Nádia foi a primeira a falar.
- Ele vai me ajudar a tirar vocês daqui em segurança.
- O que vocês conversaram?
Nádia ia responder, mas Alexei apenas olhou para ela e deu um passo a frente, encobrindo a visão que eu tinha da mesa e de Nádia.
- Está tudo bem, cara, nós vamos sair daqui numa boa.
- Quem é você?
- Não estou entendendo, sou seu amigo, Alexei.
- Pare de mentir para nós.
Houve uma pequena comoção ao meu redor. Era claro para todos na sala que não havia uma resposta simples que pudesse ser dada. Nádia não era o que pensávamos, isso era claro, mas Alexei também não parecia aquele mesmo aluno idiota que eu tinha como amigo.
- Quem são vocês? - Barbra falou. Tinha lágrimas nos olhos, mas sua voz era firme. Senti orgulho dela.
- Eu sou Alexei, seu amigo.
- Escutem. - Nádia interrompeu o diálogo. - Não há tempo para explicar o que está acontecendo, quero que todos deixem o que trouxeram na sala e nos sigam, em silêncio.
- Quem é você, Nádia? - perguntei.
- Yelena, meu nome é Yelena. - ela pareceu cansada. - Desculpe, Fred, mas estamos realmente com o tempo curto.
E foi assim, enquanto ela checava as armas, Alexei conversava conosco, dizendo que tudo ficaria bem. Eu duvidava muito, mas mesmo assim fiquei quieto, apenas observando. Yelena parecia uma máquina, verificando cartuchos, guardando munições em sua bolsa de couro, limpando as facas recém retiradas das gargantas dos cadáveres. Parecia ter experiência naquilo, e se eu pudesse confiar no que Matthew dissera, ela era boa mesmo.
- Peguem Matthew e o amarrem com isso. - ela jogou uma corda para mim e Alexei.
- Por que não o mata? - falei.
- Ele vale mais vivo do que morto.
Eu tinha a impressão de que ela não o matava por outros motivos, mas eu não estava em condições para discutir. Alexei entregou a corda na minha mão e pediu que um amigo nosso me ajudasse. Paul era um cara grande, forte, e tinha uma habilidade com nós que datava de longa data. Seu pai velejava pelo mundo e por isso, desde criança ele sabia como fazer nós firmes. Logo Matthew estava amarrado e escondido dentro do armário da sala. Nós o amordaçamos, só para o caso dele acordar.
Quando o trabalho estava terminado, eu vi que tanto Yelena quanto Alexei seguravam os fuzis. Pareciam quase confortáveis. Eu estava desesperado por respostas, mas não podia esperar que ninguém fosse me falar nada. Yelena tirou um celular da mochila e colocou na minha mão.
- Quando estiverem em segurança, você vai ligar para o primeiro nome na agenda. Quando atenderem, você vai perguntar se a torta está pronta, e vai seguir as instruções de quem atender, você entendeu? - seus olhos castanhos estavam sombrios.
- Preciso que entenda a complexidade disso, seus amigos dependem que você saiba o que está fazendo.
- Eu não vou falhar.
- Prestem atenção nisso vocês dois. - ela apontou para Paul e Barbra. – Basta perguntar da torta.
Os dois assentiram.
- Qual o seu plano? - Alexei perguntou.
- Alcançar as escadas de emergência no fim do corredor, descer até o subsolo e sair pelos fundos. Tem a floresta e será mais fácil de se esconder nas árvores do que em campo aberto.
- Quanto a sermos alvos, você sabe que seremos. - Alexei encostou numa carteira. - Podíamos resolver isso de uma vez por todas enquanto eles ficam aqui.
- Se entrarem aqui e verem os corpos, vão matá-los. - ela argumentou.
- E andar pela escola também não seria chamar a atenção? - ele arqueou uma sobrancelha. - Quantos homens você acha que ele trouxe?
- Somos dez salas, devem ter três homens em cada, fora os sentinelas.
- Exatamente!
- Cale a boca, basta que vocês cheguem até as escadas, eu vou arrumar uma distração e vocês escapam.
Eu estava acompanhando o diálogo sem acreditar. Aqueles dois diziam que estavam nos protegendo, mas queriam nos colocar no fogo cruzado? Eu não fui o único que não entendi, por que Paul deu um passo a frente e estendeu a mão.
- Eu quero uma arma.
A turma toda segurou a respiração. Yelena apertou os lábios numa linha rígida.
- Não.
- Vocês querem brincar de super homem, maravilha. Mas eu não vou sair dessa sala sema mínima chance de me defender.
Uma coisa sobre Paul, ele parecia um touro, e com seu vozerão, sabia ser irredutível quando queria. Não era o tipo sensato para discutir. Alexei estava desconcertado, mas a russa trincou o maxilar.
- Não.
- Escute aqui, garota, não sabemos quem você é, quem está aqui, e o que eles querem. - ele deu mais um passo. - Se você não quer dar respostas, pelo menos me dê uma arma.
- Você não saberia usar uma arma. - ela parecia fazer força para não revirar os olhos.
- Eu fui criado no Texas, e pode acreditar, atiro como poucos. - Ele deu um meio sorriso. - Eu até a chamaria para uma competição, mas acho que você tem outras prioridades.
Yelena semicerrou os olhos e eu quase temi por Paul.
- Está bem, cowboy, vou dar suas respostas.
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Explosiva
ActionEra só mais um dia normal na Academia Saint Marie onde os filhos de monarcas e bilionários do mundo estudavam. Até que tudo explodiu e Fred se viu no meio duma cena de filme, com direito a espiões e tiroteios. Quem, dentre os alunos, os invasores vi...