040. essa minha bagunça

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Voltei! Esse capítulo tem musiquinha, só sinta a vibe. Se tiver um tempinho, veja o vídeo e leia a tradução, mas, caso não tenha, eu irei colocar alguns pedacinhos. A tradução da música vai explicar um pouco mais do que a Any está sentindo. Vou avisar o momento de dar play.

Tenha uma boa leitura! - tata. 🍭

Any Gabrielly

Los Angeles, sábado 30 de maio. ─ cinco dias até a mudança.

Não sei o que quero, também não quero pensar demais, então acho que é melhor não descobrir. Contra a minha vontade, descobri.

Acordei com uma enorme dor de cabeça e suando. Eu estava com febre. Febre nesse calor infernal de Los Angeles. Não poderia acordar melhor. ─ bufei ao lembrar que assim que o remédio fizesse efeito sentiria mais calor ainda.

Levantei com muita dificuldade da cama e fui até o quarto da minha mãe. Precisava de algum remédio e o quarto dela era ótimo para achar qualquer um. Aliás, um bom lugar pra concorrer com uma farmácia. Priscila tinha todos os remédios possíveis, para qualquer dor que tivéssemos. Eu sempre encontrava o remédio perfeito naquela maletinha de primeiros socorros.

─ Mãe? - empurrei a porta que estava entre aberta. Coloquei a cabeça para dentro do quarto pra ver se alguém estava ali, mas não tinha ninguém.

Ela devia ter ido no salão ou ao mercado, já que hoje é seu dia de tirar folga.

Entrei no quarto e fui em direção ao seu armário pegar a maleta. Abri a última porta do lado esquerdo e peguei a caixa.

─ Aí. - resmunguei ao sentir alguma coisa cair no meu dedo e rolar para debaixo da cama.

A vontade de abaixar pra pegar, seja lá o que tivesse escorregado da minha mão, era zero. Meu corpo todo doía, abaixar foi pior ainda.

Estiquei o braço pra pegar um teste de gravidez. ─ era isso que tinha caído de dentro da caixa.

O teste não estava usado, mas não foi isso que me intrigou e sim uma caixa colorida debaixo da cama. Eu me estiquei mais para alcançar a caixa cheia de poeira, assim que a peguei, sentei na cama dos meus pais e abri.

A caixa era da minha tia Louise. Foi o que a etiqueta amarela presa disse.

Dentro dela havia muitas folhas mal dobradas, algumas amareladas e outras nem tanto. Também tinha botões, agulhas e rolos de linhas. Peguei um papel mais antigo e pus-me a ler:

Priscila, minha querida irmã.

Hoje, dia 07 de novembro de 1994, resolvi escrever pra você. Queria expressar em palavras a enorme saudade que sinto de todos aí. Sinto saudade da nossa amizade, pri. Por favor, cuide daquilo que sempre quis, daquilo que era de minha responsabilidade cuidar. Espero que um dia você possa ser capaz de liberar perdão a mim e, por isso deixo uma reflexão: Segundo o professor Schiamberg, "não é possível determinar o momento em que nos apaixonamos." Sabe, talvez seja por isso que nunca lhe respondi. ─ sinto muito, inclusive.

Com saudade, carinho e muito amor,
Louise.

A letra era madura, provavelmente escrevera a carta na juventude. Traços arredondados preenchiam ali, expondo a delicadeza e carinho, exagerado, com todos que mantinha contato. ─ como minha mãe tinha a caracterizado.

Sobre a carta: lê-la só havia servido para me encher. Eu estava prestes a transbordar todos as dúvidas.

Minha tia era apaixonada pela minha mãe? ─ questionei-me. Ajeitei o meu corpo na cama, aquele assunto era intrigante. A carta era antiga, é claro. Mas, ali parecia ter as respostas e motivos de confusões recentes.

𝑃 𝑟𝑜𝑓𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 𝑒 𝑎𝑙𝑔𝑜 𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 | beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora