Capítulo XIX

4.8K 491 35
                                    

Anne se trancou em seu quarto. Se sentou por um momento em sua penteadeira enquanto começava a tirar todos os grampos de seu cabelo, ao mesmo tempo em que se olhava no espelho.

Ela não queria pensar em Andrew, mas seu coração e sua mente havia confabulado contra ela. Ela respirou fundo ao se olhar no espelho.

- "Sempre me perguntarei se sou uma boba por criar ilusões com você desde que eu era menina. Por que de todos os príncipes que pude encontrar em meus sonhos tive que me apaixonar por você?... Andrew." - ela tocou o espelho. - "Algum dia irá permitir que eu me abra pra você? Ira me permitir te dizer que não há um dia que eu me levante e não pense em você? Não sei quantas vezes eu pedi aos céus para que você estivesse pensando em mim da mesma fôrma que eu pensava em você... Hoje sei que você me viu, mas se negou a enxergar o que os seus olhos te mostravam por medo? Por que sempre se recusa a encontrar a felicidade junto de alguém que realmente te ama? Por que você se nega tanto a ideia de casamento?...Sei que você olhou pra mim. E me doeu ver o olhar com que você me olhou ao negar...Me doeu. Partiu um pouco mais meu coração... Tudo o que me resta agora é esse sonho bobo... E esperar que um dia eu crie coragem para dizer que te amo, quando você se permitir escutar..."

Nesse instante, uma criada chegou em seu quarto trazendo um chá para ela, que Amberly havia mandado trazer. A criada se aproximou colocou o chá na mesinha e logo se pôs a ajudar Anne a tirar o seu vestido.

- "Obrigada pela ajuda...Agora você pode ir..."

- "Com licença, senhorita Fitzgerald."

(...)

Naquela noite, para a surpresa de Amberly, Alexander voltou a entrar no seu quarto. Apesar de ser muito tarde da noite. E ainda por cima, depois daquele baile que ela organizou.

- "Posso entrar?" - ele perguntou depois bater na porta e entrar.

- "Alexander?... Você me assustou."

- "Me desculpe..."

- "Sim, pode entrar..." - ela disse, Alexander fechou a porta e se aproximou dela.

- "Pensei que já estaria descansando. Me desculpe por ter tomado o atrevimento de vir."

- "Não se aquiete... Eu ainda não conseguia dormir. Estava pensando em como tudo aconteceu hoje à noite."

- "Tudo aconteceu como devia acontecer... Você foi uma excelente anfitriã. Eu já te disse o quão bem você esta desempenhando o papel de Duquesa?"

- "Acho que sim..."

- "Eu apenas queria me certificar mais uma vez..." - me aproximo um pouco mais dela, pousando seus olhos nos dela. Olhando para eles como fossem se perder neles. - "Todos o convidados não pararam de me dizer que eu fiz uma excelente escolha por ter me casado com você."

- "Então, acho que posso me sentir lisonjeada."

- "E eu..." - ele segurou o queixo dela com sua mão direita, para levantar o seu rosto um pouco mais. -  "Afortunado."

Não. Ele não devia está ali. Devia estar em seu quarto, longe dali. Mas de novo, não entendia aquela força maior que o levava sempre para aquele lugar. No princípio, ele havia usado a desculpa, que ela precisava engravidar o mais rápido possível. Ele precisava com urgência de um herdeiro homem. Mas agora... Agora cedia a outro desejo.

Era como se não pudesse conciliar o sono, se não a visse antes de ir dormir sem vê- la, sem sentir o seu corpo no dele. Escutar seus gemidos. Sentir sua entrega. Mesmo que aquilo o fizesse lutar consigo mesmo.

Por acaso isso não era um casamento de conveniência? Onde ficava a conveniência quando estava com ela? Ele devia tomar controle do que fazer, mas as vezes, sentia que ela tinha controle sobre ele. Um controle que ela mesma ignorava.

Ele aproximou os seus lábios aos de Amberly e se permitiu se perder na sensação que eles lhe produzia. A sensatez poderia ir embora por onde ela tinha vindo. Embora depois, ele mesmo se reprovará por seus atos.

Ele foi a despindo com ternura, retirando aquela camisola de seda azul turquesa. Ele a tomou em seus braços para levá- la até a cama, que a seu parecer o chamava com desespero.

Logo, foi ele quem retirou a sua própria roupa, seus lábios se chocaram novamente contra os dela e a beijou como se não fosse ele, como se dentro dele houvesse um novo Alexander. Ele se perdeu na sensação que sentia ao amá-la, sem se deixar se persuadir por seus pensamentos inquisitivos, que tentavam o lembrar, como era e deveria ser aquele casamento.

Mas não escutava nada daquilo... Só uma coisa, foi o que lhe fez ficar contra a parede. E abrir os olhos, para refletir de novo.

- "Eu te amo..." - ele escutou ela murmurar, depois que ela colocou a cabeça em seu peito, antes de adormecer.

Aquilo era algo que ele havia evitado. Ou havia acreditado ter evitado, ao ter sido claro desde o princípio. Mas logo, aquelas palavras haviam lhe esbofeteado. Ela havia dito aquelas palavras, sendo inconsciente da magnitude que havia tido sobre seu ser.

Eu te amo...

Aquelas palavras estavam fazendo ecos em seus ouvidos. Um eco cruel que corroía a alma.

Ele se colocou de pé, não podia continuar naquele quarto. Sentia que havia traído a lembrança de sua amada Amélia e havia traído a si mesmo. E havia chegado ao limite do inconcebível e inaceitável.

Agora mais do que nunca ele esperava que ela já estivesse carregando um filho seu no ventre, pois não pensava em tocá- la de novo até que a sensatez e seu juízo estivesse em eu perfeito estado.

(...)

Amberly acordou, antes que a luz do amanhecer entrasse por sua janela. Alexander havia ido embora, pois sentiu que o seu lado da cama estava frio. Como se ele nunca estivesse estado ali. Amberly sentiu uma repentina onda de dor e culpa dentro dela.

Uma lágrima a lembrou o quão tonta ela havia sido ao sussurrar o que sentia por ele, pensando que talvez que tudo entre eles começava a mudar.

Às vezes ela acreditava que aquele casamento não tinha nada de conveniência, mas em momentos como esse, a fazia voltar a pôr os pés no chão.

- "Fui uma idiota... pensei que ele não havia me escutado. Pensei... Pensei que provavelmente estava sendo muito dura comigo mesma. Devia ter protegido o meu coração com mais força... Devia ter silenciado minhas palavras. Mas, te amo... Te amo. E é algo que não posso guardar pra mim... Por que tem tanto medo de ver isso? Não estou pedindo nada de você. Embora me faria muito feliz se você pudesse me amar também. Quando vou aprender que entre o fantasma de sua ex-esposa e eu há uma grande diferença, onde sei que ela sempre ganhará?"

AMBERLY - A NOVA DUQUESA DE SOMERSHAM Onde histórias criam vida. Descubra agora