Dezenove

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Desculpa ter deixado você tenso, a verdade meu caro leitor é que eu também estou tensa. Mexer com o passado as vezes me aborrece, principalmente na parte a qual estamos chegando.

Eu espero que você tenha se preparado, pois eu tive de refletir bastante antes de continuar a narrar essa história. Bom, acho que vou parar de enrolar e começar a fazer o meu papel: contar um romance.

Quando eu acordei naquela manhã de dezenove graus me senti radiante, essa temperatura era muitíssimo quente comparada ao que eu estava acostumada no Canadá. A primeira coisa que vi, assim que acordei, foi Ward se encarando no espelho com seus óculos escuros em formato de coração, logo lhe disse pela milésima vez que aquele era um acessório ridículo, ele nem deu bola. Acho que sua vaidade já tinha voltado ao normal.

Ao contrário de mim que não podia alegar ser tão vaidosa, quer dizer, eu me cuido. Porém nada muito elaborado, sempre tive um apreço especial pelas coisas simples, foi isso que pensei horas mais tarde selecionando o que iria usar no encontro com Will.

Em uma ocasião normal eu teria pego uma roupa comum como sempre, contudo se tratava de um evento que poderia resgatar a essência do meu noivado. Eu tinha muita esperança nisso e decidi que deveria usar mais do que uma camisa xadrez e calça jeans habituais.

Então revirei a mala diversas vezes pensando nas possibilidades que estavam a minha frente, mas quando as experimentava não as achava grande coisa. Foi assim que minha ansiedade foi subindo, afinal meu encontro começaria em uma hora e eu não sabia o que colocar.

Se eu tivesse uma amizade de longa data ainda seria mais fácil, lembro na época de escola onde ia à casa de Luana Stone toda sexta ajudá-la com a roupa ideal para uma festa ou para uma saidinha com garotos mais velhos. Não que Luh precisasse tanto assim de minha ajuda, muito pelo contrário já que raramente alguém conseguia mudar suas escolhas. Ela era decidida e escolhia a roupa que mais gostasse para sair, sem se importar com o que iriam achar.

Confesso que a garota me influenciou bastante, daí para frente fui ligando cada vez menos para o que pensavam de meu vestuário e me dedicando mais às corridas. Sinto em dizer que boa parte da culpa por ter me afastado de minha amiga foram as corridas, a outra metade sem dúvida alguma foi meu desleixo.

E foi tal distanciamento que me deixou sem opções de ajuda com roupa se não ligar para a Senhora Liliam. O problema foi que a filha dela atendeu e desligou na minha cara, penso que a antipatia que a mulher nutria por mim vinha do ciúmes da mãe. Sendo assim não insisti mais e me deparei com uma infinidade de possibilidades para combinações de roupas sem saber que rumo tomar.

Pensei em chamar meu pai, mas ele estava ocupado, depois de nosso almoço em família me contou que teria de ir ao cartódromo resolver alguns assuntos inacabados. Dessa forma só me restou Ward, eu não queria chamar ele e sentia que não era a pessoa certa para me auxiliar.

Muito menos após ter colocado aquelas idéias malucas na minha cabeça, ele estava errado, não estava? Tinha de estar ou meu noivado seria arruinado!

Entrando no meu quarto de hotel e vendo a bagunça que eu tinha feito revirando a mala Ward riu, olhou para mim e riu de novo. Sei que deve ter sido irônico me visualizar tirando algo dos padrões de organização, mas nesse dia em especial meu desespero ultrapassava qualquer norma.

Ele selecionou atentamente a roupa menos chamativa que eu poderia imaginar, apenas um vestido liso e simples. A escolha dele me chocou visto que em seu próprio vestuário a excentricidade não faltava.

Experimentei relutante já imaginando que iria trocar de roupa novamente uma vez que um encontro como aquele merecia uma atenção única. Sai do banheiro enquanto Ward me esperava mexendo no celular, não sei ao certo quando reparou na minha presença porque os óculos escuros cobriam seus olhos.

O Caminho até VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora