Porcaria de missão

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*Naruto*

Mais uma vez, eu havia sido enviado para um missão de ranking D e, pode acreditar, iria cumprí-la na força do ódio. Aguardava ansiosamente o dia em que Konoha reconheceria meu potencial como ninja, porque, fala sério, quem merecia ficar o dia todo colhendo uvas? E ainda com o teme do Sasuke! Se bem que a companhia da Sakura era mais do que bem vinda… claro, se ela não quisesse testar sua força em mim, como acontecia mais vezes do que eu gostaria. 

ㅡ Ei, Sasuke! Obrigada por me escolher para acompanhar vocês nessa missão. ㅡ a garota de cabelos rosa vinha ao longe acenando, com o rosto alegre.

Com voz monótona e olhando para mim que também respondia ao aceno da nossa companheira, ele fala:

ㅡ Não fui eu. Foi o Naruto. ㅡ Sakura desacelerou o passo quando chegou no portão de Konoha, parecendo murchar um pouco com a fala de Sasuke. ㅡ Apesar de que será bom ter um par de mãos extras para ajudar. Assim, finalizamos esta missão de ranking D mais rápido.

ㅡ Isso aí! Quanto mais depressa formos, antes estaremos de volta! Vamos lá! ㅡ grito, tentando levantar o ânimo de meus companheiros de missão. Sasuke revira os olhos quando uso sua fala, mas minha entonação com certeza foi melhor.

Eu viro de costas para eles, me pondo a caminhar, e não percebo suas caras de tédio e incredulidade. 

ㅡ Como você pode estar tão animado para uma missão como essa? ㅡ Sasuke questiona, quando a dupla me alcança.

ㅡ Porque eu sei que será uma tortura se eu fizer de má vontade, então eu procuro sempre estar me motivando. ㅡ assumi uma postura intelectual ao prosseguir. ㅡ Uma vez, o Ero-Sennin me disse que precisamos tirar de cada situação um treino. 

ㅡ Eu acho que Jiraya-san só estava arranjando uma desculpa para você fazer o que ele pedia. ㅡ Sakura murmura e eu apenas dou de ombros. Essa lição era camuflada pelas lembranças das coisas cara-de-pau que o Ero-Sennin me pedia para cumprir, mas sabia que havia um fundo de verdade.

Ao chegar na casa da família que nos contratou, somos recebidos com chá quente, já que o clima era fresco.

ㅡ Ninjas de Konoha, estas serão as pessoas que ajudarão na colheita. ㅡ a matriarca da família era uma mulher de idade, que se apoiava em uma bengala, entretanto, possuía uma voz firme. Ela apontou para duas mulheres e três homens. ㅡ Eu e meu marido não temos mais condições de fazer isso. Os três são nossos filhos. Elas são amigas da família e vieram quando pedimos. Obrigada a todos por terem vindo. 

Eu e meus amigos nos curvamos em respeito, e a senhora se retirou. Os trabalhadores nos guiaram para fora, enquanto um deles nos explicava, os outros ajeitavam as coisas. A casa era rodeada por parreiras de uvas, e elas se estendiam como um tapete verde. Era a primeira vez que faríamos isso.

ㅡ A plantação é realmente grande. ㅡ Sakura comenta.

ㅡ Hoje vocês nos ajudarão, e acredito que cobriremos um grande pedaço. Depois, o que restar ficará por nossa conta. ㅡ o homem entrega alicates para cortar os cachos das uvas a cada um de nós, depois de explicar o simples processo da colheita. ㅡ À propósito, me chamem de Inari. 

ㅡ Oe, Inari, vamos lá! ㅡ ergo o alicate, já começando a caminhar para a plantação, mas sendo puxado bruscamente para trás por ninguém mais, ninguém menos, que o baka do Sasuke.

ㅡ Vamos ajudar a levar as caixas onde colocaremos as uvas. ㅡ fala, enquanto me puxa onde os outros já pegavam suas caixas. 

No fim, eu fui o último da fila, carregando as caixas restantes e escolhendo uma fileira da qual colheria as uvas. Essa tarefa seria fácil!

