O coração de Anne havia se apertado por causa daquelas palavras. Por que ela tinha que ter escutado isso? Ela tinha que se resignar agora a essa triste realidade de que sempre seria invisível para Andrew?
Essas perguntas havia aumentado o buraco que havia em seu coração. Fazendo se sentir vazia, enquanto se jogava na cama. Nem sequer quando as horas foram se avançando, havia tido a coragem de se desculpar com sua família na hora do jantar. Ela havia mandado recado por uma das criadas, para dizer que estava com uma forte dor de cabeça. E que isso a deixava um pouco indisposta descer para jantar.
Na verdade, em seu quarto, ao não suporta mais aquela incerteza, se colocou de pé e pegou a vela que havia na mesinha de cabeceira, e se dirigiu a sua penteadeira. Ela se sentou e olhou para o seu rosto através daquele espelho, com a ajuda daquela vela que lhe fazia companhia. Ela revivia aquilo que havia escutado naquela tarde, a voz em sua mente aumentava cada vez mais, se tornando ainda mais irritante, até que se converteu em uma espécie de pesadelo para ela. Sentiu que essa não era mais a vida que ela havia sonhado quando era uma menina, que havia sonhado desde que aconteceu a sua apresentação diante da alta sociedade inglesa.
Suas lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto.
- "Por quê Andrew? Por quê?" - ela disse para si mesma, sem desviar o olhar daquele espelho.
Mas não encontrou nenhuma resposta para aquelas perguntas que a machucavam.
Andrew era um enigma que ela jamais conseguiria decifrar.
(...)
O Duque Alexander havia se proposto a iniciar aquele cortejo, fazendo com que tanto ele quanto Amberly pudesse conhecer um pouco mais um ao outro. Ele saiu para passear com Amberly, junto com a companhia de sua irmã Anne, tudo de acordo com as normas sociais, pois não era correto um cavalheiro ficar à sós com uma senhorita antes do casamento.
- "É uma linda manhã, não acha senhorita Debbington?"
- "Realmente é, excelência..."
- "Acho que se estamos nos conhecendo, devemos começar a nos chamar pelo nome, sem títulos." - disse ao parar um momento na frente dela, enquanto Anne se afastava um pouco para que eles pudessem conversar um pouco, usando a desculpa de que queria ver melhor os patinhos que andavam no lago do Hyde Park. - "Amberly, me chame apenas de Alexander. Logo você será a minha esposa é o mais correto."
- "Tudo bem, Alexander..." - Amberly disse se sentindo um pouco envergonhada, quando os seus olhos se encontraram.
O que havia nesses olhos azuis cobaltos que antes não havia visto?... Simplesmente havia um brilho enegmáticamente encantador neles.
Logo Anne voltou a se unir a eles, enquanto Amberly alisava timidamente seu vestido cor de maçã verde. Ao mesmo tempo que retomavam aquele passeio pelo Hyde Park e eram observados pelos outros pedestres que haviam saído naquela manhã para passear. Amberly lembrava que aquele passado triste estava ficando pouco a pouco para trás. Lembrando-se como as pessoas olhavam para ela zombando por ter a sua idade e ainda ser uma mulher solteira. Agora, nesse momento, tudo havia mudado em sua vida. Muitos agora teria que engolir os seus comentários que sempre a feriram e de olhar para ela, como se ela fosse uma flor que logo murcharia... Ela havia se comprometido com o Duque. Sim, com aquele inalcançável Duque Alexander Fitzgerald de Somersham.
Submersa em seus pensamentos, ela acabou desviando o olhar para a esquerda. Ao menos ela sabia que esse seria um casamento por conveniência, mas mesmo assim isso a faria não se sentir tão sozinha porque aquele cavalheiro a havia salvado de ser uma mulher velha e solteirona. Ela realmente sentia como se aquilo fosse um sonho. Um lindo sonho irreal. Ela podia escutar a voz de Alexander. Ver como ele a olhava e como era cortês com ela.
Aquela pequena distração de Amberly acabou dificultando que ela pudesse ver aquele pequeno tronco que estava na frente dela. E por isso, ela acabou tropeçando naquele toco e cambaleou.
A sua respiração congelou em sua garganta e antes que ela pudesse ter alguma reaçao, Alexander a segurou pela cintura e evitou que ela caísse.
- "Tenha cuidado, senhorita Amberly!"
- "Meu Deus, eu sou muito desastrada!" - ela exclamou com certo alivio, até que ela levantou o olhar e se deparou com aqueles olhos azuis cobalto que olhavam preocupados para os olhos dela.
- "Você está bem?"
- "Sim...Obrigada..."
O rubor em suas bochechas mostrou a Alexander a classe de mulher que Amberly era. Ele sentiu de repente uma onda de gratidão a Deus. Mesmo sem entender o porque. Mas se sentia grato.
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMBERLY - A NOVA DUQUESA DE SOMERSHAM
Roman d'amourLady Amberly Debbington havia se resignado a ser uma solteirona pelo resto de sua vida. Na verdade, ela acabou concordando a comparecer a um baile da alta sociedade de Londres para satisfazer a sua tia, que ainda não havia perdido a esperança de enc...