Ventura

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* SUSPIRO *

Bom, vamos lá!

Eu estou com nosso último capítulo pronto desde sábado e estava esperando criar coragem para postar.

A coragem veio na marra, mas felizmente veio.

Eu tenho muito a falar com vocês, mas não vai ser aqui.

Por ora, respirem fundo e mergulhem uma última vez no nosso casal.

Mais do que nunca, eu espero que gostem!





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VILANCULOS, MOÇAMBIQUE, 19 de DEZEMBRO DE 2021:

No final da tarde daquele domingo, apoiada no vidro da varanda da suíte do hotel, Bia deixava seus pensamentos vagarem tão distantes quanto sua visão podia alcançar no horizonte que já começava a se enfeitar com as cores quentes que acolheria o pôr do sol.

Não foram muitos os minutos que ela teve exclusivamente em sua própria companhia, mas surpreendentemente eles deram conta de percorrer um lapso cronológico tão extenso e intenso, que nem ela acreditou quando se percebeu mergulhada em tantas instâncias de sua vida.

Fez isso mesmerizada, sem tirar os olhos do aglomerado de nuvens que atravessavam o céu e das águas do Índico que resplandecia um azul ainda mais exuberante naquele encerramento de dia.

E o mais gratificante é que tudo que passava em sua cabeça naquele momento só reforçava as certezas acumuladas ao longo do ano.

Ainda absorta, ela demorou um pouco a desligar o transe quando ouviu a porta do banheiro se abrir, mas assim que conseguiu processar o som, girou logo o corpo na direção oposta para enxergar o interior da suíte.

Quando fez isso, seu olhar foi imediatamente preenchido pelo contentamento e pelo orgulho indisfarçáveis, como acontecia sempre que ela se concedia a euforia de admirar Rafaella caminhando em sua direção.

Naquelas circunstâncias então – de pés descalços, trajando um vestido soltinho, de tecido leve esvoaçante, e com os cabelos ondulados emoldurando perfeitamente o rosto deslumbrante – era uma combinação potente demais para qualquer mortal, que dirá para a mais indefesa das mortais ao efeito daquela imagem.

R: Que sorrisinho de canto é esse, hein? – teve que ressaltar o óbvio, assim que alcançou a varanda.

B: O que é que tu acha? – estendeu a mão para pegar a da namorada.

R: Tá aprontando alguma coisa, só pode! – deixou-se enlaçar pela cintura.

B: Erradíssima! – alcançou os lábios fartos para um selinho carinhoso antes de esclarecer – Só fiquei aqui me sentindo derrotada e pensando no quanto sempre vão ouvir meu latido até na Austrália quando eu te vir de vermelho assim. Acho que isso não vai mudar nunca.

R: Pois eu achei que tinha mudado, porque fazia era tempo demais da conta que eu não ouvia isso. E às vezes eu me esforço tanto, sabe? Gasto meu salário da Globo inteiro com sacolas e sacolas de peças de roupas vermelhas. – falou em tom falsamente magoado.

B: Ô, meu Deus... – devolveu dengosa – Quem aguenta essa quenguinha que admite, sem medo nenhum do inferno, que vive jogando baixo com a namorada cabeça fraca?

Cinco Dias (RABIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora