Capítulo 59

754 18 10
                                    

Depois de ter passado boa parte da tarde tentando operar um tumor que era considerado inoperável, Derek decidiu voltar pra casa mais cedo pra descansar antes que arranjassem algum trabalho pra ele na emergência e ficou surpreso quando tentou entrar na suíte do quarto e percebeu que a porta estava trancada por dentro. Rodou de novo a maçaneta para conferir se estava emperrada, mas estava realmente fechada.

- Addie? _ ele perguntou batendo na porta.

Já faziam algumas semanas desde a morte de Gloria, mas ela ainda continuava se trancando no banheiro quando ele menos esperava.

- Addie... Abre a porta _ pediu batendo novamente.

Havia chegado do trabalho naquele momento e não sabia que a esposa estava em casa. Agora que eles moravam juntos, saíam mais no carro dele, então o dela ficava mesmo mais tempo na garagem. Havia conversado sobre vender, mas acabaram esquecendo um pouco daquela ideia. Acabaram esquecendo de qualquer coisa depois da morte de Gloria.

- Meu amor... Abre a porta, deixa eu falar com você.

- Sai Derek. Você sabe que eu quero ficar sozinha! _ ela disse baixa e abafada, que indicava que ela tinha chorado.

- Eu sei, mas sou eu, Addie... Abre a porta. Eu acabei de chegar.

- Toma banho no outro banheiro. Eu quero ficar sozinha.

- Amor, ninguém que passa pelo o que você está passando quer ficar só _ ele disse se encostando na porta _ Eu sei que você está sofrendo muito, que seu coração está apertado, que parece que você vai sufocar, eu já senti isso, mas olha... Eu quero que você saiba que eu estou aqui e não vou deixar você passar por isso sozinha nem se você quiser.

Bateu novamente na porta.

- Abre a porta, Addie... Eu quero ver você. Abre a porta!

Ele aguardou, no fundo sem esperar que Addison abrisse a porta, mas ela abriu e saiu do banheiro olhando pra ele com o semblante triste. Os olhos estavam um pouco vermelhos, indicando que tinha chorado muito. Já ia se afastar dele para que deixasse o banheiro usasse, mas Derek segurou a mão dela e levou-a até a cama, onde sentou ao seu lado. Addison puxou o ar profundamente antes de deitar a cabeça no colo do marido sabendo que ele faria aquele carinho em seus cabelos, que a ajudaria a relaxar.

- Meu bem você não pode ficar assim...

- Eu não consigo _ ela disse em uma voz baixa, encolhendo as pernas _ Eu não consigo realizar na minha cabeça tudo que aconteceu com a minha avó, com a minha família, comigo... Eu ainda estou muito confusa, sem conseguir acreditar que isso tudo aconteceu de verdade, entende? Eu não estou conseguindo nem trabalhar direito porque eu não consigo pensar em outra coisa.

- Eu entendo você. Eu me senti da mesma forma quando o meu pai morreu. Foram muitos anos de convivência, de amor, de amizade... É natural essa falta de rumo _ ele disse movimentando os dedos no cabelo dela.

- O pior é que eu fico pensando a todo momento que eu deveria fazer alguma coisa.

- O quê? Não tinha nada que você poderia fazer...

- Eu sou médica! Eu devia ter percebido isso há muito tempo. Eu não fiz nada... Eu não pude fazer nada...

- Addie, a última coisa que você tem é que pensar desse jeito. Vocês não moravam juntas, não tinha como você saber.

- Mas eu fico pensando que eu poderia ter prestado mais atenção, que eu poderia ter feito alguma coisa.

- Você não pode ficar assim.

- Você não sabe com que esforço eu estou me mantendo de pé, me segurando, me esforçando pra que ninguém perceba que eu estou caindo, que eu estou desabando... Mas eu não quero ser forte _ ela disse derramando algumas lágrimas _ Eu acho que no fundo eu quero que todo mundo saiba que eu estou sofrendo, que eu tenho sentimentos, que ela significava alguma coisa pra mim...

SummeryWhere stories live. Discover now