Não subestime a percepção do Nii-san

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*Sasuke*

Assim que fui libertado daquela "prisão", fui diretamente para casa. A minha mente estava tão carregada de pensamentos, que eu precisava descarregá-los, ocupando-me em fazer outras coisas. Eu iria lavar as paredes da casa se fosse preciso, mas desviaria meus pensamentos.

Era impossível entender o que tinha acontecido na noite anterior, depois que eu e Naruto tínhamos saído do banho. Uma tensão havia se instaurado entre nós, diferente de qualquer coisa que eu já tivesse sentido antes. Não era uma tensão da nossa típica rivalidade, era algo mais perigoso e infinitamente mais desconfortável.

E ainda teve a madrugada. A fatídica madrugada. Eu tinha acordado com Naruto resmungando algumas coisas, as quais pensei que tinham sido ditas durante o sono. Contudo, mesmo no escuro, eu sentia seus olhos em mim.  Às vezes, quando estamos sendo observados, sabemos que estamos, mesmo sem olhar para verificar. O meu corpo se arrepiou com a tensão daquele olhar invisível, com a possibilidade de ser tocado, mas não sendo.

Logo após, sem que Naruto notasse que eu não dormia, eu ouvi leves arquejos, como se ele tivesse dificuldades para respirar. Meus olhos se arregalaram quando percebi o que ele fazia, quando notei o que a ligeira e ritmada movimentação no colchão significava. Ouvir a sua respiração irregular, entredentes, e sentir que eu mesmo ficava excitado, sem poder fazer nada, era o pior dos castigos. Naruto era um idiota tão grande.

Eu tinha apertado os olhos, tentando controlar a nova ereção que se formava entre as minhas pernas. Em quem Naruto pensou? No que ele pensou? Seria na Sakura? Em quem quer que fosse, era doloroso, mas a respiração pesada contra a minha nuca me impedia de pensar com clareza. O quanto eu havia me controlado para não me virar e ajudá-lo no que estava fazendo…

Aquilo não tinha saído da minha mente durante todo o dia, assim como ainda não havia desaparecido agora. Passar aquele tempo com Naruto tinha sido um martírio tão grande, que eu não queria mais vê-lo na minha frente por muito tempo. Mas não era pelos motivos que provavelmente ele imaginava.

Abri a porta da minha casa, suspirando. Como de costume, deixei os sapatos na porta e caminhei diretamente para onde eu guardava os produtos de limpeza. Qualquer grão de poeira que sobrevivesse quando eu acabasse, seria extremamente ousado. Passei tão rápido pela sala e tão perdido em pensamentos, que quase não notei a pessoa sentada em um dos cantos dela e, para ser sincero, meus reflexos quase me fizeram atacá-la.

ㅡ Itachi? ㅡ Arregalei os olhos, vendo o meu irmão encarar-me com curiosidade, inclusive analisando meus produtos de limpeza.

ㅡ Não tem nenhuma missão hoje? ㅡ Perguntou, seriamente. Itachi sempre era grave e respeitável, o que fazia eu o admirar muito. Contudo, poucas foram as vezes em que demonstrou grandes sentimentos por mim em palavras. Seus atos diziam mais.

ㅡ Na verdade, eu acabei de sair de uma punição de dois dias. Como foi a missão na Vila Oculta da Nuvem? Não pensei que voltaria até a próxima semana. ㅡ Deixei a limpeza de lado por uns tempos e me sentei à frente do meu irmão, que, de repente, suavizou suas expressões.

ㅡ Uma punição… Isso é inesperado. O que andou fazendo? ㅡ Eu fechei a cara, frente à expressão divertida no rosto de Itachi. Contar o que havia acontecido em voz alta fazia tudo parecer ainda mais ridículo.

ㅡ Por que nunca responde minhas perguntas?

ㅡ Porque as suas histórias sempre são mais divertidas, Sasuke-chan. ㅡ Itachi tocou a minha testa com o indicador e com o dedo médio, fazendo-me bufar e esfregá-la com a palma da mão. Ele tinha o costume de fazer isso desde que eu era criança e nunca tinha deixado de me irritar.

Naruto segundo o Sharingan Onde histórias criam vida. Descubra agora