Capítulo 52

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Addison sorriu quando desceu as escadas e viu que a avó estava sentada ao piano, tocando Moonlight Sonata de Beethoven. Aquela costumava ser a música favorita de George e também dela. Fazia com que automaticamente ela voltasse para uma época de sua infância em que sentava com as perninhas cruzadas ao pé do banco do piano da avó e ficava ouvindo, maravilhada, enquanto ela tocava aquela música com a mesma perfeição que tocava naquele exato momento. Na verdade ela tocava todo o repertorio de Beethoven e Tchaikovsky, seus artistas favoritos, mas Addison era tão apaixonada por Moonlight Sonata, que pedia pra avó tocar de novo, e de novo, e de novo... Aproveitava que George, o avô, também gostava, e ele sempre ajudava a pedir.

Talvez aquela tenha sido a única música que Addison realmente aprendeu a tocar no piano, apesar de que a avó passava horas lhe ensinando quando era criança e de Bizzy ter lhe arranjado várias professoras de piano depois que Gloria foi morar fora do país. Bizzy achava que todas aquelas coisas eram importantes: piano, aulas de ballet, etiqueta, idiomas... Pra ela tudo tinha uma relação com o interesse social. "Se você fizer aulas de ballet, vai ter uma postura impecável..." ela costumava dizer, "Você é alta, as pessoas da nossa família costumam ser assim, e as pessoas altas costumam estar fadadas a serem destrambelhadas, por isso você precisa de postura". O outro motivo era disciplina. Bizzy achava que o esporte, a música e a dança ensinavam as pessoas a terem disciplinas. Mas o que ela realmente admirava eram pessoas de múltiplos talentos, que conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Ela sempre foi uma dessas pessoas e isso somado a sua competitividade fazia com que os filhos se sentissem massacrados na maioria das vezes. Além de ela querer que eles fossem como ela e preencher todos os seus horários livres com atividades, ela ainda queria que eles fossem os melhores em todas aquelas atividades, só para poder ser elogiada pelas pessoas por aquilo? Addison nunca entendeu muito bem os motivos da sua mãe e nem mesmo se toda as exigências dela funcionaram. Ela nunca conseguiu realmente aprender a tocar piano, mas às vezes pensava que talvez não tenha tido tempo pra isso, já que as professoras sempre pediam demissão por causa do assédio de Captain e as que não pediam, as que caiam na lábia dele, em algum momento se viam obrigadas a pedir porque acabavam se sentindo mal por transar com o pai e depois encontrar com a filha dele diante do piano da sala de estar da família.

A jovem se aproximou e sentou ao lado da avó se fazendo ser percebida. Gloria parou de tocar e sorriu quando a neta abraçou sua cintura deitando a cabeça em seu ombro.

- Não, não para de tocar não...

Ela acariciou o braço da neta e fez uma negativa com a cabeça indicando que ela estava exagerando.

- Faz tanto tempo que eu não ouço você tocando _ Addison comentou _ Que saudades de ouvir você tocando pra mim quando eu tinha sete, oito anos... Lembra? _ perguntou.

- Você e o seu avô me enchendo a paciência para tocar sempre a mesma música. É claro que eu lembro. Você quer tocar comigo?

- Claro que não. A senhora sabe que eu não toco nada.

- Você sempre tocou muito bem.

- A senhora quer ser gentil comigo, mas sabe muito bem que eu toco muito mal.

- Não... Eu sempre disse que você tem mão de pianista _ ela comentou tocando a mão da neta.

- Mão de pianista? As minhas mãos são horríveis _ a jovem comentou rindo.

- Não sei como você tem coragem de dizer que a sua mão é horrível. Não tem nada visível em você que seja horrível.

- Sério?

- Claro. A única coisa feia em você é o seu pé.

A ruiva riu e fez uma negativa com a cabeça. Gloria acompanhou e acariciou os cabelos da neta.

SummeryWhere stories live. Discover now