Verde;

1.2K 110 85
                                    

A cor verde significa esperança, liberdade, saúde e vitalidade. O seu uso em momentos de depressão e tristeza pode ser reconfortante e estimulante. Nos semáforos, o verde é sinal indicativo para seguir em frente ou de trânsito livre.

— Você tem que comer alguma coisa. Já é a terceira bandeja que eles mandam e você rejeita. — Manoela abriu os olhos para encontrar Rafa sentada no chão ao lado de sua cama com uma bandeja no colo.

— Não estou com fome. — resmungou fechando os olhos novamente enquanto se remexia na cama logo dando as costas para Rafaella.

— Se eu estiver certa hoje é sábado, eles mandaram quatro refeições depois que chegamos aqui. Três delas foram em um espaço bem pequeno e essa aqui é a quarta e demorou bem mais. — enquanto ouvia a outra falar Manoela só desejava que ela calasse a boca, e esse pensamento a fez se sentir mal. — Talvez seja um café da manhã.

— É, talvez. — não conseguiu evitar o tom duro em sua voz.

— O que você tem, Manoela? — a cantora sabia que Rafaella estava chateada com ela, podia sentir em sua voz. — Se você se arrependeu do beijo é só falar, não precisa ficar me crucificando.

— Não estou crucificando você.

— Sim, você tá. — Manoela abriu os olhos e suspirou encarando a parede branca à sua frente. — Dei a oportunidade de você negar, e você não negou. E agora tá me tratando como se tivéssemos feito algo errado.

Manoela nunca havia pensado na possibilidade de se apaixonar por uma mulher, já havia beijado inúmeras garotas na adolescência e em festas de amigos depois de adulta, mas tudo sempre foi uma brincadeira para ela. Nunca parou para observar alguma garota com outros olhos, pelo menos até conhecer Rafa.

A mineira havia conquistado seu coração logo na primeira semana, seu jeito doce e por vezes espontâneo fazia com que Manu quisesse se aproximar cada vez mais da outra garota, mas sua dificuldade em se enturmar sempre tirava o melhor dela e a amizade com a influencer parecia algo distante. Porém aos poucos Rafaella começava a se aproximar por vontade própria e logo as duas criaram um laço de amizade extremamente forte.

Bianca sempre brincava que as duas pareciam um casal, e aquilo não parecia incomodar Rafaella que sempre ria e continuava a tal brincadeira chamando Manu de amor ou outros apelidos carinhosos. Brincadeiras do tipo nunca incomodaram a cantora, mas era impossível negar o quanto seu coração pulava quando Rafa a chamava de amor com aquele sotaque que Manu era completamente apaixonada.

Ela era péssima em ler sinais.

Talvez se não culpasse a timidez teria percebido bem antes o sentimento que lutava para nascer em seu peito.

As mãos suadas e trêmulas quando Rafaella se aproximava, seu coração disparando todas as vezes que a mais alta abraçava sua cintura por trás e encaixava o rosto em seu pescoço, ou talvez todas as vezes que alguém perguntou quem ela pegaria na casa e sua resposta era sempre um ninguém em meio a gaguejos. As vezes em que as outras garotas cobravam carinho e atenção de Rafaella fazendo o ciúme borbulhar em suas veias.

Estava completamente apaixonada por Rafaella, e não tinha sequer o direito de negar. Isso era ruim, suas experiências com o amor não eram as melhores.

— Eu sei que você tá acordada. — a frustração da mais nova fez o peito de Manoela apertar. — Fala alguma coisa, por favor...

Sua garganta doía e seu olhos começaram a arder com lágrimas não derramadas. Odiava chorar, e pior, odiava chorar na frente de outras pessoas, mesmo que essa pessoa fosse Rafaella.

Quarto Branco [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora