Sei que não vão ler nada aqui em cima mesmo, então nem vou perder meu tempo!Vai que vai!
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– Bia...
Bianca levantou o tronco, juntou as sobrancelhas e duvidou muito de sua sanidade antes de virar em direção à porta da sala, e quando virou, teve a confirmação que, estranhamente, não lhe assustou mais do que lhe acalmou o coração.
Antes de qualquer outra reação, Bia apenas fechou os olhos e baixou a cabeça por um segundo.
B: Eu não tenho nem susto mais pra gastar com você, Rafaella. – abriu os olhos e levantou-se do sofá.
R: Que bom, assim a gente pula essa parte. – abriu um sorriso ainda bastante discreto.
A mineira olhou para o sofá e não resistiu:
– Eu posso? – apontou para Luete, que havia levantado e chegado mais perto dela.
B: O que? – não entendeu mesmo.
R: Posso pegar ela sem você surtar com a pobrezinha por me cumprimentar? – não aguentou e aumentou o sorriso.
Bianca teve que olhar para o alto para não se deixar dobrar ali mesmo, naquele instante, pois a lembrança resgatada por Rafaella lhe enterneceu incontrolavelmente.
B: Fica à vontade! – pronunciou logo, respirando fundo e voltando o olhar na direção da dupla.
E o erro foi enorme, porque se ela queria fugir de resgatar cenas que lhe emocionavam, ver Rafaella afofando Lua definitivamente não ajudava em absolutamente nada.
Não ajudava mesmo, mas ela se manteve firme até a cena terminar.
B: Como você chegou aqui? – perguntou suave, sem se estressar.
R: Mari me deu seu endereço, e Marcela me ajudou a entrar. – soltou a gatinha novamente no sofá.
B: O complô, meu Deus! – revirou os olhos – E claro que a quenga da Marcela está envolvida, por isso saiu daqui debochando de mim! – sorriu irônica, e caminhou até a taça de vinho que tinha sido largada no aparador próximo ao sofá.
R: Eu insisti com as duas, Bia, coloca tudo nas minhas costas, por favor. – estava tão nervosa que não sabia nem onde colocar as mãos. Bianca percebeu, mas seguiu só observando.
B: Eu também não tenho forças para reclamar ou me indignar com mais nada, Rafaella, então nem se preocupe.
O silêncio permaneceu entre elas por um segundo.
B: Não era você que não queria mais estar perto de mim essa noite? – na falta de palavras de Rafa, veio a provocação. – Veio até aqui por quê?
R: Não distorce as coisas, não, Bia, por favor. – pediu com carinho – Eu só tentei não complicar tudo ainda mais.
B: E mudou de ideia por qual motivo? – bebeu mais do vinho.
R: Mudei de ideia, porque refleti melhor e percebi que se eu deixasse as coisas do jeito que ficaram quando você saiu lá da Manu, talvez elas se complicariam ainda mais do que eu estava tentando evitar. – caminhou até a garrafa de vinho e olhou para Bianca, que fez o gesto para que ela fosse em frente e se servisse.
B: E isso é possível? – soltou uma risada irônica.
R: Claro que é, não? – terminou de servir a bebida e chegou mais perto novamente – Da última vez em que nós discutimos, uma não acreditou na outra e ninguém se mexeu, ficamos seis meses sem nos vermos ou nos falarmos. – Bianca baixou o olhar antes do complemento – E foram os piores meses da minha vida.
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Cinco Dias (RABIA)
Hayran KurguQuando o isolamento não deixa outra alternativa a não ser dar vida ao que se tentou evitar e mascarar, mas que de fato tem força suficiente para mudar a nossa vida.