Quarto Branco [Ranu]

Maio;

Meu amor, eu vivo no aguardo de ver você voltando

02 de maio de 2020

[16:34PM] Rafa: Você não atende minhas ligações

[16:34PM] Rafa: Bruna disse que tá tudo bem

[16:35PM] Rafa: Que você só precisa de um tempo

[16:35PM] Rafa: Mas por que eu não consigo acreditar nas palavras dela?

— A Bia conseguiu quebrar o contrato, eu não pensei que ela ia conseguir fazer isso. — Bruna disse enquanto sentava na cama de Manoela, a cantora estava deitada de lado com a cabeça em cima de um dos braços dobrados, a mão livre segurava os dois pingentes de um colar que estava em seu pescoço.

— Não duvide de nada relacionado a Bianca Andrade. — Manu brincou fechando os olhos e suspirando, um sorriso cansado brincava em seus lábios, estava sendo difícil dormir, sua insônia voltou com força total.

— É, mas ela não conseguiu se livrar de uma coisa. — a modelo deitou-se ao lado da amiga e suspirou quando encarou os olhos cansados, levou uma das mãos ao rosto de Manoela e iniciou um leve carinho na bochecha dela. — Você ainda vai ter que ir naquele programa da Fátima Bernardes, mas garanto que vai ser bem mais fácil que qualquer outra entrevista e depois vamos estar livres.

— Eu não quero cantar. — murmurou em resposta apertando as mãos nos pingentes do colar, a flor pertencia ao cordão que Catarina lhe deu antes de entrar no programa, já a pequena nuvem havia comprado no aeroporto antes de voltar para São Paulo, ele a lembrava dos momentos que passava brincando de observar nuvens com Rafa. — Por favor, eu só não quero cantar.

— Tudo bem, vamos conseguir isso também, mas você acha que está bem para enfrentar isso?

— Não sei, mas tenho que ir, se a Bia não conseguiu quebrar isso é porque não tem como fugir.

— Igual você fugiu da Rafa? — ao ouvir o nome, Manoela encolheu-se mais e afastou o rosto do toque de Bruna, fazendo a modelo se sentir culpada. — Desculpa, é que ela tá enchendo seu celular de mensagens e ligações.

— Eu sei, ouço ele vibrando durante o dia inteiro. — abriu os olhos e encarou o pequeno pingente de nuvem junto ao da pequena flor. — Eu queria ter coragem de bloquear ela, mas não consigo.

— Por que não? — a modelo questionou mesmo sabendo que poderia receber apenas o silêncio em resposta, mas lhe surpreendendo Manoela respondeu.

— Porque assim eu sei que ela ainda se importa. — falou sentindo os olhos marejarem. — É egoísta, eu sei, mas eu não quero que ela me esqueça, pelo menos não tão rápido assim. — a voz começou a ficar embargada e a cantora se odiou por chorar novamente. — É que tá doendo tanto aqui. — apontou para o coração. — Por que tem que doer tanto assim, Bru? Nunca doeu assim.

— Porque você nunca amou ninguém quanto ama ela, bichinha. — Bruna puxou a amiga para seus braços logo sentindo as lágrimas molharem sua camiseta e fazendo seus próprios olhos encherem de lágrimas não derramadas.

— Faz parar de doer, por favor. — suplicou apertando as mãos no tecido da camisa de Bruna, a modelo deixou as lágrimas caírem e segurou o rosto da cantora entre as mãos.

— Eu não sei porque você tomou essa decisão, ou porque decidiu jogar tudo pro alto e desistir dela. — começou com a voz embargada pelo choro e tentando inutilmente limpar as lágrimas do rosto de Manu. — Mas eu sei o quanto tá doendo aqui dentro. — apontou para o coração da outra. — E que talvez a culpa esteja aqui. — em seguida apontou para a cabeça. — E você querendo ou não, eu não vou te largar aqui enquanto não parar de doer, não importa quanto tempo demore.