Capítulo 23

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O diabo em Paris

SChegando pelo Carnaval a Paris, um jovem provinciano acomodou-se em uma das hospedarias principais. Querendo tomar parte no divertimento dos mascarados, logo que anoiteceu saiu da hospedaria e foi comprar máscara e vestuário correspondente à figura do diabo.

Vestindo-se na loja em que tais objeto se vendiam, saiu para o baile do mais próximo teatro, onde se divertiu até as três horas da madrugada, e então regressou à hospedaria sem se lembrar da figura que fazia.

Chegou à porta e bateu. Veio uma criada sabor quem era. Porém, assim que viu o hóspede, deitou a fugir assustadíssima, de maneira que não foi possível conseguir que se abrisse a porta.

O provinciano, apertado polo frio, foi rua abaixo, e, vendo uma porta aberta e luz na sala, entrou. Estava no meio da sala um defunto circundado de tochas acesas, e um clérigo assentado em uma cadeira com um rapazinho a seu lado, dormindo ambos ao calor de um braseiro que tinham diante de si.

 O provinciano, sem fazer barulho, assentou-se junto ao braseiro, e não tardou em adormecer. O clérigo, acordando afinal, e vendo o diabo sentado na sala, deitou a fugir. O rapaz, acordando com o barulho, e vendo tambem o diabo, começou a dar gritos infernais, e saiu porta fora. Nesta ocasião, ia chegando uma patrulha. Entrou na casa, e vendo que todo aquele motim procedia de estar o tal provinciano vestido de diabo, admoestou-o para que se fosse despir, e foi, então, que ele se deu conta de que o seu vestuário tinha sido a causa dos incômodos que sofrera.

Foi despir-se, e quando do chegou à hospedaria, soube que a criada estava muito doente por lhe ter aparecido o diabo, que também nessa noite tinha o demo levado um defunto, o que se acreditou, visto ter ele sido cambista de ordenados, usurário desalmado, etc.


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