Capítulo XXII

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Aquela noticia foi inesperada para Alexander, jamais teria imaginado que seu melhor amigo teria se apaixonado por sua irmã mais nova. E quem era ele para impedir que aquele casamento aconteça?

- "Você não vai ficar irritado por esconder de você, os meus sentimentos por sua irmã?" - Andrew havia expressado com certo receio. - "Para ser sincero, tenho que admitir que não esperava isso de mim mesmo... Mas sua irmã me fez ver o quão cego estava sendo, se tivesse continuado permitindo que os outros se aproximassem, poderia tê- la perdido se tivesse encontrado alguém melhor que eu..."

- "Te conheço desde que éramos crianças. Jamais pensei que algum dia você poderia se interessar por Anne."

- "Eu também não... Mas aqui estou eu, pedindo para que não me negue o direito de poder cortejá- la como se deve."

- "Estou te ouvindo e acho que estou vendo outra pessoa..."

- "Certamente... E a culpada disso é Anne com sua indiferença, desde que começou a ser fria e distante comigo."

- "Pelo que vejo ela te pegou de jeito." - Alexander disse tentando zombar de um ex-libertino. - "Sente que está deixando sua vida passada por uma boa razão?"

- "Sim, e isso ainda me surpreende."

- "Não tanto quanto a mim... Alguma vez você pensou que esse dia chegaria?"

- "Certamente, eu esperava... mas não dessa maneira." - ele disse sendo sincero. - "Você me permitirá vim visitá- la mesmo enquanto você estiver em Londres?"

- "Minha mãe estará aqui o tempo todo, acho que isso é mais que suficiente para saber que a integridade da minha irmã permanecerá intacta até que vocês se casem."

- "Sim, isso será o suficiente." - ele diz se sentindo resignado.

Na tarde daquele dia Alexander foi embora como havia prometido a si mesmo, deixando Amberly e sua família pra trás, usando a desculpa que ele tinha assuntos importantes para ser resolvidos em Londres, quando a única verdade é que ele queria se ausentar da presença de Amberly, e daquele sentimento que a cada dia ia aumentando por ela.

Mal sabia ele, que ele foi embora deixando a sua jovem esposa em perigo.

(...)

O homem que Lorde Steven Wallace; primo distante do Duque Fitzgerald, havia começado a trabalhar nas terras do Duque, sem deixar visível as verdadeiras razões que o havia levado  a aceitar àquele trabalho em Somersham. Aproveitando a ausência de Alexander, para vigiar, dia após dia os passos da duquesa e da família do duque.

(...)

Um frio inverno logo se aproximou, deixando para trás aquele outono com suas folhas secas, fazendo com que aquela distância de Amberly que Alexander desejava criar fosse ainda mais visível. E ainda mais com aquelas cartas distantes e monótonas que ele enviava para ela.

- "Você está bem?" - Anne perguntou sem saber como desculpar seu irmão por tal comportamento. Realmente ela não entendia como seu irmão preferia ficar em Londres enquanto sua esposa estava à espera de seu primeiro filho.

- "Sim..." - Amberly disse fingindo estar bem, enquanto seu coração se partia um pouco mais.

- "Quer ir dá uma volta e tomar um pouco de ar fresco?"

- "Estou bem." - ela suspirou. - "Acho melhor não inquietarmos sua mãe e nem a Stephanie. Irei me deitar um pouco..."

- "O que meu irmão escreveu? Por favor seja sincera comigo, isso te deixou chateada, posso ver isso em seus olhos."

- "Nada..."

- "Nada?"

- "Nada mais que palavras frias." - Amberly disse a entregava a carta enquanto se negava a chorar.

Amberly se lembrava que para ele, ela não passava de uma esposa por conveniência, ela só estava recebendo o tratamento de um marido que não a amava.

Anne a olhou ainda surpresa sem saber o que dizer. Realmente eram palavras distantes, que expressavam nada além que um fingido interesse por expressar algumas meras palavras.

- "Amberly..."

- "Não se preocupe, Anne. Seu irmão nunca fez nenhum juramento de que iria me amar... Eu só..."

- "Se apaixonou por ele como uma esposa sensata e inteligente deveria fazer... Isso é algo que meu irmão pelo menos deveria agradecer."

- "Anne..."

- "Venha, vamos caminhar pelo jardim... Você está triste pelas palavras frias e distante do idiota do meu irmão... Não posso acreditar que ele tenha se transformado nisso... Juro que eu o admirava, mas eu jamais pensei que ele chegaria a ser um homem tão estúpido." - disse desejando esbofetear seu irmão enquanto amassava aquela carta.

- "Não é culpa sua... Irei me deitar. Não precisa levar isso à sério."

Anne a tomou pelo braço direito se negando a escutar aquela súplica, enquanto a arrastava para fora daquela casa.

- "Não o defenda... Nenhuma mulher merece ser tratada como ele tem te tratado. Você não é apenas um troféu que embeleza a sua propriedade. Você é a sua legítima esposa. A mãe do futuro Duque de Somersham."

- "Anne..."

- "É melhor irmos até o jardim de inverno para conversarmos. Não vou tolerar que meu irmão te faça sofrer e muito memos chorar. Sua atitude também está afetando Stephanie... Já não sei o que dizer cada vez que pergunta se ele virá antes do próximo ano chegar. Ela sente falta dele..." - ela ia dizendo enquanto caminhavam em direção ao jardim de inverno sem perceber que estavam sendo observada.

- "Acho que de certa forma eu também sou culpada... Penso que se..."

- "Nem pense em dizer que é sua culpa! Você me ouviu?"

- "É assim que me sinto..."

Naquele instante Amberly não conseguiu deixar de desabafar, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ela se sentia tão frágil e tão culpada, Stephanie também já havia perguntado sobre a volta do seu pai, e ela não sabia o que dizer para a menina.

- "Sente-se... Isso não está te fazendo bem e isso com certeza também não faz bem ao bebê que cresce dentro de você."

- "Anne..."

- "Vou buscar uma maneira de fazer meu irmão mudar de ideia, eu te prometo. Eu me cansei de te ver assim se fingindo de forte na nossa frente. Essa também é a sua família. Você não é nenhuma usurpadora nesse lugar. Você não entrou na vida do meu irmão, mas foi ele quem entrou na sua..."

- "Ele ainda ama a mãe de Stephanie... E nós duas sabemos que não posso lutar contra isso. Eu apenas sou..."

- "Sua nova esposa... E a mulher que ele agora deveria amar e fazer feliz."

- "A vida nem sempre é cheia de felicidade..."

- "Me nego que essa seja a sua vida, quando você é uma mulher maravilhosa..."

A porta do jardim de inverno logo rangeu e se fechou de golpe, lhes deixando visível que mais alguém havia estado ali e havia escutado sua conversa.

- "Espere aqui..."

- "Eu vou com você." - Amberly disse sentindo uma repentina pontada no coração como se algo ou alguém lhe advertisse que algo ruim iria acontecer.

- "Isso é fumaça?... Oh, por Deus!" - Anne disse ao ver a fumaça entrando pela janela. - "A porta está trancada... Ela não abre... Socorro! Socorro!" - ela começou a gritar junto com Amberly, rezando para que alguém, qualquer um que pudesse escutá- las e viesse livrá-las de uma morte terrível..

AMBERLY - A NOVA DUQUESA DE SOMERSHAM Onde histórias criam vida. Descubra agora