Vienna.

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When will you realize? Vienna waits for you.

Manu sabia que tinha errado ao falar tão abertamente sobre seus pensamentos e seus desejos relacionados ao isolamento. Se amaldiçoou por ter sido tão tola e caído como um patinho na conversa com a psicóloga, estava tão envolvida com a atmosfera criada que nem havia percebido as palavras que saiam de sua boca, e quando seu cérebro deu-lhe um estalo trazendo-a de volta a realidade, a cantora apenas levantou e saiu do confessionário ignorando os pedidos para que ela ficasse vindos da psicóloga.

Manoela não aceitou nenhuma das outras consultas oferecidas pela produção.

Tentou ao máximo disfarçar tudo o que havia falado e passou a ficar menos tempo no quarto, tudo bem que ela só ficava em cômodos vazios ou onde tivesse no máximo outras duas pessoas, mas já era um começo.

Eliminar Prior no dia seguinte a consulta foi uma das melhores sensações que já havia experimentado, ver o sorriso convencido no rosto do arquiteto sumir na medida que ele percebia sua saída era no mínimo satisfatório, e quando ele cruzou a porta de saída, Manoela sentiu como se um peso fosse tirado de suas costas.

Seu coração sempre apertava quando alguém era eliminado e odiava a sensação de prazer que tomou conta de si quando viu que o arquiteto não era mais um morador dali, porém depois de todo o circo que ele havia armado com a sua indicação para aquele lugar e depois as piadinhas ácidas de quem causa discussões a troco de nada, fizeram Manoela agradecer sua saída.

O ambiente da casa ficou mais leve, restando ainda todas as mulheres e apenas Babu de homem, era praticamente impossível encontrar motivos para brigas de convivência, mas como nem tudo são flores, algumas pequenas discussões eram inevitáveis, principalmente depois de formações de paredões e dos jogos da discórdia.

Lentamente a casa ficava vazia, e as eliminações começavam a doer um pouco mais, já que Manoela gostava de todos que haviam restado e mesmo tendo se afastado bastante dos restantes dos moradores, o carinho que tinham por ela era totalmente mútuo de sua parte.

Mesmo com as eliminações deixando-a triste, cada vez mais Manoela conseguia deixar para trás seu isolamento no quarto e transitar pela casa em busca de se enturmar com os poucos moradores que iam restando. Seja dançando músicas aleatórias na sala com Mariana e Bianca ou tendo conversas profundas sobre feminismo e racismo com Marcela e Thelma.

Entretanto, seus dias ruins eram mais frequentes do que gostaria.

Certa vez não conseguia tirar da cabeça a ideia de que todas as câmeras estavam direcionadas somente para ela, e que todo o país estava observando cada um de seus movimentos apenas esperando para que ela fizesse algo errado. Em meio a esses pensamentos, teve a ideia de andar pela casa com uma toalha cobrindo seu rosto, o objeto servia para esquecer um pouco sua paranoia com as câmeras, mas também trouxe inúmeras perguntas das outras garotas sobre o porquê de ela estar agindo daquela maneira.

— Do que estamos brincando agora? — Bianca perguntou sentando ao seu lado no gramado. — Espera, não responde, eu vou adivinhar!

— Não é uma brincadeira. — respondeu levantando um pouco o pano para observar a empresária.

— E por quê você tá com isso no rosto? — a mais nova parecia realmente interessada em sua possível resposta.

— Sei lá, senti vontade. — deu de ombros deixando o tecido cair sobre seu rosto novamente, o cobrindo por completo.

— Isso é estranho.... — a voz baixa de Bianca fez Manu sentir medo de mais alguma pergunta, porém a empresária lhe surpreendeu. — Vou fazer também, já volto.

Quarto Branco [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora