Capítulo Três

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                               Guilherme Alcântara: 

            Mais um sábado de baile, isso me dava mais trabalho do que nos dias normais, por mais que os vapores sempre estivessem dispostos a ajudar, eles tinham outras obrigações, e Menor parecia realmente fascinado naquela novinha, por mais que eu não confiasse nem um pouco naquela garota, mas, isso era problema dele, desde que ela não fizesse nada contra o morro, nós não teríamos mortes desnecessárias.

_ Que confusão é essa? - Perguntei parando no meio da praça, eles tinham que estar arrumando o pavilhão e não parados ali como um monte de idiotas. _ Pensei ter dado ordens expressas para vocês cuidarem do pavilhão, se algo der errado nessa noite, Menor vai arrancar cabeças e eu não direi proteger ninguém.

_ Nós até tentamos segui as suas ordens chefe, mas, aquela visão não deixa com que ninguém se concentre. - Falou Neguinho fazendo com que eu lhe encarasse com a sobrancelha arqueada. _ Olha aquele corpo, aquela raba, até aqueles cabelos combinam com ela.

_ Eu não acredito que vocês estão parados olhando pra uma mulher. - Rosnei furioso vendo olhos sendo arregalados, eu não costumava alterar o meu tom de voz, mas, aquilo era ridículo. _ Todo ele circulando, não quero ver mais ninguém plantado nessa praça se não pra trabalhar. Deixem a garota trabalhar em paz.

_ Nós estamos deixando chefe, estamos apreciando só de longe. - Falou Caveira sorrindo. _ Nunca vi uma mulher tão linda, essa eu fazia a minha fiel sem pensar duas vezes, todos estão a chamando de Miss Alemão, o chefe com certeza vai querer ela hoje a noite. Aquela sim é uma novinha top.

            Revirei os meus olhos colocando todo ele pra correr, eu não merecia além de Matheus me dando dor de cabeça por conta de mulher, agora todos os vapores estavam hipnotizados por conta de uma raba bonita, era o cúmulo, aquele complexo realmente não tinha mais jeito. Cruzei os meus braços e esperei com que ela terminasse de arrumar a vitrine, agora eu queria saber o que ela tinha de tão especial para estar chamando atenção de geral.

            Puta que me pariu! Eu sabia que aquela raba e os cabelos ruivos não me pareciam desconhecidos, aquilo era o começo da terceira guerra mundial, quando Matheus descobrisse sobre aquilo não iria sobrar casa sobre casa naquela morro.

_ Está tudo bem chefe? - Perguntou Caveira encarando-me. _ É um anjo em forma de mulher.

_ Tire os olhos daquela mulher. - Mandei colocando a mão no seu ombro. _ Quem deu autorização pra ela se mudar para o morro e a quanto tempo ela está trabalhando na loja da dona Júlia?

_ O chefe deu autorização, eu estava com o Lipe no dia que ela chegou. - Respondeu ele encarando-me confuso. _ Ela está trabalhando desde o começo da semana, parece que está morando com a professorinha, as duas são amigas a muito tempo e a garota estava em uma situação financeira difícil, isso é tudo que eu sei.

_ Mande com que Lipe me traga a ficha dessa mulher. - Mandei cruzando os meus braços. _ Com urgência, mande com que ele pare tudo que está fazendo apenas para me encontrar e não quero desculpas.

             Respirei fundo enquanto continuava a lhe encarar trabalho, mesmo estando mais velha era impossível não reconhecer Heloísa, ela estava mais magra, seus cabelos mais compridos, porém, ainda eram os mesmo olhos verdes, o sorriso doce que enganaria qualquer homem daquele complexo, ninguém sabia o fera que aquela mulher era e ninguém iria querer saber o inferno que viraria aquele morro quando ela descobrisse sobre Matheus.

_ Qual o seu problema com a novinha? - Perguntou Lipe parando ao meu lado e secando-a. _ Ela é a nova atração do Complexo do Alemão, todas as novinhas estão furiosas porque ela é bonita, simpática e está chamando mais atenção do que elas.

_ A ficha. - Pedi enquanto escutava resmungar o quanto Heloísa poderia ser interessante, como se eu não conhecesse aquela mulher melhor do que qualquer pessoa naquela cidade. _ Menor realmente concordou com a estadia dela no morro?

_ Ele realmente não deu muita atenção para as fichas, porém, aceitou todos os novos moradores sem arrumar problemas, ele estava mais interessado na novinha do que nos moradores. - Respondeu Lipe cruzando os braços. _ Mas, por que está tão nervoso com isso? Só lhe vejo nessa pilha de nervos quando há uma invasão.

_ Porque essa garota é o começo da terceira guerra mundial. - Respondi dando-lhe as costas e indo na direção da boca. _ E uma guerra mundial nunca vista em todo o mundo, você não vai querer estar por perto quando essa bomba explodir e cabeças começarem a rolar.

_ Ela é algum tipo de X9 para fazer com que Menor fique tão irritado? - Perguntou Lipe seguindo-me e fazendo com que eu revirasse os olhos. _ Ele vai me matar quando souber que eu deixei com que isso acontecesse.

_ Antes ela fosse um X9, assim era apenas colocar um fim na vida dela. - Resmunguei encarando-a. _ O problema é muito mais sério do que esse e você vai ver um Menor tão irritado que ninguém vai querer chegar perto dele pelo resto da sua vida.

            Ele arregalou os olhos que eles quase saíram das orbitas. Cheguei na boca sabendo que eu iria ter uma longa e cansativa conversa com Matheus e esperava que ele não tivesse um ataque de fúria, pois, aquilo colaria todo aquele morro abaixo.

_ Meu caro amigo, pensei que nunca fosse aparecer, tenho uma tarefa especial para você. - Avisou Matheus sorrindo quando eu me aproximei dele. _ Tenho alguns assuntos para resolver durante todo o dia, então está no comando. Tome conta de tudo enquanto eu irei me divertir com a novinha, aquela garota sabe fazer coisas que até o diabo dúvida.

_ Precisamos conversar. - Avisei colocando a mão no seu ombro enquanto apertava a folha nas minhas mãos. _ Acho que isso é mais importante do que você fuder com aquela novinha.

_ Deixe isso para outra hora, é sábado, você sabe que eu não gosto de resolver problemas nos sábados. - Falou ele passando por mim. _ Fique com isso na cabeça e volte na segunda, tenho certeza que depois de um baile vai fazer com que todos os seus problemas desapareçam.

            Ele saiu deixando-me sozinho no meio da boca perplexo, eu tentei resolver a situação de uma forma pacifica e ele não tinha nem ao menos tentando me escutar.

_ Você viu eu tentei o avisar. - Falei passando por Lipe. _ Agora vamos esperar e ver o circo pegar fogo, pois, quando esses dois se encontrarem a guerra estará declarada e aquela mulher é muito mais perigosa do que qualquer inimigos que podemos chegar a ter.

            Vi ele engolir a seco e saí a passos largos da boca colocando a ficha de Heloísa no meu bolso e indo resolver os problemas mais importantes, afinal, ela não era problema meu e sim de Menor e aqueles dois que se resolvessem, eu tinha tentando ajudar, ele que não quis me ouvir.

_ Guilherme! - Exclamou Mariana aproximando-se de mim com um sorriso no rosto, aquela novinha não sabia o efeito que aquele sorriso tinha sobre mim, eu estava realmente derretido por aquela mulher. _ Desculpe interromper você, mas, a diretora pediu que esses papéis chegassem as mãos do Menor e eu não queria ter que ir até a boca.

_ Não se preocupe eu irei entregar para ele. - Falei tocando levemente nas suas mãos quando peguei os papéis. 

_ Obrigado. - Agradeceu ela sorrindo. _ Eu preciso voltar, tenho aulas para preparar, quem sabe nos vemos mais tarde no baile. Boa tarde.

_ Boa tarde Mariana. - Sussurrei encartando-a se distanciar, aquela mulher ainda iria me levar a loucura.

           Eu realmente parecia um bobo apaixonado toda vez que ela se aproximava de mim.



Meu Ex é o Dono do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora