*Sasuke*
Talvez Naruto pudesse ouvir meu coração batendo, eu não duvidava disso. Se eu me aproximasse um pouco mais, se Naruto baixasse um pouco o rosto, poderia tocar nossos lábios… Eu conseguia sentir sua respiração contra a minha. Eu não tinha escapatória e, na verdade, nem pensava em uma.
Até que ele elogiou meus olhos.
Foi como um despertar, fosse para o bem ou para o mal. Primeiro senti meu rosto quente e depois veio a raiva. Como ele ousava dizer aquilo em uma situação como aquela? Talvez fosse mais uma brincadeira idiota. De qualquer forma, meu cenho se contraiu, reflexo da minha irritação, sem dúvidas despropositada.
— Você e todo o mundo ninja! Não é qualquer um que tem o poder dos meus olhos. — O que quer que estivesse acontecendo naquele momento, eu precisava quebrar imediatamente. De pensar que eu estava a um deslize de beijá-lo… — Agora saia de cima de mim!
Com um bico de irritação, Naruto começou a se mover para sair, mas tudo o que conseguia fazer era encostar acidentalmente em todas as partes do meu corpo. Aquilo era ruim. Muito pior do que ter mãos se tocando por 48 horas.
— Fica parado! — Exclamei, em desespero. Eu começava a sentir meu corpo quente e não era só por causa da elevada temperatura de Naruto.
— Foi você quem mandou eu sair, Teme! — Ele parou, com a cabeça no meu peito e com uma perna entre as minhas. Era uma posição tão constrangedora que eu mal conseguia pensar.
— Nós somos ninjas, temos que pensar em um jeito de sair daqui como ninjas, Usuratonkachi! — Ignorei a minha falta de coesão anterior. Eu mal conseguia pensar com o rosto fervilhando.
"Você é um ninja, Sasuke, pare de pensar como um idiota!"
O neto do terceiro Hokage disse que aquela rede era impossível de ser cortada e contra selos. Encarei a árvore onde estávamos pendurados, em um galho muito alto. Mesmo que conseguíssemos cortar o galho, ou desamarrássemos a rede, iríamos cair de uma altura suficiente para quebrar alguns ossos…
— Vamos lá, Sasuke! Não temos o dia todo! — Naruto reclamou e eu empurrei sua cara de perto de mim com a palma da mão. — É focê que fempre penfa nas foisas! — Sua voz saiu abafada e estranha, porque minha mão estava no caminho.
— Calado, estou pensando, Dobe. — Resmunguei. Nós não poderíamos ficar muito tempo em uma armadilha de crianças, poderíamos?
Considerando que a rede provavelmente bloqueava o fluxo de chakra, impedindo que fosse moldado em jutsus, nada impedia que um selo fosse feito do lado de fora da rede. Encarei as nossas mãos grudadas, pensando que seria impossível fazer jutsus daquele jeito. A não ser que…
— Naruto, vamos ter que fazer um kage bunshin juntos.
— Mas o Konohamaru disse que…
— Eu sei o que ele disse. Coloque sua mão direita por um dos buracos da rede e eu colocarei a minha esquerda. Concentre-se apenas no chakra de sua mão, porque, considerando que o seu nível de chakra é maior do que a média, podemos fazer um par de clones. Tecnicamente o selo será feito do lado de fora da rede, mas, caso não funcione, pensamos em outra coisa. — Ele ficou em silêncio por um momento, com os lábios entreabertos. Apesar de ser uma expressão idiota, também era adorável. — Vai fazer ou não?
— Vamos nessa! Dattebayo! — Naruto enfiou a mão através de um dos buracos da rede e eu em outro, tentando me posicionar da melhor maneira possível.
— Kage bunshin no jutsu! — Falamos em uníssono, enquanto fazíamos o selo usando ambas as mãos, perfeitamente. Aquela obra conjunta, uma modulação de chakra compartilhada, fez com que eu me sentisse um pouco mais próximo de Naruto. Eu pude sentir um pouco do que ele sentia, seu chakra denso e poderoso, embalado em uma animação ilimitada.
