dito que não toleraria erros.

Matthew titubeou.

- Yelena estava aqui.

O homem riu, como se tivesse levado um tapa e achasse isso bom.

- Ela tem o talento de sempre estar onde não deve, não é? - ele levou a mão à cintura e depois a estendeu ao lado do corpo. Ele tinha uma pistola prateada na mão. - Espero que você tenha capturado o rapaz antes que ele entrasse no helicóptero.

Matthew titubeou mais uma vez, mas quando falou, sua voz estava firme.

- Ele está aqui comigo, Senhor.

O homem tombou a cabeça levemente de lado e respirou fundo. Vi seus ombros relaxarem. Ele se virou e eu prendi a respiração.

Eu conhecia aquele homem.

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