***

Eu estou morrendo de tédio.  Sem falar nas abelhas que rodeiam nossas cabeças, infiltradas nas uvas, e seu zumbido me irritando, enquanto as abanava inutilmente. Abaixo o alicate, parando para examinar como Sasuke e Sakura estavam se saindo. O teme mantinha sua eterna face inexpressiva e Sakura parecia concentrada na retirada de um cacho especialmente emaranhado. Dessa vez, nem minha rivalidade competitiva com Sasuke durou muito, e caímos em uma calmaria que não me agradava nem um pouco.

Toda vez que tinha que começar a encher uma nova caixa, me sentia frustrado. Eu era um ninja, havia treinado para proteger pessoas, lutar, ter uma vida de ação. E agora, Uzumaki Naruto, estava colhendo uvas! A vontade ridícula de me descabelar e berrar era grande, eu precisava fazer alguma coisa.

Sasuke possuía uma enorme pilha de caixas de uvas empilhadas ao seu lado, esperando para serem levadas para fora da plantação. Ele colhia na parreira em frente a minha, o que dava brecha para eu me aproximar rapidamente e dar-lhe um susto. Eu sei, eu sei, parece que eu tenho tendências suicidas, mas a agonia do tédio era maior que o medo de morrer. 

Eu coloquei meu alicate no chão, e me movi, tão silenciosamente como um gato, chegando por trás de suas costas e…

ㅡ OE, SASUKE! ㅡ berro bem alto, vendo-o saltar para longe e voltar-se para mim com uma cara nada boa.

ㅡ BAKA! ㅡ gritou, enquanto, sem que meus olhos pudessem acompanhar, se aproximou e me deu um empurrão tão forte que cambaleei, caindo na pilha das caixas de uvas e derrubando tudo. 

ㅡ NARUTO! ㅡ esmagado entre as caixas, escuto a voz de Sakura me chamar.

A caixa em cima do meu rosto é movida, me dando a visão do semblante zangado da de cabelos rosas. Ah, não…

ㅡ O que foi que você fez?! ㅡ grita, pegando minha orelha, fazendo-me levantar rápido.

ㅡ Ai, ai! Não precisa disso! ㅡ massageei o ouvido dolorido e quente quando ela solta.

Os trabalhadores nos encaravam sérios, observando o sermão que eu levava. Sasuke também mantinha-se quieto, o que era uma sábia decisão. Os olhos verdes da garota pareciam faiscar.

ㅡ Tivemos o maior trabalho para colher e você foi lá e derrubou, esmagando tudo! 

ㅡ Mas o Sasuke quem me empurrou! ㅡ acuso, e ele se manifesta.

ㅡ Ele me importunou primeiro! 

Sakura balança a cabeça, negativamente.

ㅡ A culpa é sua, e eles vão ter o maior prejuízo. Tem sorte da Tsunade-sama não ser mais a Hokage, ou estaria frito. 

Abro um sorriso amarelo para os trabalhadores, envergonhado.

ㅡ Me desculpem. ㅡ peço.

Inari nem pisca ao ordenar:

ㅡ Vocês podem voltar para Konoha. Sua missão acabou.

ㅡ Mas, podemos ajudar…

ㅡ Já ajudaram o suficiente. ㅡ uma das mulheres retruca.

Sakura para em frente a eles e se curva, nós repetindo seu ato.

ㅡ Peço perdão por termos falhado. 

Eu sigo meus companheiros, cabisbaixo, para fora da plantação. Mais uma missão perdida, e aparentemente, era minha culpa. Porém, se Sasuke não fosse tão esquentado e não tivesse me empurrado, nada disso teria acontecido. 

ㅡ Vocês acham que o Kakashi-sensei irá nos castigar? ㅡ murmuro, enquanto voltávamos para Konoha.

ㅡ Castigar você, nós não temos nada a ver com isso. ㅡ Sasuke responde, secamente. ㅡ Por que um Jounin como eu ainda precisa passar por isso? 

ㅡ Como se seu nível o tornasse um cara bom demais para essas tarefas de menor ranking. ㅡ aumentei o tom de voz.

ㅡ Pelo menos não sou um Chunin como você! ㅡ a essa altura, já nos encarávamos no meio da estrada, nossos olhares trocando farpas.

ㅡ Parem com isso! ㅡ Sakura interveio, cansada. ㅡ O Kakashi-sensei com certeza fará algo, agora daria para os dois abaixarem as cristas e ficarem quietos? 

Depois disso, quase escutava-se as flores crescerem pelo caminho.

Naruto segundo o Sharingan Onde histórias criam vida. Descubra agora