Capítulo XXXIII

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Maratona Final 3/4

As primeiras luzes do amanhecer varreram a agonia e a angustia da noite, Alexander finalmente se permitiu entrar no quarto de Amberly. Ela estava imóvel sob a cama e por um instante seu coração se sobressaltou. Ela ainda estava tão pálida como lençol que cobria o seu peito. Seus olhos ainda estavam fechados, seus cílios grossos e dourados contrastavam com a brancura de suas bochechas.

Uma emoção crua oprimiu o seu coração, fazendo-o se sentir que nem sequer conseguia respirar. Era como se ele estivesse vendo Amberly sem vida. Como se o fantasma da morte a tivesse levado, o afastando dela por causa de sua atitude egoísta. Era como estimando vendo ela ser preparada para seu velório. Não, ela não podia estar morta. Não... Ela não podia estar morta.

- "Amberly... Não me deixe. Não me deixe...  Eu te amo... Por isso me afastei, por que quero estar perto de ti..." - Alexander se ajoelhou ao lado dela na cama, enquanto suas lágrimas começavam a molhar o seu rosto. - "Por favor, me escute... Preciso de você. Fui um idiota por não ver que eu realmente te amava desde que você entrou em meu coração... Eu te amo, Amberly... Me apaixonei por você e eu tive medo esse tempo todo..."

- "Alexander..." - sua voz era tão fraca que a princípio Alexander pensou que havia escutado mal. Até que percebeu que ela havia começado a mexer as pálpebras e pouco a pouco abrir seus olhos.

- "Amberly... Amberly... Deus, pensei que ia te perder! Algo que não ia poder suportar jamais!" - ele disse e se abrigou em seus braços, apoiando a cabeça contra o peito dela, enquanto as lágrimas continuavam inundando seus olhos. - "Eu agi como um idiota durante todo esse tempo... E olha o que eu consegui! Quase te perdi por burrice!"

- "Alexander..."

(...)

Os dias seguintes se passaram para Amberly como uma neblina. Por causa de sua fraqueza, as vezes ela só acordava para amamentar o seu filho e para comer alguma coisa.

Uma semana logo se passou antes que Amberly conseguisse ficar de pé, suas pernas pareciam feitas de gelatinas, porque quando tentou se colocar de pé pela primeira vez, ela quase caiu. Com a ajuda de duas criadas, enquanto outras duas trocavam os lençóis, Amberly finalmente pode tomar um bom banho.

Após o banho, ela esperou que levassem o seu filho para que ela desse de mamar. Quebrando todos os paradigmas daquela alta sociedade.

- "Você é um lindo presente de Deus..." - Amberly disse para seu bebê docemente.

- "Assim como sua mãe é em minha vida..."

Amberly olhou em direção a porta e encontrou Alexander parado. Logo ela viu ele se aproximar deles e se sentar na cama. A criada que ainda se encontrava ali saiu, os deixando sozinhos.

- "Como você amanheceu?"

- "Bem... Me sinto cada vez melhor."

- "Você não sabe o quão feliz fico por saber disso..." - Alexander murmurou ao roçar seus dedos no rosto de Amberly com ternura. Ele olhou com raiva aquela ferida que o seu primo distante havia feito em seu pescoço. Mas quando levantou o olhar, encontrou o olhar de Amberly, as bochechas dela estavam ruborizados e viu que ela também o contemplava. - "Você está linda segurando o nosso filho... Me desculpe pelo o que você passou por minha culpa. Nunca poderei perdoar a mim mesmo. Muito menos quando compreendi o que minha indiferença fez com você... Fui o causador que fez você querer ir para Bath para que nosso filho nascesse em boas condições, que por causa de minha cegueira eu não podia te oferecer. Eu..."

- "Nós dois cometemos erros..." - ela murmurou querendo desviar o olhar mas ela se sentia incapaz de fazer isso. - "Na verdade, eu sou consciente que você ofereceu a sua vida quando seu primo distante quis me fazer mal. Eu me lembro e jamais poderei esquecer."

Seu olhar parecia ficar mais profundo. Muitas vezes durante essa semana, Amberly havia sentido sua presença, havia ouvido o tom profundo de sua voz.

Muitas vezes havia sentido o fraco roçar das pontas dos seus dedos acariciar o seu rosto, pois ela teria reconhecido seu toque em qualquer lugar ou circunstância. E podia jurar que havia sentido seus lábios quentes roçar brevemente os seus.

E outra vaga lembrança apareceu em sua mente.

>> - "Amberly... Não me deixe. Não me deixe...  Eu te amo... Por isso me afastei, por que quero estar perto de ti..."

Ele realmente habia dito isso? Ou era uma fantasia boba de uma lembrança que nunca havia acontecido e sua mente havia criado em seu estado de inconsciência?

Naquele instante, era o que mais ela queria saber. Queria pelo menos ter a coragem de perguntar, sem estragar o momento.

Seu olhar logo caiu em seu filho, que ainda se alimentava avidamente. Alexander suavemente colocou sua mão na cabecinha do bebê e depois acariciou suas bochechas.

- "Já pensou em algum nome para colocarmos nele?" - ele perguntou olhando novamente nos olhos dela.

- "Eu pensei em colocar o nome do seu pai e do meu... Edward Thomas Fitzgerald..."

- "Edward Thomas?" - ele disse pensativo. - "Parece interessante. Eu gostei..."

- "O que foi Alexander?" - ela perguntou ao ver aquela tristeza em seus olhos.

- "Amberly... Eu nunca quis te machucar. Me equivoquei quando enganei a mim mesmo... Por isso me afastei, porque havia compreendido que o que sentia por você não era nenhum compromisso. Mas amor... Você havia derrubado minhas muralhas... Sim, eu te amo... Te amo mais do que pensei que poderia amar outra vez. Foi você quem me ensinou a voltar a me sentir vivo."

- "Isso ficou no passado..."

- "Não... Porque sempre me questionarei se ao menos mereço o seu perdão. Cada vez que olhar para seu pescoço, lembrarei que quase te perdi por causa dos meus erros." - ele tocou aquela cicatriz. Ele se sentia ferido. - "Deveria ter sido um marido melhor pra você. Devrria ter cuidado de você como prometi. Você é minha esposa... E olha o que aconteceu por causa dos meus erros?"

- "Alexander..."

- "Cada vez que te olho, me questiono se ao menos mereço uma segunda oportunidade para remediar o que fiz. Uma oportunidade para começar de novo e poder evitar que cometa os mesmos erros..." - ele se referia a aquela relação que havia entre eles a partir desse momento.

Ele não queria uma esposa que atuasse como uma estátua de mármore, mas queria uma esposa que o amasse e que ele amasse também.

- "Alexander... Você já tem essa oportunidade..."

- "Você me perdoa? Acha que um dia poderia voltar a me amar?"

- "Meu coração sempre foi seu, Alexander... Só seu."

- "Você dizia tantas coisas em sua carta... Vivi com o temor todo esse tempo de que o que você disse fosse verdade agora... De que já não queria me amar."

- "Eu pensava em fazer, eu juro... Me obrigaria a fazer. Mas sei que você é sincero. Mas a pesar de tudo, eu continuo te amando."

AMBERLY - A NOVA DUQUESA DE SOMERSHAM Onde histórias criam vida. Descubra agora