Capítulo 28

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Para Anahí a noite terminara de forma mais tranquila,  Arthur estava visivelmente cansado, mas na mesma proporção exalava felicidade, afinal faziam anos que não desfrutava de momentos como aquele. Sua rotina não encaixava com eventos lotados e música alta e sua saúde demandava muitos cuidados, por vezes andara muito debilitado, mas felizmente agora as coisas pareciam melhorar, a conexão com a filha ou com Ana – como a reconhecia frequentemente – ajudou muito nesse processo.

Bradley e Anahí conversavam descontraídamente, sentados na escada localizada na entrada da casa dela. Ele se dispôs a levá-los quando Arthur demonstrou os primeiros sinais de que a noite para ele deveria finalizar, e agora podia aproveitar da companhia dela, mesmo que por pouco tempo.

Anahí: Espero que ele guarde boas lembranças dessa noite. – Disse, as mãos apoiavam o corpo que permanecia curvado para trás.

Bradley: Talvez não recorde de início, mas fiz questão de registrar alguns momentos. – Devolveu, tirando o celular do bolso, para logo desbloquear e abrir a galeria de fotos. – Todas espontâneas. – Sorriu, movendo as imagens com o polegar.

Em uma delas Anahí aparecia com o sorriso aberto, agarrada ao pescoço do pai, que gesticulava conforme os agudos da guitarra. Havia também uma selfie, que Bradley mostrara apenas a lateral do rosto enquanto gargalhava da tentativa frustrada de Anahí enxergar o palco, parecia menor ainda diante do aglomerado de pessoas.

Anahí: Essa foi sacanagem. – Apontou em meio sorriso.

Bradley: Vou enviar pra você, mas antes disso preciso agradecer pela noite maravilhosa. Foi muito divertido acompanhá-los, na verdade foi bem diferente do que estamos habituados, longe das paredes geladas do meu consultório. – Iniciou.

Anahí: Não precisa agradecer, foi maravilhosa para nós também. – Admitiu. – Fico feliz com o cuidado que tem com meu pai, nenhuma palavra é suficiente para demonstrar o quanto sou grata.

Bradley: Não vou dizer que estou fazendo apenas o meu trabalho porque soaria muito clichê, não? – Perguntou e Anahí assentiu com uma careta. – Mas sinto uma conexão gigantesca com vocês, tenho vontade de conhecê-los além das consultas médicas e de todo aquele nosso protocolo mensal. – Continuou. – Isso se concordar, é claro.

Anahí: Não vejo nenhum problema, desde que você goste de rock e esteja preparado para perder miseravelmente no karaokê. – Brincou e Bradley se desmanchou em um sorriso.

Bradley: Vou precisar treinar meu repertório, mas tenho certeza que valerá e pena perder pra você. – Piscou e Anahí ficou em silêncio por algum tempo. – Bom, agora vou deixar que descanse, foi um prazer enorme. – Repetiu e só então pegou na mão dela para depositar um beijo no dorso.

Bradley levantou da escada deixando Anahí olhando para a própria mão, ela não estava acostumada com demonstrações de carinho tão sutis, o que a deixou totalmente surpresa, ainda mais quando sentiu os lábios dele esquentarem sua testa. Ele sorriu antes de se afastar e entrar no carro, e somente nesse instante Anahí balançou a cabeça para afastar uma breve confusão e acenou com a mão para despedir-se.

**

Charles não imaginava que teria sua cozinha invadida por uma presença tão estridente naquela manhã. Na verdade, a surpresa veio pela pessoa em si, já que tinha ciência que a casa fora dividida com um hospede muito especial e que a qualquer momento acordaria com a pior das ressacas. Os olhos dela faíscavam, transmitiam raiva, ou melhor dizendo, o indício de uma autêntica crise de ciúmes. Anahí, ao contrário dos dois, não dormira nada durante a noite, bastava fechar os olhos para que a cena de Alfonso indo embora com Natalie nublasse sua mente.

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