Jada - A força não tem cor ( Concluído )

Capítulo vinte e cinco

Estava bem próximo das festividades de fim de ano, mais um ano trabalhando até tarde, sem festas e apenas comida congelada já que sempre se esquecia de pedir comida com antecedência. Tinham se passado dois longos anos, desde que tinha visto Joshua pela última vez, desde que pensou que morreria nas mãos de Max e desde que perdeu o bebê que nem sabia que carregava em seu ventre.

As feridas já não doiam tanto, mas ainda estavam lá e talvez nunca se cicatrizariam por  completo. Ao menos tinha conquistado tudo que queria, trocava de carro uma vez ao ano, tinha um ótimo cargo numa multinacional renomada, tinha saído poucas vezes, mas sempre com homens lindos e ricos que não teria que lidar no dia seguinte.

A solidão, esse era o preço alto a se pagar, mas ela preferia pensar que agora estava no topo. Era a capa da revista sobre mulheres, mais popular do país, e morava num apartamento que daria inveja em qualquer um que a menosprezou no passado. Jada Willians, esse nome agora era sinônimo de força e poder.

Ninguém lhe pisaria mais, ela agora era respeitada e temida por muitos. Ainda tinha olhares preconceituosos? Sempre teria, infelizmente o ser humano não evoluiu tanto, e não seria uma posição de sucesso que mudaria essa triste realidade. Ela inclusive ainda estava com a unha quebrada, tinha a quebrado dando um bom tapa numa garota presunçosa, que se achava superior por conta de algo tão comum como a diferença entre o cabelo liso e o crespo. Claro que Jada não deixou quieto, disse que todo cabelo bem cuidado é lindo, que diferenças são comuns, que todos somos diferentes e isso é maravilhoso.

...

— Sua mãe não para de ligar, ela quer falar com a senhorita.

— Depois eu retorno, Berenice — ela fecha o notebook — Agora preciso ir ao mercado.

— A senhorita ainda está sem empregada?

— A última não aguentou o meu humor — ela sorri — Acho que só você me suporta.

— Mesmo com esse jeito, sei que é uma boa mulher. Vi como defendeu aquela modelo no evento.

— Malika é especial, jamais deixaria a menosprezarem.

— Liga para a sua mãe, já fazem anos desde que a viu.

— Eu não tenho tempo, nem vou conseguir comemorar as festas de fim de ano.

— Só não espere ser tarde demais.

Jada se afasta do carro e segue até o interior do mercado. Ainda pensava sobre o que Berenice tinha dito. Ela jamais deixaria tudo, perderia grandes oportunidades, só para comemorar as festas de fim de ano junto da família. Por um momento seu sorriso vacila, se fosse ela, Joshua e seu filho certamente ficaria feliz em comemorar junto com eles.

Ela sente um corpo pequeno bater contra suas pernas, a negra olha para trás e nota um menino de fios loiros e olhos extremamente azuis a encarando. Ela se vira e o ajuda a se levantar, o garotinho lhe da um belo sorriso e corre em direção a um casal, Jada se assusta ao notar quem eram. Seu coração vacila por alguns segundos.

— Jada, você está ótima — diz o homem — Aquela é Gina e esse é o filho da Melinda, estamos o criando juntos já faz um ano.

— Nossa, isso é muito para absorver — ela pisca algumas vezes — Fico feliz por vocês, mas e a Melinda?

— Infelizmente resolveu da um golpe e foi presa.

— Sinto muito — ela olha o garoto mexer em algumas latas — Ele é lindo, se parece muito com a mãe.

— Boas festas, agora precisamos ir — ele anda em direção a mulher asiática que conversava com o menino.

— Você está feliz, isso é o que importa, Joshua.

Fim