Nove

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            Acordei com a claridade da janela. Eu havia esquecido de fechar as cortinas? Abri um pouquinho meus olhos. Não. Alguém havia aberto elas à pouco. Rolei para o lado e esbarrei em algo, grande. Abri meus olhos novamente e avistei um sorriso com dentes perfeitamente alinhados, e um cabelo todo bagunçado. Me aninhei em Maxon e ele me apertou em um abraço.
— Está na hora de alevantar, meu amor. — disse.
— Você nunca tinha me chamado assim. — falei enrugando a testa, ainda de olhos fechados. — Mas eu gostei.
— Não pense que irá se livrar do "minha querida".
— Agora, você me convenceu a levantar. — falei, sentando na cama. Meu cabelo estava embolado na cabeça, pois não havia retirado todos os grampos antes de deitar. Eu ainda estava com o vestido pomposo.
            Olhei para ele, que também estava com as roupas do dia anterior, porém a camisa pendia para fora da calça social, e a gravata estava jogada no criado-mudo.
— Pedi que trouxessem nosso café no quarto. Para termos um pouco mais de privacidade.
            Comemos em silêncio. Ouvi uma batida leve na porta, era hora de eu deixa-lo sozinho.
— Você vai precisar de ajuda? — perguntei.
— Não, tudo bem, vai lá.
            Dei um beijo de leve nele. Olhei alguns minutos para o seu rosto, e fiz um carinho na bochecha rosada.
            Mary me esperava no quarto, com um vestido sóbrio, preto, de mangas longas, com alguns detalhes em renda estendido na cama. Ela mesma usava um vestido apropriado ao luto. Não conversamos muito. Todos estavam afetados pela situação.

            Coloquei apenas o meu colar de passarinho, para não ter um excesso de joias. Quando me olhei no espelho, me senti voltar ao dia do enterro do meu pai. Segurei o pingente entre os dedos, sentido meu pai do meu lado. Uma lágrima solitária escorreu por minha bochecha. Mary me alcançou um lenço.
— É melhor a senhorita ficar com ele. — disse. Concordei com a cabeça.
— Todos vão se encontrar no topo das escadas e irão descer todos juntos, ok?
— Tudo bem, vou ir chamá-lo. — ela fez que sim com a cabeça, e saiu logo depois.
            Bati na porta do quarto de Maxon respirando fundo. Ele deveria estar pronto, com seu terno preto muito bem passado, gravata preta e o cabelo penteado.
            E ele estava. Extremamente polido, forte como uma rocha.
— Como estou? — perguntou.
— Perfeito.
— Que bom que pareço assim. Porque por dentro eu estou desmoronando.
            Cruzei o quarto e o abracei forte.
— Você não precisa fingir nada, viva o luto, ninguém vai te julgar por isso. Ele concordou comigo. 

— Você esta com os olhos inchados. Ta tudo bem? — perguntou.

— O segundo velório em uma semana. Eu lembrei do meu pai.

            Maxon me abraçou forte. 

— Eu tenho um presente então, pra ver se você fica um pouco mais feliz. — ele disse, tirando do bolso um belo broche preto, e colocando em meu vestido — Era da minha mãe, feito em azeviche. 

            Era uma honra ter uma peça de Amberly comigo.

— É melhor nos irmos e acabar logo com isso. Justin já veio me avisar que vários representantes de Nações já haviam chegado. —  disse respirando fundo e me dando a mão. Apertei com força. 
            Saímos do quarto, e fomos em direção ao segundo andar. Descendo as escadas, eu já avistei de longe os cabelos castanhos de Kriss presos em um coque baixo. Ela, também vestia preto, e estava acompanhando da sua família, que eu lembrava vagamente. Além dela, inúmeros homens vestidos formalmente, nos esperavam, e a minha família aguardavam mais afastados, extremamente quietos.
            Logo, perceberam a movimentação nas escadas, e alevantaram os olhos para nós. Um traço de tristeza cruzou o semblante de Kriss quando viu eu e Maxon de mãos dadas. Desviei os olhos dela, e olhei pra minha família.
            Eles estavam com um ar de realeza, pareciam que haviam se preparado par aquilo a vida toda.
            Quando chegamos ao segundo andar, Maxon e eu nos separamos. Ele, logo foi conversar com um homem negro e alto, que usava roupas diferentes de tudo o que eu  havia visto.
            Fui até a minha família.
— Oi — dei um meio sorriso.
— Você esta ótima. — minha mãe encorajou. Gerad e May concordaram com a cabeça.
— Vocês também, mas não fico feliz de ver vocês vestidos assim, denovo.
— Como o Rei está? — perguntou Kenna, balançando a pequena Astra nos braços. Era estranho as pessoas se referirem a Maxon como "rei", e não "príncipe".
            Olhei rapidamente para ele, que estava recebendo os sentimentos de Kriss.
— Firme como uma rocha. — falei.
            Maxon se aproximou de minha família, e minha mãe o abraçou enquanto dava os pêsames.
— Nós somos sua família agora. — ela afirmou. Nunca vi minha mãe como sentimental, mas ela tinha se saído uma ótima melancólica nos últimos dias. Todos nós estávamos um pouco mais sensíveis, realmente.
            Aproveitei para ir até Kriss. Um dia, no futuro, nós íamos nós ver novamente. Soube que muitas das Selecionadas da seleção do Rei Clarkson ainda mantinham contato com a Rainha Amberly.
            Kriss me viu ir em direção a ela, e se afastou dos pais, me encontrando no meio do caminho.
— Oi. — ela disse. Era óbvio que ela estava desconfortável. Ela tinha sido a segunda. Aquela que quase tinha chegado lá. E por um momento, ela tinha sido a primeira.
— Oi. Você foi embora sem se despedir? — ah America, que ótimo. Cobre dela, por ela ter escapado do constrangimento na primeira oportunidade.
— Eu achei melhor. Estava em choque pelo ataque... E pensei que evitaria alguns... Olhares, de pena... Sabe? — falou, por fim.
            Engoli em seco. Eu tinha que reconforta-la. Eu amava Maxon, e queria ser a escolhida. Mas se fosse eu no lugar dela, iria me sentir da mesma maneira. Aqueles momentos antes do ataque, foram terríveis.
            Peguei na mão dela e apertei. Ela se assustou com o gesto brusco.
— Você é uma moça incrível Kriss. Há algo muito bom preparado para o seu futuro. Eu tenho certeza. — enfatizei. Ela me respondeu com um meio sorriso.
— Independente do que acontecesse, nos íamos ficar feliz pela outra, né?
— Sim. — concordei. Não a puxei para um abraço, pois nos nãos tínhamos tanta intimidade assim, mas era bom diminuir um pouco do clima tenso que havia se instaurado sob nos duas desde o momento que eu descobri que ela era uma Rebelde Nortista.
— Nós, da Elite, tínhamos combinado de trocar correspondências nas festas de fim de ano, todos os anos. Não se esqueça disso, tudo bem? — ela me contou.
— Eu não vou. — falei. A ideia era incrível, e quase chorei quando ela compartilhou comigo. Me fez sentir parte do grupo. As meninas da Elite.

A Escolhida - Continuação de A EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora