Marta Monteiro:
— Como está o meu filho? - Perguntei entrando naquela clinica precária, pelas condições o médico não poderia passar de um açougueiro. —Não faça rodeios, pois eu não sou uma mulher paciente e não irá querer me ver irritada.
— Ainda é cedo para dar notícias concretas. - Avisou o médico e eu rolei os olhos. — O chefe perdeu muito sangue e estamos tentando conseguir mais bolsas de sangue, se não conseguirmos iremos tentar transfusões de dentro da comunidade.
— Transfira o meu filho para um hospital descente. - Rosnei encarando Guilherme. — Essa criança irá o matar antes do amanhecer e eu não irei deixar com que isso aconteça.
— Tia, isso não será possível. - Avisou ele e eu rolei os meus olhos, aqueles moleques estavam realmente testando a minha paciência. — Tirar o chefe da comunidade pode ser um tiro no pé, principalmente porque a polícia não engoliu perder tantos homens na invasão de hoje. Uma operação como essa iria ser grandiosa e chamar atenção desnecessária.
— Meu caro, eu irei cuidar disso. - Garanti passando por ele e apertando o seu braço. — Apenas mande com que esse açougueiro prepare o meu filho, pois eu não irei deixar com que ele morra nessas condições.
Ele me encarou e anuiu quando eu saí daquela clinica, o cheiro etílico do antisséptico estava me deixando maluca, entrei no carro e ordenei com que o vapor me desse licença, pois eu não queria que ninguém escutasse a minha ligação, era melhor manter alguns contatos em sigilo para que não houvessem problemas relacionados a nepotismo.
— Preciso de uma ambulância e escolta. - Avisei assim que a pessoa atendeu a minha ligação. — Não me faça perguntas, apenas faça isso por mim, você sabe que não pode me negar nada, principalmente em uma situação como essa.
— Não me coloque nessa situação. - Pediu a pessoa e eu apenas dei uma risada, eu não iria deixar com que ele me passasse para trás. — Você sabe que não é possível entrar com uma ambulância nesse momento, todos os olhos estão voltamos para a comunidade.
— Eu não estou pedindo para que você, estou avisando que eu quero uma ambulância com escolta armada e um leito no melhor hospital da cidade. - Anunciei ouvindo-o xingar. — Não se preocupe que a passagem e a escolta até a saída do morro será feita pelos vapores, você não terá problemas e como ninguém sabe da verdadeira identidade do meu filho isso não será um problema.
— Você está me colocando em uma situação difícil, Marta. - Sussurrou a pessoa e eu apenas dei uma risada. — Sabe que se eu for associado ao crime isso acabaria com a minha carreira, me conhecendo como você conhece não deveria me pedir algo dessa maneira.
— Você sabe que eu não sou uma pessoa que escolhe situações, eu vou por aquela que me favorece. - Debochei. — Acho que não irá querer que eu me exalte e comece a espalhar certos boatos sobre a sua pessoa, isso seria péssimo para a sua carreira, pior do que ser associado ao tráfico, senhor secretário do Estado.
— Você é impossível. - Rosnou ele. — Prepare tudo, irei lhe mandar a localização por onde a ambulância irá entrar e não acho bom você voltar a me ligar, isso seria inapropriado.
— Não se esqueça de quem colocou você nesse cargo e quem pode lhe tirar. - Avisei. — Boa noite.
Encerei a ligação e saí do carro vendo que Guilherme tinha saído da clínica e estava encarando o carro como se conseguisse ler a minha mente, eu tinha que tomar cuidado com aquele garoto, ele era mais inteligente que o meu querido filhinho.
Saí do carro e me aproximei dele vendo-o cruzar os seus braços e esperar com que eu desse o primeiro passo para que pudéssemos resolver aquela situação.
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Meu Ex é o Dono do Morro
Literatura FemininaHeloísa Bitencourt é uma mulher marcada pela vida, com apenas 24 anos já passou por poucas e boas e já está calejada, trabalhava duro para sustentar o filho de três anos, mas, quando a vida lhe da uma rasteira ela se vê obrigada a aceitar o convite...