Um par de clones de mãos agarradas apareceu do lado de fora da rede, como eu pude observar por cima do ombro. Eu e Naruto de mãos dadas era uma visão um tanto quanto constrangedora, visto por aquela perspectiva.
— Ei, subam na árvore e desamarrem a rede! — Falei, dirigindo-me aos clones. — Nós vamos direcionar o Chakra para os pés e prendê-los no tronco, para não cair. Depois, é só caminhar para o chão e tentar nos livrar da rede lá…
— Olha se não é o Naruto e o Sasuke?! Não acredito que vieram treinar amarrados juntos e com uma rede sem mim! — Rock Lee apareceu ao lado do tronco da árvore, com suas costumeiras roupas queima-filme e ofegante, provavelmente por causa de seus treinos intensivos no bosque. O ninja do taijutsu nos encarava com seus enormes olhos de inseto, parecendo realmente irritado.
— Isso não é um treinamento, sobrancelhudo! — Gritou Naruto, enquanto finalmente tínhamos conseguido ficar de costas para a rede e começávamos a nos balançar para frente e para trás, a fim de encostar os pés na árvore.
— Então tem inimigos infiltrados na vila?!
— Não tem inimigo nenhum, nós… — Começou Naruto, mas foi interrompido.
— Eu vou informar o Hokage! — Lee fechou a mão em punho e saiu correndo para o lugar de onde tinha aparecido.
— Não! SOBRANCELHUDO! — Naruto quase perdeu o equilíbrio, quando tínhamos conseguido grudar os pés na árvore. — Nem para ajudar! — Resmungou.
— Nós precisamos sair daqui rápido, Konoha inteira vai saber que genins nos prenderam em uma rede. — Nos prenderam em uma rede juntos. — Podem desamarrar! — Falei para os clones, que estavam em cima do tronco. As suas expressões não estavam nada boas.
Como eu tinha planejado, depois que a rede foi desamarrada, nós apenas caminhamos até o chão e os clones nos ajudaram a desamarrar a rede.
— Liberdade! — Naruto levantou o braço que estava livre, olhando para o céu. Eu apenas balancei a cabeça negativamente, apesar de gostar do fato que Naruto sempre se animava por pequenas coisas e até em seu exagero nisso.
— Você estava olhando pra ele também! — Meus olhos se desviaram para o clone de Naruto, que parecia estar brigando com o meu clone. Antes que o outro Sasuke pudesse responder, eu puxei a mão de Naruto e liberei o jutsu que havíamos feito juntos.
As memórias do meu clone apareceram instantaneamente na minha cabeça. Ele estava olhando Naruto enquanto eles subiram a árvore e esperavam que nós conseguíssemos prender os pés no tronco. O seu coração batia forte, enquanto observava seus dedos juntos, desamarrando a rede e quando eles se tocaram acidentalmente. O clone de Naruto tinha percebido os olhares meio indiscretos e reclamou com o meu clone, que negou veementemente. Por isso eles tinham expressões amargas no rosto.
— O seu clone estava olhando para o meu… — Naruto estava boquiaberto, encarando-me com surpresa. Ele obviamente se lembrava que eu estava observando o seu rosto mais cedo, quando estávamos deitados. Não era tão idiota assim.
— Nós precisamos ir avisar ao Kakashi que não tem inimigo nenhum. Do jeito que o Lee corre, Konoha inteira já deve saber dos "inimigos". — Desconversei, mesmo que provavelmente fosse impossível esconder meu desconforto. — Pare de me olhar com essa cara, Usuratonkachi! Vamos logo!
Puxei Naruto quando corri e ele veio sem pestanejar, o que era raro, mesmo que estivéssemos amarrados. Naruto quieto era perigoso, porque ele começava a colocar a cabeça para funcionar e juntar as peças. Eu mal conseguia lidar com aquele dia, então o próximo poderia ser ainda pior.
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Naruto segundo o Sharingan
Fanfiction[CONCLUÍDA] Narusasu | flex | yaoi | comédia | lemon | sexualtension | vergonha alheia | Universo original | Realidade alternativa Em parceria com @AlascaPurple A rivalidade de Sasuke e Naruto é histórica em Konoha. O que ninguém sabe (pelo menos o...