Um singelo aperto de mãos

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*Sasuke*

Na verdade, eu estava envergonhado. Pensei ser impossível não conseguirmos completar uma missão ranking D, mas havia me esquecido que quanto mais calma era a missão, mais difícil era lidar com Naruto. Nós dois éramos impulsivos, mas ele se entediava muito rapidamente, sempre precisando de muitos estímulos externos, como levar um empurrão por me dar um susto. Eu o conhecia desde a infância e mesmo assim não tinha previsto aquilo. Prometi a mim mesmo não olhar para Naruto durante a missão, para controlar os minhas emoções. Porém, um momento que desviei os olhos e ele já se aproximava sozinho, querendo me irritar, querendo a minha atenção.

Nós permanecemos em silêncio até o prédio do Hokage, onde o Rokudaime estava segurando um dos livros do Jiraya-Sennin. Ele abaixou o livro, escondendo-o no meio dos papéis assim que entramos. Obviamente eram tempos onde Kages não tinham o que fazer. Kakashi pareceu constrangido.

— Não imaginei que fosse vê-los tão cedo. A colheita foi assim tão fácil?

— Na verdade foi difícil. Tão difícil que não completamos a missão, graças ao Naruto. — Sakura encarou o garoto com tanta ferocidade, que se tivesse um Doujutsu, ele estaria morto.

— Mas foi o Sasuke que…!

— Não preciso que me defenda ou me abstenha da culpa, Sakura. — Falei, seriamente. Eu vinha pensando sobre isso durante todo o caminho e, caso eu não tivesse agido tão impulsivamente, tendo ações que iam contra o sucesso da missão, ela não teria sido perdida. — Hokage, minhas ações contribuíram para a derrota nessa missão. Aceitarei as devidas punições.

Fiz uma leve reverência, enquanto podia sentir os olhos de todos sobre mim, obviamente surpresos. Já era indigno o bastante ter falhado em uma missão ranking D, não assumir minha culpa era algo impensável. De soslaio, vi Naruto dar um passo à frente, claramente incomodado.

— Kakashi-sensei… Eu também tive culpa. Irei lidar com as consequências! — Ele colocou uma mão sobre o peito, com uma expressão determinada, e eu bufei. Até naquilo o idiota queria competir comigo? Bom, pelo menos eu poderia vê-lo sofrer a mesma punição que eu, o que diminuiria bastante o peso da minha própria punição.

— Isso me faz lembrar de quando eu era professor de vocês. — Kakashi, apoiou a mão no queixo, com um ar nostálgico. — Bom, eu acho que o problema de vocês ainda é exatamente o mesmo de anos atrás: Falta de trabalho em equipe. Ainda vivem brigando e falta cumplicidade. Por isso, vou pedir apenas que deem as mãos.

Eu e Naruto nos entreolhamos, com os cenhos franzidos. Até Sakura pareceu francamente surpresa.

— Como assim deem as mãos?! Isso realmente é uma punição? Está brincando com a nossa cara, sensei?! — Naruto fez todas as perguntas tão rápido que eu mal pude entender o que falava. Kakashi se levantou, com os olhos estreitos em um sorriso e parou em nossa frente.

— Vocês são amigos, eu sei disso. Só precisam aprender a fazer as coisas juntos sem brigar, tudo bem? — Kakashi, segurou nossas mãos, ainda com a mesma expressão no rosto, e as segurou juntas. A mão de Naruto era estranhamente quente, quase febril e dava para comparar com a temperatura das mãos do nosso antigo sensei, que insistia em unir as nossas. Os olhos azuis de Naruto me encaravam com certa irritação, realmente parecendo custoso que ele mantivesse sua mão junto à minha. Enquanto isso, eu mantinha minha expressão neutra, profissional, mas me sentindo estranho com aquele toque fora da rotina. 

Não era um aperto de mãos comum, minha mão direita não estava segurando a direita de Naruto, mas a minha direita segurava a sua esquerda, como um "dar de mãos". Quando desconfiei de que Kakashi estava tramando alguma coisa, com aqueles olhos estranhamente sorridentes, tentei puxar minha mão e, com um súbito terror, notei que estava literalmente grudada na de Naruto.

— Solta a minha mão. — Falei, entredentes.

— É você quem está segurando a minha mão! Eu não consigo mover meus dedos! — Ambos puxamos nossos corpos para lados opostos, até que voltamos nossos olhos para o Hokage.

— Vocês ficarão assim por dois dias, para aprenderem a cooperar um com o outro. Essa é a punição. — Kakashi pareceu realmente maligno quando disse aquilo e eu me senti francamente apavorado.

— Não, Kakashi-San! Eu posso fazer outra coisa, mas não me deixe amarrado com esse Usuratonkachi. — Eu não sei se vou poder me controlar tanto tempo tão perto dele!

— Eu posso cortar as unhas do seu pé, Sensei! Até lavo umas privadas, mas não quero ficar grudado nesse Teme! Dattebayo! — Naruto quase rosnou. Só não podia liberar aquele demônio dentro dele enquanto estivesse preso a mim, ou eu estaria ferrado.

— Se estão tão incomodados, então é a punição certa. Vejo vocês depois. Tenho… coisas importantes para fazer. — Kakashi pareceu realmente sério no fim da frase, então eu simplesmente saí da sala, arrastando o peso morto agarrado na minha mão. Discretamente, vi Kakashi puxar o maldito livro de debaixo dos papéis, antes de Sakura fechar a porta.

— Kakashi-sensei é muito cruel! — Naruto fazia bico, enquanto saíamos do prédio. Andávamos o mais distante possível um do outro.

— Eu acho que foi uma punição leve para você, Naruto. Mas para o Sasuke-kun foi a pior das punições. — Sakura fez uma careta, enquanto encarava nossas mãos unidas. — Bom, mas sejam otimistas! Vão ser só dois dias e tudo vai voltar ao normal depois.

— Tsc. — Fiz apenas esse som, irritado. Tudo poderia voltar ao normal se nós simplesmente nos odiássemos igualmente, como Sakura pensava. Porém, eu tinha medo de Naruto, estando quarenta e oito horas ininterruptas perto de mim, percebesse algo que não deveria. Se percebesse, nada voltaria ao normal.

— Sakura-chan, não tem pena de mim? — Ele falou com uma voz chorosa e irritante. Eu me perguntava se Naruto realmente sentia algo pela garota de cabelos rosa ou se era simplesmente uma brincadeira de quando éramos crianças.

— Nem um pouco, Naruto. — Resmungou, com o nariz empinado. — Garotos, eu já estou indo para casa. Eu sugiro que vocês decidam logo para qual casa irão, antes que alguém veja vocês… de mãos dadas. — Sakura riu das nossas expressões, como se só tivéssemos nos dado conta daquele fato naquele momento.

— Nós vamos para a minha casa, obviamente. Eu não sei que tipo de doenças eu posso pegar naquele seu ninho de rato. — Resmunguei, já arrastando Naruto na direção certa, depois que Sakura se foi. De repente, meu braço foi puxado e eu quase caí no chão.

— Por que é que você que tem que decidir todas as coisas?! — Seu rosto estava ficando vermelho por tentar me arrastar para o lado da sua casa.

— Está insinuando que sua casa é melhor que a minha para ficarmos hoje? Tem certeza? — Levantei as sobrancelhas, aguentando firmemente no mesmo lugar. Eu esperava que ele não me fizesse usar o Chidori contra ele com a mão esquerda.

— É… — Naruto me encarou, confuso, até que fez um bico de resignação. — Tem razão, vamos para a sua casa. — Dei um pequeno sorriso, vitorioso. Depois disso Naruto me seguiu obedientemente. Aquele era o momento de usar as habilidades ninja, correndo nas sombras escuras do crepúsculo na vila, evitando as ruelas onde ouvíamos vozes e, principalmente, os locais movimentados.

Em certo momento, escondi Naruto atrás do meu corpo, nas sombras, quando Chouji e Shikamaru interceptaram a rua em que estávamos. Senti o calor curioso que emanava do seu corpo e sua respiração em minha nuca. Só não foi uma situação mais vergonhosa, porque Naruto reclamou bastante depois disso e conseguimos chegar na minha casa sem que ninguém nos visse. Aqueles dias seriam longos.

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Essa punição foi baseada no episódio 194 de Naruto Shippuden, aquele da cachoeira... O segundo beijo NaruSasuNaru 😏

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