Capítulo 11

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As palavras fluíram, e ao mesmo tempo o arrependimento tomou conta de todos os poros de Anahí. Ela espalmou as mãos no peito de Alfonso, para que saísse de cima dela, puxou os lençóis para cobrir metade do corpo, e se condenou pela impulsividade de contar-lhe algo que para ela era tão íntimo.


Alfonso: Como? O que ele tem Ana? – Perguntou visivelmente preocupado.


Anahí: A pergunta é o que ele não tem. – Suspirou derrotada. – Agora você já sabe o que me preocupa, mas não quero que absorva um problema que não é seu.


Alfonso: Hey, deixe-me ajudar, conheço bons médicos. Só me fale qual especialista ele precisa e o resto eu resolvo. – Tocou o rosto dela, para que o olhasse.


Anahí: Ele passou por vários, os melhores da região, é uma doença degenerativa e o tempo é o maior inimigo. Acredite que já utilizei todos os recursos, agora não existe mais nada para ser feito. O problema é que eu não consigo me conformar, preciso aceitar essa realidade, mas não consigo Alfonso.


Alfonso: Sempre existe outra possibilidade, nós podemos levá-lo em outro país se for preciso.


Anahí: Ele não sai com estranhos. – Ponderou, os olhos vazios fitaram a janela.


Alfonso: Como? – Questionou, confuso.


Anahí: Ele não sabe quem eu sou, não me reconhece, então dificilmente cruzaria a esquina comigo.


Alfonso: Ana, eu sinto tanto. – Acariciou-a no dorso da mão.


Anahí: Às vezes eu penso que deve ser uma espécie de castigo, não sei. Talvez eu não o mereça. – Ponderou.


Alfonso: Não acredito nisso, o que a faz pensar que merece sofrer, sentir dor?


Anahí: Já fiz coisas horríveis. – Virou de lado, cortando o contato visual.


Alfonso: Já ouviu falar que todos têm uma parcela de maldade? Ninguém pode ser bom o tempo todo, isso é humanamente impossível. A diferença é que alguns usam máscaras para esconder os erros e defeitos, as reais intenções, você não Ana. – Enroscou o braço na cintura dela, para aproximar os corpos.


Anahí: Assumir que sou uma filha da puta não diminui a minha culpa. – Sibilou, recostando a cabeça no peito dele. – A parte boa do meu pai ter me esquecido é não ter o desgosto de saber o rumo que tomei na vida, as minhas escolhas.


Alfonso: Assumir que é imperfeita é a primeira qualidade que aprendi a admirar em você. – Sorriu, inalando o aroma dos cabelos dela, que tomavam espaço entre seu rosto. – O seu presente não deve definir seu futuro, existem tantas possibilidades.


Anahí permaneceu alguns minutos pensativa, realmente existiam outras possibilidades, maiores e melhores. Mas o ciclo vicioso a corrompia, ela simplesmente não sabia como e nem por onde reconstruir sua vida, mudar seus passos. Enquanto Arthur precisasse dela, não poderia cogitar abrir mão da sua fonte de renda rápida. Mesmo que se esforçasse para encontrar algo que pudesse comprometer-se, algo que não precisaria usar seu corpo da forma que estava habituada, Anahí simplesmente não enxergava um futuro diferente do caminho já percorrido.


Anahí: Que decepção, pensei que fosse a minha habilidade com sexo oral. – Gargalhou, decidida a afastar aquele assunto, não queria envolve-lo, Alfonso não merecia afundar junto com ela.


Alfonso: É a segunda colocada. – Acompanhou a risada, acariciando-a na lateral do corpo.


Anahí: Alfonso... – Chamou, os olhos pareciam pesados demais.

Refém do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora