Capítulo 53

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Minutos depois, Lucero e Viviane chegaram em casa e depois de ajeitar novamente a filha na cadeira de rodas e pegar as bolsas, a mulher abriu a porta da casa com dificuldade, se assustando ao ver Manuel sentado no sofá. O homem, por sua vez, se levantou assim que as viu.

− Boa noite. – Manuel falou sorrindo simpaticamente.

Lucero estava tão em choque que não conseguiu responder, mas Viviane respondeu igualmente simpática.

− Boa noite. Você é o amigo da mamãe, né? Manuel, acertei?

− Sim e você é a Viviane, não é? Como vai? – Manuel respondeu feliz e beijou a testa de Viviane.

− Ehhr... Filha, eu vou chamar a Ana para te dar um banho enquanto eu converso com o Manuel, tá? – Lucero falou. – Ana!

Logo Ana apareceu.

− Leva a Viviane para tomar banho, por favor. – Lucero pediu.

Ana assentiu.

− Com licença. – Ana saiu empurrando a cadeira de rodas de Viviane.

− Até logo, Manuel. – Viviane se despediu.

− Até, querida. – Manuel falou vendo Viviane sumir de suas vistas.

Quando Lucero teve certeza de que Viviane e Ana não escutariam sua conversa, ela encarou Manuel.

− O que faz aqui?

− Desde que nos reencontramos, essa é sua frase preferida quando nos vemos. – Manuel falou divertido, mas como Lucero não sorriu, ele ficou sério. – Eu vim ver vocês. – ele começou a andar pela sala. – Sabe, Lu, desde que eu vi Viviane pela primeira vez naquele show, eu comecei a pensar em como poderia ser tudo diferente caso eu estivesse assumido vocês.

− E por que isso agora? – Lucero ergueu a sobrancelha.

− Eu não sei, de repente me deu uma vontade de tentar consertar todos os meus erros do passado. Mas a pergunta é, você estaria disposta a se esquecer de tudo e começar do zero? – Manuel olhou Lucero nos olhos.

Quanto tempo Lucero esperou para ouvir aquilo. Quantas noites em claro chorando e implorando a Deus para que Manuel se arrependesse e viesse atrás de assumir a família. Ela era tão egoísta que nem sequer pensava em como Fernando e Viviane ficariam, já que eles sempre se amaram como pai e filha acima de tudo. Mas naquele momento que Manuel estava ali na sua frente lhe pedindo uma chance que ela sempre sonhou em lhe dar, Lucero percebeu que não significava mais nada. A única coisa que ela queria na vida era o perdão de Fernando e que Manuel voltasse a desaparecer para sempre para que assim ela nunca corresse o risco de Viviane descobrir a verdade.

− Você não acha que está muito tarde para isso?

− Nunca é tarde para tentar fazer o certo. – Manuel deu de ombros.

− Engano seu! – Lucero enfatizou e começou a andar de um lado para o outro. – Você se lembra daquele dia em que eu disse que estava grávida e você simplesmente disse que não queria um filho? Eu te amava tanto, Manuel, que eu pensei realmente em me desfazer do meu bebê só para não te perder. E você acha que essa foi a única vez? Não. Nos primeiros meses de vida da Viviane, eu fui várias vezes entregar a menina no orfanato, mas por sorte algo ou o Fernando me faziam desistir. E durante toda a vida dela, eu nunca pude ser uma mãe normal, eu nunca pude amar a minha filha como ela merecia porque eu vivia presa a você e a culpava por você ter me deixado, sendo que se não fosse por Fernando, ela seria órfã de pais vivos porque nenhum de nós soubemos amar a nossa própria filha. Fernando sofreu por mim, esteve ao meu lado em todos os momentos como sempre e a única coisa que eu fiz foi maltratá-lo até ele se cansar de mim e partir para outra, como provavelmente Viviane vai fazer quando souber que o pai que ela conhece e ama não é pai dela de verdade porque o pai de sangue nos abandonou antes mesmo dela nascer. Como você acha que tem o direito de chegar aqui com essa proposta? Eu já magoei demais a Viviane e ao Fernando, mas se tem uma coisa que eu vou fazer agora por toda a minha vida é amá-los e protegê-los como sempre fizeram por mim a vida toda e eu nunca soube reconhecer.

Quando Lucero terminou de falar, ela já respirava ofegante e chorava enquanto Manuel apenas a encarava indiferente.

− Você pode até não querer, mas eu sou o pai dela e tenho todo o direito de ficar perto da minha filha.

− Um pai que a renegou durante dezessete anos não tem direito a nada.

− Eu tenho sim e posso provar. – Manuel sorriu maldoso.

− Experimente para ver. – Lucero ameaçou.

Manuel simplesmente riu debochadamente e foi embora batendo a porta. Lucero respirou fundo com as mãos na cabeça. Seu passado que ela tanto desejou havia voltado numa péssima hora.

                                                                                  ~ * ~

E vamos de Lucero dando um fora em Manuel KKKKK. Finalmente, né, minha filha???

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