No relógio são 01:40 da manhã, e eu ainda não havia conseguido dormir. Tudo culpa das minhas paranóias, e olha que eu só tenho 17 anos.
Mas minhas preocupações começaram quando minha mãe, Mary, começou a ficar doente. Até aí tudo estava razoável, já que a doença ainda teria tratamento. Mas isso sairia caro. Ela então me contou a história de minhas origens, de como vim parar aqui, nesta mesma casa onde hoje moro.
Pensar que minha mãe estava fugindo do meu próprio pai, era estranho demais para ser real. Pelo menos eu tenho as características dela, cabelos coloridos, roupas curtas e uma maquiagem bem marcante. Por causa da sua fisionomia, pinto meus cabelos, e uso roupas que transmite sensualidade e brutalidade.
Mas será que um dia ficarei frente a frente com ela?
Decido não pensar muito. Sempre que começo a pensar nela, eu sofro. Não que eu seja ingrata a tudo o que minha mãe, Mary, fez por mim. Mas é triste saber que fui deixada aqui, sem ao menos ter noção do meu passado.
Pelo menos fui deixada com uma mulher carinhosa, cuidadosa. Não fui parar num orfanato, ou em um lugar pior.
Fecho os olhos, embora eu saiba que será muito difícil pegar no sono.
***
Acordo às sete, despertada pelo alarme. Hoje é sexta, ou seja, estou prontissíma para o fim de semana. Estou cansada daquele colégio chato, onde existem pessoas fúteis que só sabem revirar os olhos para mim, além de cochicharem sobre como o meu visual é cafona.
Visto meu uniforme que eu mesma dei alguns ajustes, o deixando curto e ousado. Prendo meu cabelo num rabo de cavalo, passo um batom vermelho nos meus lábios, e rímel nos cílios.
— Mãe, já estou indo. — Falo apressadamente, enquanto a abraço.
— Não vai tomar café? — Ela pergunta.
— Não. Mas não se preocupe, compro qualquer besteira e como no caminho.
— Ah, filha. — Ela diz enquanto beija minha bochecha. — Fique bem, querida.
Sorrio para minha mãe. Ela está sempre preocupada comigo, acha que num piscar de olhos algo ocorrerá comigo.
Antes de pegar o ônibus escolar, compro algumas coisas para comer. Embarco no ônibus e rapidamente estou na escola, tendo que encarar todos aqueles babacas me olhando com olhares superiores.
Não me sinto incomodada com todos, mas quem mais me tira do sério, é ele. Eric Wayne. Além de chato, grosseiro e pervertido, ele é, lindo. Ainda assim ele é o mais repugnante daquele lugar, mesmo eu nutrindo uma paixão platônica por ele. Ergh, e isso é nojento.
— Qual foi, Belle? — Eric pergunta, e ele está acompanhado pela garota mais popular do colégio, Louise. — Perdeu alguma coisa aqui?
Afasto meu olhar do seu e dou de ombros, a fim de não confrontá-lo, porque sei que certamente eu iria fracassar.
Vou para a sala, e quando as aulas começam, elas passam lentamente, me tirando a emoção do fim de semana.
Finalmente em casa, encontro minha mãe, mas ela não parece muito bem.
— O que houve, mãe? — Pergunto preocupada.
— Tenho uma má notícia.
Jogo minha mochila no sofá, e vou para perto dela, segurando sua mão.
— Má notícia? — Repito com um tom angustiado.
— Ah, querida. Você sabe que não tenho muita condição financeira.
Assenti, já sabendo de toda a situação.
— Terei que ir morar com minha irmã até o meu tratamento passar, e...
— E? — A incentivei a falar.
— E você não poderá ir comigo. — Ela disse tristemente.
— Mas como assim, mãe? E o que vai ser de mim, aqui, sozinha?
— Você precisa encontrar sua mãe, a de cabelos coloridos.
— Mas por quê? Eu até quero conhecê-la, mas terei que pedir que eu fique lá por um tempo. Acho isso perturbador.
— Filha, estamos sem muitas opções.
— Por que não posso ir para a casa da tia Beth com você? — Cruzo os braços e faço um bico.
— Você sabe que a casa dela já está cheia de filhos, e agora ainda tenho um neto morando lá. Por favor, me perdoe. Será só até o meu tratamento acabar.
Penso por um instante. Talvez seja a minha real possibilidade de conhecer minha mãe, só que ficar longe da mãe que me criou e me deu carinho, parte o meu coração. Mas realmente não tenho escolha.
— Está bem. Então eu vou fazer o possível para encontrar minha outra mãe.
Minha mãe sorri fraco, dando-me um abraço apertado.
Só não sei o que irá acontecer quando eu encontrar minha suposta mãe de cabelos pintados, e de sorriso exagerado.
Continua...
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A Filha da Arlequina
FanfictionQuando Arlequina acidentalmente encontra uma bebê numa lixeira, ela pensa em duas hipóteses: deixar a criança para alguém achá-la, ou pegar e cuidar da pequena e frágil bebê. E a segunda opção vence. Mas será que o Coringa aceitará numa boa? E ela s...