Bastardo Inglório

Princípio - O andarilho

Olá! Trouxe uma fic que comecei há pouco tempo para cá, minha primeira dentro do universo ABO, apesar de eu já ter escrito com lobos antes.

A inspiração pra essa fic veio depois que me deram como tema ABO e realeza numa postagem do twitter.

Esse capítulo aqui é só para introduzir a história e alguns personagens, espero que gostem.
Boa leitura!

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A noite enevoada e fria poderia estar silenciosa depois que a última batalha havia se desenrolado por horas a fio, sem um verdadeiro vencedor. Era assim que vinham sendo os dias em todas as terras, uma grande crise marcava que os tempos poderiam estar mudando, uma suposição um pouco infundada para algo que nunca teve realmente paz.

Entre os árvores alguém corria depressa, o ar saindo pelas narinas em lufadas desesperadas diante da respiração superficial. Precisava ser mais depressa, estava sendo alcançado.

O som das garras arranhando as superfícies rochosas e tirando lascas de madeira dos troncos faziam seu sistema de luta e fuga entrar em alerta, enquanto por vezes escorregava no lodo ou batia com o corpo em algum obstáculo. Tentava farejar o ar em busca de uma saída e tentava confiar em seus instintos para que o guiassem a um caminho seguro, porém seus braços amarrados com cordas firmes e os olhos vendados tiravam seu equilíbrio e um sentido importante para si naquele momento.

Um rosnado ressoou a sua direita e só teve o reflexo de abaixar o tronco antes que fosse abocanhado pelos dentes do grande lobo que o perseguia já a alguns quilômetros. Sabia que haviam outros mais atrás, mas procurava não se preocupar com números e sim em não cair ou ser morto.

Esperava que fugindo conseguisse salvar sua família, mas tudo o que tinha em mente agora era que passaria como um covarde que largou suas responsabilidades nas mãos de outras pessoas e seria estraçalhado por ter entrado no território de outra matilha.

O acordo era bem claro: Qualquer lobo que entrasse no território inimigo sem ser convidado, teria automaticamente o veredito da execução ou da tortura enquanto prisioneiro, ficando a cargo de cada rei decidir seu destino.

Talvez suas esperanças fosse o que ainda mantivesse suas pernas se movendo e seus braços tentando se libertar das cordas para arrancar o maldito pano que tapava sua visão. Tinha sido enganado e não perdoaria aqueles que haviam o dado uma facada pelas costas.

Foi inevitável sentir seus músculos falhando depois do tempo prolongado de esforço, ainda mais por estar sem comer havia alguns dias. Seus passos fraquejaram e foi então que cometeu um erro fatal.

As patas pesadas empurraram suas costas, derrubando-o no chão em um baque violento que certamente tinha feito com que ganhasse alguns arranhões pelo corpo enquanto girava entre raízes, galhos e pedras.

Seu corpo cansado e pesado ficou estagnado no chão, o cheiro de terra úmida o distraindo um pouco dos cheiros confusos dos lobos que se aproximavam soltando grunhidos baixos enquanto exibiam os dentes afiados. Pensou em noites atrás, quando estava prestes a assumir o trono e em como sua coroação havia sido bonita, recordou-se da felicidade de seus familiares e dos aldeões todos presentes, e principalmente quando recebeu sua marca.

A marca da realeza. Todos os lobos ao assumirem um posto de nobreza a adquiriam. Geralmente marcas eram feitas através da mordida, mas aquela em especial era feita através de um objeto de valor por algum lobo de sangue nobre.

A sua havia sido feita por alguém que considerava muito... Para depois vê-la apunhalando suas próprias costas e sendo bem direto para que corresse para bem, bem longe, ou mataria a todos depois de dar o gostinho da pior verdade que poderiam ouvir.