Quarto Branco [Ranu]

Branco;

A cor branca significa paz, pureza e limpeza. É uma cor que sugere libertação, que ilumina o lado espiritual e restabelece o equilíbrio interior. Em excesso, pode dar a impressão de frieza, vazio e impessoalidade.

A sensação que o silêncio lhe causava era assustador.

Momentos após sair do confessionário por uma porta secreta e depois de seus olhos serem vendados, Manoela havia perdido o contato com as mãos de Rafaella mas antes que o desespero tomasse conta de seu corpo ouviu a voz da mais alta lhe dizendo para ficar calma, estava ali e não sairia do seu lado.

Porém, agora estava no completo silêncio depois de ouvir uma porta sendo trancada. Já estava no quarto, disso tinha certeza, afinal o frio e a sensação de solidão podiam ser sentidos em cada poro de sua pele.

— Rafa? — o medo de estar sozinha fez sua voz sair baixa.

— Oi, Manu. Estou aqui. — o suspiro de alívio de Manoela fez a outra garota rir.

— Ai, que susto. Achei que havia lhe perdido. — a risada das duas se misturaram e por um minuto Manu sentiu seu coração mais calmo.

— Eu disse que não sairia do seu lado. — sentiu-se abraçada e não tardou em deitar a cabeça no peito de Rafa, ouvir seu batimento cardíaco era algo extremamente reconfortante. — Pediram para não tirar as vendas, será que tem algo de diferente aqui?

— Ou talvez só querem assustar a gente. — fechou os olhos enquanto apertava mais os braços em volta de Rafaella. — Talvez esteja funcionando, estou de olhos fechados sendo que se eles estiverem abertos nem vai fazer diferença.

— Mas é uma escuridão que você conhece.

— Como você...

— Conheço você, Maria Manoela. — um sorriso tímido nasceu nos lábios da cantora, Rafa era uma das únicas pessoas que causavam um efeito estranho em seu coração.

Manu não tinha certeza de quanto tempo havia passado, o tempo parecia se arrastar e seu cérebro não conseguia focar em nada além das possibilidades que ela teria de estragar tudo. Não poderia deixar que seus medos e inseguranças prejudicassem Rafaella, nunca se perdoaria caso um dia chegasse a magoar a outra garota.

Era impossível negar o fato de Rafa ser sua sanidade ali dentro, só de pensar na possibilidade de não a ter para o resto do programa ou em sua vida depois de tudo; a deixava com uma ansiedade estranha e uma angustia no peito.

Rafaella Kalimann era seu porto seguro, seu pontinho de paz.

— Acho que vocês já cansaram de ficar com essa venda, não é? — a voz de Tiago fez com que um gritinho de susto saísse de sua boca enquanto sentia os braços de Rafa mais apertados em torno de si. — Assustei você, Manoela?

— Claro que assustou, Tiago, caramba! — o apresentador riu da reação exagerada da cantora. — Rafaella quase me mata sem ar me apertando aqui.

— Quis proteger você, sua mal agradecida. — a mineira brincou enquanto afrouxava o abraço.

— Calma, meninas, deixem para começar as brigas quando eu sair. Mas agora tirem as vendas, temos assuntos importantes. — o tom brincalhão do apresentador não durou muito tempo.

A luz que iluminava o quarto fez os olhos de Manoela arderem, ao olhar em volta encontrou um quarto de poucos metros com as paredes, juntamente com o chão e o teto de cor branca, duas camas estavam próximas às paredes, um pequeno frigobar estava no canto do quarto e haviam duas portas em paredes contrárias.

— A porta ao lado frigobar é o banheiro, vocês poderão tomar banho sempre que quiserem, mas roupas novas só serão mandadas duas vezes ao dia. — Tiago teve como resposta apenas um aceno de cabeça. — A dinâmica é simples e não há segredos: as duas estão imunes basta ficarem até domingo, mas se uma de vocês apertar o botão está fora do programa.