Jada - A força não tem cor ( Concluído )

Capítulo um

Quando era apenas uma menina, certa vez uma garota disse que alguém com cabelo de bombril e a pele de uma escrava não iria conseguir nada na vida. Naquela época eu lhe disse; Você pode ter a cor que for, se não tiver força de vontade e respeito não será nada. Menosprezar alguém pela cor de sua pele só prova sua ignorância.

Todos os comentários preconceituosos e as vezes que me menosprezaram só ascenderam mais a revolta que existia em mim — Agora sei que sou capaz de conseguir o que eu quero independente da minha cor. Eu não sou escrava, escravo é aquele que se deixa escravizar pelo preconceito que apenas mata as pessoas.

— A senhora veio para a entrevista?

— Eu vim para ocupar o cargo, você não encontrará alguém mais capacitada que eu.

— E qual seu nome mesmo?

— Jada Williams, mas você ainda vai ouvir muito esse nome.

Acho que vou me dar bem nessa empresa. Me chamaram para uma entrevista, devo ocupar o cargo de vice presidente financeiro. Sou a melhor, preciso me destacar em tudo e sempre melhorar e me especializar.

— Muito prazer em te conhecer, Jada — o homem de pele branca e fios grisalhos me cumprimenta.

— Digo o mesmo, senhor Manchester.

— Esse é o meu irmão, August.

O homem deveria ter por volta dos trinta e cinco anos,  porte atlético e terno bem alinhado, mas me olhava como se eu estivesse fedendo. Dou um breve sorriso e volto a olhar para o mais velho que pede que eu me sente.

— Vamos falar sobre o seu currículo, que particularmente é impecável.

...

— Espero que tenha gostado da sua sala, Bete será sua secretaria.

Uma mulher corpulenta com o cabelo loiro e um sorriso no rosto surge e creio que seja a tal Bete.

— Eu sou a Bete, espero fazer um bom trabalho.

— Também espero — ela sorri.

— A senhora é tão linda que da medo de quebrar.

— Muito gentil, acho que vamos nos dar bem — sorrio.

Ela parecia nervosa e preocupada em me agradar, não era uma bajuladora, mas sim alguém que queria garantir o emprego e passar uma boa impressão.

...

Como imaginei praticamente todos nessa empresa são brancos. O único negro aqui é um funcionário da manutenção, provavelmente sou a única num cargo importante. Uma mulher negra num cargo como esse com toda a certeza vai causar reações e eu estou preparada para  enfrentar qualquer coisa.

— Jada — o Manchester chama minha atenção.

— No que posso ajudar? — indago o Manchester mais novo.

— Eu creio que meu irmão fez um equívoco.

— Você poderia ser um pouco mais direto?

— Você não tem o perfil que a nossa empresa pede.

— O perfil ou a cor? Se fosse branca eu teria o perfil?

— A questão é que seria melhor outra pessoa.

— A questão é que você não tem que falar mais nada. Eu agora tenho mais motivos para ficar aqui.

— Você não vai permanecer por muito tempo.

— É mais fácil você desistir do que eu sair daqui. Eu vou ser a melhor vice de finanças que essa empresa já viu — jogo o cabelo para trás e saio andando.

...

— Você falou assim com um dos donos da empresa?

— Aquele homem não tem o direito de me subestimar e muito menos de dizer que minha cor foge do perfil da empresa.

— Quando eu crescer quero ser igual você — sorrio com seu comentário.

— Você já é maravilhosa do seu jeito.

— Você é a melhor colega de quarto do mundo.

— Que tal pedirmos uma pizza? Estou morrendo de vontade de comer uma de calabresa e queijo.

— Então vamos de pizza.

— Pede a pizza que eu vou preparar um suco, Mika.

— Esta bem — ela pega o telefone e o número da pizzaria.

...

— Ela é uma petulante, Joshua.

— Jada é uma profissional brilhante e eu não vou abrir mão dela por conta de um irmão que só arruma confusão.

— Você sabe que aquela sua secretaria era louca.

— Você a assediou e teve a coragem de ameaçar demitir a coitada caso ela denunciasse.

— São apenas mulheres, você pode muito bem contratar outras.

— Não, August eu vou manter a Jada e vou ficar de olho em você.

— Como quiser — ele se retira.

— O seu irmão não muda — a loira se aproxima.

— O Joshua só despenca, Melinda. Não sei o que faço com ele, só não o dispenso por ser tão dono quanto eu.