Agosto;

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Eu já disse que estou aqui, e ficarei ao seu lado.

13 de agosto de 2020

A água fria fazia sua pele arrepiar mesmo estando submersa, os olhos estavam fechados com força a impedido de ver as imagens embaçadas a sua frente e seu pequeno corpo deitado no azulejo da banheira dava um ar mórbido para a cena.

Seus pulmões começavam a implorar por ar, mas Manoela não sentia vontade de submergir, mesmo com seu corpo começando a entrar em desespero com a falta de oxigênio. Fechou as mãos com força e tentou ao máximo ignorar a necessidade gritante de seu sistema.

Uma batida forte na porta do banheiro fez com a cabeça de Manu saísse da água, e a cantora começasse a puxar o ar com força para dentro do corpo. As batidas aumentaram de frequência mas tudo que se passava na cabeça de Manoela era o controle de sua respiração ofegante.

— Manu? Tá tudo bem? — a voz de Catarina soou abafada, e o trinco da porta mexeu, mas Manoela havia lembrado de tranca-la, então a tentativa de entrar da mais nova foi frustrada.

— Tá, já estou saindo. — respondeu ainda ofegante passando a mão no rosto.

— Tem certeza? — a mais nova parecia preocupada, e Manoela suspirou saindo da banheira e puxando uma de suas toalhas.

— Tenho, só vou me vestir. — reafirmou tendo como resposta um 'ok ' desconfiado.

Manoela enxugou-se e vestiu o conjunto de moletom que levou consigo para o cômodo, encarou seu reflexo no espelho enquanto penteava o cabelo negro que agora estava um pouco abaixo dos ombros. Ao terminar, jogou a escova de cabelo em cima da bancada da pia e apoiou as mãos ali suspendendo o peso sobre as mãos enquanto ainda encarava a si mesma no espelho.

Se Catarina não tivesse batido na porta, quanto tempo levaria para ela ceder a necessidade de respirar?

E se ela não conseguisse submergir por vontade própria?

Balançou a cabeça e apertou os olhos fortemente tentando tirar aqueles pensamentos da mente. É claro que ela voltaria a superfície quando seu corpo não aguentasse mais com a falta de ar, não é como se ela quisesse se afogar na própria banheira.

Não é?

Sequer lembrava o motivo de mergulhar daquela forma, quando deu por si já estava totalmente embaixo d'água segurando o pouco de fôlego que ainda tinha. Sem dúvidas foi uma experiência no mínimo estranha, como se seu cérebro quisesse testar sua capacidade de ir até o limite e então voltar, e pela primeira vez em meses foi capaz de se assustar com seus impulsos.

Não era normal o que ela tinha feito, com certeza não era. Mas Manoela, mesmo assustada, decidiu deixar aquilo de lado e tentar ao máximo esquecer aquela experiência um tanto bizarra.

Respirando fundo saiu do banheiro encontrando Catarina sentada em sua cama, a mais nova parecia lhe analisar dos pés à cabeça como se tentasse encontrar algo errado, o olhar irritou Manoela, mas a cantora tentou ao máximo prender as palavras em sua boca.

— Você demorou no banho. — Catarina afirmou fazendo Manu revirar os olhos.

— E? Vai controlar até o tempo do meu banho? — questionou ácida. — Não preciso de babá.

— Não é isso, só me preocupei. — a mais nova encolheu os ombros observando a face irritada da irmã.

— Eu só estava no banho, não é como se algo ruim fosse acontecer. — rebateu tentando ignorar a lembrança de seu estranho mergulho na banheira.

Quarto Branco [Ranu]Onde histórias criam vida. Descubra agora