Capítulo 66

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Fernando e Lucero se encararam assustados. O momento mais temido da vida deles havia chegado.

− Filha, venha aqui, nós temos que conversar. – Lucero foi até Viviane e a ajudou a parar perto do sofá e se sentou em frente a ela.

− Lucero, não... – Fernando suspirou com as mãos no rosto e andando de um lado para o outro.

− Ela tem que saber, Fernando. – Lucero encarou o amado rapidamente.

− Espera aí. Que mistério é esse? O que vocês têm para me contar? – Viviane franziu o cenho.

− Espera um pouquinho, filha. – Lucero falou e foi até Fernando que estava um pouco afastado. – Por favor, fique ao meu lado nesse momento. Ela vai precisar de você. – ela pediu baixo com os olhos marejados e estendeu a mão.

Fernando encarou a mão de Lucero, ainda carrancudo. Ele não era de acordo em contar nada a sua filha, mas vendo que isso iria acontecer de um jeito ou de outro, ele preferia ficar ao lado dela para que ela soubesse que independentemente de qualquer coisa, ele sempre seria o pai de Viviane. O homem segurou a mão da amada e ela o arrastou até o sofá, onde se sentaram lado a lado em frente à Viviane.

− Filha, o que eu tenho para contar agora é uma verdade dolorosa e mesmo sabendo que você pode voltar a me odiar e tem todo o direito disso, você precisa saber por mim antes que saiba por outras pessoas. – Lucero falou com a cabeça abaixada.

− O que é? Você está me assustando. – Viviane falou nervosa.

− Eu vou direto ao ponto. – Lucero respirou fundo e encarou Viviane. – Você já sabe que o Manuel foi o meu grande amor de juventude e que foi o único homem que eu amei antes do seu pai. – ela falou e Viviane assentiu devagar. – O que você não sabe é que ele foi o primeiro homem para quem eu me entreguei.

Viviane encarou Lucero e Fernando, atônita. Lucero já havia lhe contado que engravidou dela em sua primeira vez.

− Mas... Como? Você não engravidou do papai numa festa, onde nenhum dos dois planejou em perder a virgindade, mas aconteceu? – Viviane perguntou.

− Essa é a parte que eu preciso te contar. – Lucero se ajeitou no sofá e respirou fundo novamente. – Manuel e eu namoramos por muito tempo até decidirmos fazer amor pela primeira vez. Tudo estava dando certo, até que eu engravidei e ele abandonou a mim e ao bebê. – ela começou a chorar.

− Então você tem outro filho? E cadê ele, mamãe? – Viviane perguntou confusa.

− Meu amor, esse bebê que eu estava esperando... – Lucero encarou o teto. – Era você, filha, era você. – ela soluçou.

Viviane encarou o casal à sua frente já sentindo as lágrimas queimarem o seu rosto. Toda a sua vida havia sido desmoronada naquele instante. Ela não teve tempo de falar nada, pois Lucero continuou contando a história.

− O Fernando sempre foi o meu melhor amigo sim e é por isso que ele aceitou criar você comigo. Seu pai é o melhor homem do mundo, como você sempre disse. – Lucero buscou a mão do amado e a apertou.

− Filha, olha para mim. – Fernando se ajoelhou e virou o rosto de Viviane para encará-lo com delicadeza. – Eu nunca vou deixar de ser seu pai. Eu amo você desde que soube que você estava na barriga da sua mãe e apesar de não ter o meu sangue, você tem e sempre terá todo o meu coração.

Viviane nem se mexeu. Ela continuava encarando Lucero enquanto lágrimas rolavam dos rostos de ambas.

− No hospital, você disse que o meu pai havia doado sangue para me salvar. Por quê?

− O seu tipo sanguíneo é muito raro, o médico disse que seria difícil de encontrar e você precisava daquilo para sobreviver. – Lucero fungou e coçou o nariz. – Então eu me lembrei de uma única pessoa que poderia ajudar e mesmo contra a vontade do seu pai, eu liguei para o Manuel e ele enviou o sangue para o hospital. Eu sei que eu poderia ter dito que foi qualquer outra pessoa que fez a transfusão, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando você perguntou.

− E por que você está me contando tudo isso agora? Não era mais fácil continuar me escondendo essa história? – Viviane franziu o cenho.

Lucero e Fernando se encararam.

− Porque o Manuel apareceu querendo fazer parte da sua vida e disse que se caso eu não contasse, ele apareceria aqui com uma ordem judicial alegando que tem o direito de conviver com você. – Lucero respirou fundo novamente. – Eu não quis que você soubesse de tudo assim, por isso achei melhor contar. Mas olha, filha, você que vai decidir se quer conversar com ele ou não.

Viviane passou alguns segundos em silêncio.

− Eu não sei, eu... – Viviane suspirou ainda olhando para o nada. – Eu estou confusa com tudo isso. Acho que preciso de um tempo para colocar os pensamentos em ordem.

− Tudo bem, leve o tempo que precisar. – Lucero suspirou. – Mas, filha, você acha que algum dia conseguirá me perdoar? – ela voltou a chorar.

Viviane encarou Lucero. Ela não achava que a mãe tivesse culpa de algo, afinal ela era muito nova quando tudo aconteceu.

− Eu não tenho o que perdoar, você não tem culpa alguma. – Viviane sussurrou e Lucero soluçou aliviada. – Eu entendo que nós duas fomos vítimas do Manuel, mas mesmo assim você me deu um pai maravilhoso, a quem eu amo mais do que tudo. – ela encarou Fernando.

− Eu também amo vocês e prometo que nada vai mudar. Nós somos uma família, isso aqui vai muito além de ter o mesmo sangue. Eu vou cuidar e proteger vocês acima de tudo e se eu precisar enfrentar o mundo para isso, eu farei sem pensar duas vezes. – Fernando falou abraçando Viviane.

− Se eu pudesse, eu juro que teria feito tudo diferente só para não causar essa dor a vocês. – Lucero se juntou ao abraço.

Eles passaram muito tempo abraçados enquanto Lucero só chorava como uma criança. Relembrar os piores momentos da sua vida era doloroso, mas ao mesmo tempo foi libertador não ter mais nenhum segredo que pudesse afastá-la das pessoas que amava.

                                                                                  ~ * ~

Sim, Vivi já sabe de toda a verdade e ao contrário do que todo mundo pensou, ela agiu com muita maturidade :( <3

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