Naruto segundo o Sharingan

Todo mundo faz isso

*Sasuke*

No fim das contas, Kakashi tinha apenas mandado alguns ninjas verificarem os bosques de Konoha e consultarem os que guardavam os muros da Vila, sem tanto alarde. Lee ficou envergonhado quando soube que tinha causado tudo aquilo por não ter parado e ouvido, ao invés de correr até o Hokage com alarmes falsos. Para se redimir, disse que se amarraria em uma rede naquela noite, no bosque, e tentaria sair sozinho. Eu não sabia que tipo de remissão era aquela, mas Kakashi apenas concordou que era suficiente, porque era impossível mudar a mente culpada do Ninja do Taijutsu.

Naruto e eu voltamos para a minha casa depois de resolvermos aquela confusão e depois de ele dar um enorme sermão em Konohamaru e seus amigos. Eu ficaria entediado em assistir tudo aquilo normalmente, mas aqueles genins mereciam por tudo que haviam me feito passar. O Chunin agarrado à minha mão ainda estava estranhamente quieto, mesmo depois de toda aquela confusão. Então, prometi que faria Curry e arroz quando chegássemos na minha casa, se ele me desse "uma mão", é claro.

— É melhor tomarmos um banho primeiro, antes de cozinhar. Eu sinto como se tivesse apostado uma corrida com o Lee e rolado na lama com porcos! — Naruto exclamou, enquanto tirávamos o sapatos à porta de casa. Ele parecia ter voltado ao humor costumeiro, só por eu ter prometido comida. Às vezes, eu considerava Naruto mais simples do que uma criança.

— Tem razão. — Murmurei, distraído.

— Não vai reclamar hoje?! — Seus olhos se arregalaram, surpreso.

— Eu não sou um porco! Nem com todas as minhas objeções poderia cozinhar ou dormir nesse estado. — Sentia uma veia pulsar em minha testa. Se Naruto fizesse mais alguma pergunta ou comentário sobre aquilo, eu iria socá-lo. — Vamos, preciso colocar a banheira para encher.

Com obediência e sem dizer mais nada, Naruto me seguiu. Talvez tivesse notado meu nervosismo ou, melhor, que ficaria sem banho se continuasse falando. Eu ainda não sabia como lidaria com um banho preso a ele, mas não tinha mais como escapar. Na melhor das hipóteses eu estaria tão cansado que nem perceberia sua nudez ou Naruto a minha, muito menos o fato de estarmos obrigatoriamente próximos.

O banheiro se encheu de vapor quando a água quente começou a preencher a banheira relativamente grande. O meu pai era líder do clã Uchiha antes de morrer, então nossa casa tinha alguns luxos maiores que nas outras.

— Se lave fora da banheira, depois entramos nela. Não queremos nadar na sujeira um do outro. Tenho um banquinho ali. — Apontei para um canto do banheiro. Falava tudo mecanicamente, como se Naruto fosse um hóspede e eu lhe desse instruções, exceto que ninguém tomava banho junto com o hóspede.

Parei onde estava, hesitante. Era hora de tirar as roupas, não dava mais para protelar aquilo, ou seria estranho demais. Eu nem conseguia olhar para Naruto para saber que tipo de expressão fazia, mas, com a mão livre, eu tirei a blusa como podia, deixando-a embolada entre nossas mãos amarradas, pois não tinha como tirar ela dali sem rasgar. Eu não rasgava, porque depois não teria como vestir outra. 

— Eu fico imaginando onde será que aqueles pestinhas conseguiram aquela rede. Não é uma coisa que as pessoas saem dando a genins! — Observei-o de soslaio, enquanto retirava a bandana e a camisa, como eu havia feito. Nós amarramos as blusas uma na outra para não se molharem muito e formarem uma bola sobre as mãos grudadas. 

— Talvez não tenham dado. Talvez eles tenham pegado escondidos. — Comentei, feliz por Naruto ter começado um assunto aleatório. Apesar de eu não gostar muito de falar, aquilo era melhor do que o silêncio constrangedor.

— Não! Tá aí uma coisa que eu duvido. Nem eu faria uma coisa dessas quando era criança, dattebayo! — Naruto tirava mais peças de roupa despretensiosamente e eu tentava seguir seu ritmo, mantendo a expressão fria.