Heloísa Bittencourt:
Segunda-feira amanheceu e eu devo confessar que estava cheia de gás para dar naquele dia, queria começar o meu dia bem. Mari já tinha ido a padaria e comprado pão, então eu apenas arrumei Pedro para levá-lo até a creche e eu tinha muito sorte de ter conseguido uma vaga, pois, eu sabia o quanto era difícil conseguir uma vaga naquelas creche, mas, quando você tinha alguns conhecidos as coisas se tornavam mais fáceis e por mais que eu não gostasse de pedir nada para a minha mãe eu sabia que ela não iria negar aquilo a Pedro, pois, por mais que a nossa relação fosse péssima os meus pais adoravam o neto e o meu filho a eles.
Esperei por Mari, já que a escola não era muito longe da creche então nós poderíamos ir juntas e depois nós iriamos juntas e conversando, assim o caminho se tornava muito mais divertido do que eu poderia imaginar, fui até a secretária levar o resto dos documentos de Pedro e também conhecia a sua professora deixando com que ela todos os meus contatos antes de seguir para o meu trabalho, pois, eu não queria me atrasar e deixar Dona Júlia na mão.
_ Menina! - Exclamou ela me encarando quando eu entrei na loja e eu não gostei um pouco do seu tom de voz, mas, eu não iria me preocupar com aquilo, pois, eu sabia que estava dando o meu melhor. _ Precisamos conversar um pouquinho lá dentro.
_ Claro. - Falei a encarando e vendo a menina que estava atrás do balcão me encarar com um sorriso triste nos lábios e eu apenas respirei fundo antes de entrar no seu escritório. _ Aconteceu alguma coisa dona Júlia?
_ Infelizmente eu não poderia mais ficar com você. - Respondeu ela fazendo com que um balde de água caísse sobre a minha cabeça e eu tinha certeza que tinha dedo daquele filho da puta nisso. _ Aconteceram alguns problemas que eu não tinha previsto e infelizmente eu não conseguirei pagar o seu salário.
_ Você não precisa mentir dona Júlia, eu tenho certeza absoluta que foi ele que mandou com que você fizesse isso. - Falei respirando fundo, aquele não era o momento de desmoronar, aquele ainda não era o fundo do poço. _ Obrigado por ter me dado essa oportunidade, realmente foi muito importante pra mim.
_ Sinto muito menina. - Falou ela segurando as minhas mãos delicadamente e eu apenas sorri lhe encarando. _ Realmente sinto muito, você é uma funcionaria exemplar e eu não queria ter que fazer isso, mas, algumas coisas vem apenas para melhorar a sua vida, ele não é esse bicho de sete cabeças que todos falam, acho que vocês deveriam conversar e se resolverem.
_ Infelizmente isso não é algo que eu irei fazer dona Júlia. - Garanti sorrindo e arrumando a minha bolsa no meu ombro. _ Nunca precisei dele nesses últimos anos e não será agora que eu irei precisar. Obrigado pela oportunidade e por ser sincera comigo.
Saí da loja sentindo um ódio mortal passar pelo meu corpo e eu saí da loja sentindo as lágrimas arderem pelos meus olhos, se aquele maldito estava pensando que eu iria me arrastar nos seus pés ele estava muito enganado.
_ Aconteceu alguma coisa menina? - Perguntou Dona Kátia quando eu entrei em casa e joguei a minha bolsa sobre o sofá passando as minhas mãos pelos cabelos, eu não poderia deixar com que aquilo me desanimasse, pois, era isso que ele queria me ver quebrada. _ Você não deveria estar trabalhando.
_ Dona Júlia me despediu, o desgraçado mandou com que ela fizesse isso. - Respondi sentindo as lágrimas de ódio deslizarem pelos meus olhos. _ O que ele quer comigo dona Kátia? Eu nunca o procurei pra nada, eu nunca pedi um único centavo de pensão, eu nunca entrei na justiça para que ele reconhecesse o meu filho. Por que ele está fazendo isso?
_ Porque ele não consegue reconhecer que você é uma mulher fantástica querida. - Respondeu ela me abraçando e acariciou as minhas costas delicadamente deixando com que eu chorasse no seu ombro, eu acho que estava precisando de um alento naquele momento. _ O que você vai fazer agora?
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Meu Ex é o Dono do Morro
Literatura FemininaHeloísa Bitencourt é uma mulher marcada pela vida, com apenas 24 anos já passou por poucas e boas e já está calejada, trabalhava duro para sustentar o filho de três anos, mas, quando a vida lhe da uma rasteira ela se vê obrigada a aceitar o convite...