Aprendendo A Amar

Capítulo 30

DIAS DEPOIS

Viviane estava bem na medida do possível na casa de Ana. Ela foi muito bem recebida por todos na casa e a família toda fazia com que ela se sentisse à vontade. Como dito, os pais da moça lhe faziam visitas todos os dias e com muito custo Viviane aceitava receber Lucero mesmo a tratando com indiferença e muitas vezes fingindo estar dormindo para não ter que falar com ela. Em um certo dia, Viviane brincava com Luz, filha mais nova de Ana, quando a morena entrou afobada no escritório onde Viviane dormia. Era um lugar bastante espaçoso e Viviane só ficava ali por não ter como subir as escadas e por todos os quartos do térreo estarem ocupados pelos empregados.

− Vivi, você nem imagina quem está aqui! – Ana se sentou na mesinha em frente ao sofá onde Viviane estava deitada e Luz sentada no cantinho.

− Não me diga que Lucero já veio me visitar essa hora. – Viviane falou com tédio.

− Claro que não, você sabe a hora dela vir e dessa vez você vai recebê-la. – Ana avisou.

− Pensarei. – Viviane revirou os olhos. – Mas fala, quem está aí?

− O Gustavo. – Ana falou animada.

Viviane arregalou os olhos. Ela não esperava que Gustavo fosse vê-la, não naquela situação.

− Inventa qualquer desculpa, mas não o deixe entrar.

− Por quê? – Ana perguntou confusa.

− Porque eu não quero que ele me veja assim. – Viviane desviou o olhar querendo chorar.

Ana suspirou.

− Meu amor, você precisa aceitar a realidade da sua vida. Não é vergonha nenhuma ser especial, quem te ama, ama de todo jeito. Ele adora você, seria injusto colocá-lo para fora.

Viviane suspirou. Ana tinha razão, ela não podia se afastar dos seus amigos porque estava doente e muito menos de Gustavo que era tão legal.

− Pode chamar ele. – Viviane falou baixo.

Ana se levantou sorrindo de orelha a orelha e assentiu rapidamente, saindo. Segundos depois Viviane ouviu passos se aproximando e sentiu seu coração acelerar ao ter certeza de que Gustavo estava junto da babá. O rapaz chegou perto dela devagar até alcançar sua visão, mas ela desviou o olhar.

− Ehhr... Nós vamos preparar um lanche. Vem, Luzinha. – Ana estendeu a mão para Luz que a agarrou e ambas saíram rápido, fechando a porta.

Gustavo e Viviane permaneceram em silêncio até o garoto se sentar na mesinha onde antes estava Ana.

− Como você está? – Gustavo quebrou o silêncio.

− Sem andar. – Viviane sorriu amarga.

− Eu sei e sinto muito. – Gustavo abaixou a cabeça. – Mas perguntei como você se sente fora isso.

− Bem, eu acho.

− Eu fico feliz. – Gustavo assentiu ainda olhando para o chão e eles ficaram novamente em silêncio, até o menino voltar a falar. – Quando pretende voltar para a escola?

− Eu acho que não vou voltar. – Viviane suspirou e Gustavo arregalou os olhos. – Você sabe que apesar de ter muita gente boa na nossa escola, também tem gente que não presta e com certeza vão zombar de mim pela minha situação. Eu não suportaria isso.

− Você tem que entender que vai passar por isso em qualquer lugar do mundo e vai aprender a dar a volta por cima. O que não pode é se trancar querendo se esconder da vida. Nós, que te amamos, vamos te ajudar em tudo.