Capítulo 89

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Lucero e dona Lucero não demoraram a chegar ao hospital. Lucero foi vestida em um casaco azul claro com capuz e óculos escuro para não ser reconhecida por ninguém, nem mesmo por Fernando caso ela cruzasse com ele, o que ela desejava fielmente que não acontecesse, pois não sabia qual seria sua reação ao vê-lo novamente. As duas entraram e dona Lucero precisou ir até o balcão se anunciar e apresentou Lucero como sua acompanhante. Elas foram permitidas a irem até o quarto e pararam em frente à porta.

− Eu vou entrar primeiro e dar um jeito de tirar o Fernando do quarto e depois você vai. – dona Lucero falou baixo e Lucero assentiu nervosa.

Dona Lucero entrou rápido no quarto, mas deu tempo Lucero ver, pelo pouco que a porta se abriu, Viviane adormecida. Ela sentiu uma emoção enorme ao ver sua menina novamente. A senhora foi até Fernando que já estava sozinho no quarto, pois Ana havia ido em casa tomar um banho e ver como os filhos estavam, e tocou em seu ombro devagar.

− Fernando, como ela está? – dona Lucero perguntou baixo encarando Viviane.

− Oi, dona Lucero. – Fernando beijou o rosto da mulher e suspirou. – Ela está melhorando, mas infelizmente não é a primeira e nem a última vez que acontece.

− Realmente é uma situação complicada. – dona Lucero suspirou sem poder entrar em detalhes. – Mas você parece cansado, querido. – ela acariciou o ombro de Fernando.

− Pois é, eu passei a noite aqui. – Fernando coçou a barba.

− Por que você não vai em casa tomar um banho e comer alguma coisa? – dona Lucero deu a ideia.

− Mas... – Fernando tentou argumentar, mas foi interrompido.

− Você está vendo que Vivi está bem e não vai acordar nem tão cedo. Vá, eu cuido dela.

Fernando encarou Viviane adormecida e percebeu que estava mesmo cansado, não dormiu durante a noite e precisava de um bom banho para cuidar da filha quando ela acordasse. Além do mais, a menina estava com a avó que com certeza cuidaria bem dela.

− A senhora tem razão. Eu vou e volto logo.

Dona Lucero sorriu observando Fernando beijar a testa de Viviane e se despediu dele, vendo-o sair. Lá fora, Lucero tremeu ao vê-lo saindo de longe e Fernando ia seguindo seu caminho, mas de repente se sentiu observado e parou, olhando para trás. Lucero se escondeu na parede e levou as mãos aos lábios para abafar até o som da sua respiração, controlando a vontade de ir até o amado e abraçá-lo. Fernando balançou a cabeça e seguiu seu caminho. O sono estava afetando até sua mente, fazendo com que ele visse coisa onde não tem. Lucero aguardou alguns minutos e entrou no quarto, encontrando a mãe observando sua menina. Mas ao ouvir o barulho da porta, a atenção de dona Lucero foi voltada para a filha.

− Eu vou ficar na porta olhando se vem alguém. – dona Lucero sorriu com os olhos marejados.

Lucero assentiu com o olhar fixo em Viviane e somente ouviu o barulho da porta se abrindo e fechando quando dona Lucero saiu do quarto. Ela se aproximou da filha e como sempre segurou sua mão com cuidado.

− Minha vida, não sabe como dói te ver mais uma vez numa cama de hospital. – Lucero sussurrou com a voz embargada.

Viviane abriu os olhos aos poucos, reconhecendo aquele toque.

− Mamãe, é você? – Viviane perguntou baixo.

− Sim, meu amor. – Lucero sorriu já com lágrimas escorrendo pelo rosto.

− Eu não estou sonhando?

Lucero riu emocionada. Como sentia falta das maluquices e brincadeiras da sua menina.

− Olha. – Lucero retirou seu capuz com a mão livre, revelando seu longo cabelo longo.

Viviane se emocionou ao constatar que era Lucero de verdade ali e se fosse só um sonho também não importava, pois ela podia sentir os toques da mãe e isso bastava para aliviar a saudade.

− Você vai voltar para nós, é isso? – Viviane perguntou ansiosa.

Lucero se deitou no cantinho ao lado de Viviane e a abraçou, acariciando seu cabelo e demorando alguns segundos para responder.

− Ainda não, meu amor. – Lucero fez careta. – Mas eu prometo que vou dar um jeito de nunca mais ficar longe de você. Eu só preciso que você tenha paciência, não se desespere com isso, você não pode ficar doente ou eu vou morrer de angústia.

− Mamãe, por que você não conta tudo ao papai? Ele pode enfrentar o Manuel.

− Não, esse é um assunto que eu tenho que resolver sozinha. – Lucero falou firme e suspirou. – Por favor, filha, me prometa que não vai contar nada ao seu pai, nem mesmo sobre essa visita que eu fiz a você aqui.

Lucero tinha medo do que poderia acontecer se Fernando e Manuel brigassem. Ela sabia que eles só parariam quando um dos dois estivesse morto. Viviane não entendia os motivos da mãe, mas precisava aceitar porque achava que Lucero poderia se afastar dela de novo.

− Tudo bem. – Viviane falou baixo e suspirou.

− Agora descanse. Lembre-se de que você precisa de muito repouso para se sentir completamente bem novamente. – Lucero se levantou devagar e sorriu, ajeitando o lençol no corpo de Viviane.

− Tá. Mamãe? – Viviane chamou Lucero, observando suas mãos já entrelaçadas de novo, e a mulher a olhou com atenção. – Canta para mim? – ela perguntou com a voz embargada.

Lucero sorriu emocionada e começou a cantar a música que compôs para Viviane. Elas se olharam o tempo todo nos olhos, mal vendo a hora da família estar toda junta novamente. Assim que Lucero terminou de cantar, as duas ouviram o barulho da porta se abrindo e Lucero beijou rapidamente a testa de Viviane, correndo para o banheiro. Fernando entrou no quarto com dona Lucero apreensiva atrás.

− Olha quem já se acordou e ainda por cima sozinha. Como está, filha? – Fernando se aproximou de Viviane.

− Na verdade, ela se acordou agora porque eu fui nesse minuto só buscar um café, não é, meu amor? – dona Lucero encarou Viviane, nervosa.

− Pois é, abri o olho agorinha. – Viviane sorriu tentando parecer natural.

− E você está se sentindo melhor? – Fernando perguntou.

− Tão melhor que quero dar uma volta pelo hospital mesmo. Vamos? – Viviane chamou animada.

Fernando ficou surpreso, pois há um bom tempo não via Viviane tão animada, mais precisamente desde o dia que Lucero foi embora de casa, a menina vivia triste pelos cantos e só continuava indo à escola por pura insistência da família e do namorado.

− Tá. – Fernando pegou Viviane no colo com cuidado e segurou o soro para a menina.

− Você vem, vovó? – Viviane encarou dona Lucero significativamente.

− Ehhr... Não, querida, agora não, que eu preciso ir ao banheiro. Vão indo na frente. – dona Lucero forçou um sorriso.

− Nos encontramos na lanchonete. – Fernando falou empurrando a cadeira de rodas de Viviane.

Viviane encarou a porta do banheiro e viu Lucero a olhando pela brecha da porta. A mulher se deu conta de que foi percebida e acenou para a filha, mexendo os lábios num "eu te amo". A menina sorriu disfarçadamente e se deixou ser levada por Fernando.

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Um reencontro quase flagrado pelo Fernando <3

Aprendendo A AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora