Capítulo 12

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Alfonso não soube distinguir os sentimentos controversos com aquela descoberta, por um lado era inegável que o fato dela não ter ido para a cama com o "velho ex-tarado" o deixou no mínimo entusiasmado, mas de outro, ela mentiu, e o pior, olhando nos olhos dele, como se o ato de enganar estivesse impregnado nela. Enquanto os dois olhavam em sua direção, ele pensou em quantas vezes Anahí havia faltado com a verdade, chegando a questionar até quando ela brincaria com todo o rebuliço dos sentimentos até então aflorados.


Charles: Ele é mudo? – Questionou, erguendo a sobrancelha.


Anahí: Me dê um minuto Charles. – Pediu, assim que Alfonso virou de costas e voltou até o quarto.


Anahí seguiu os passos dele, e pausou na porta, atenta a Alfonso que circulava no tapete, catando as peças de roupas espalhadas.


Anahí: Você não precisa ir embora. – Ponderou e Alfonso fingiu não ouvir, parando apenas para abotoar a camisa. – Qual o seu problema?


Alfonso: Você mentiu Ana, e eu detesto mentiras. – Devolveu, e então sentou na cama enquanto colocava as meias. – Porque você não contou que ele era gay? Deixou que eu fizesse um papel ridículo a troco de que? Rir de mim?


Anahí: Não classifico como mentira, era o meu trabalho e não tenho direito de expor a vida de uma pessoa que se esforça para preservar a si próprio. Se ele aprendeu a sobreviver assim, quem sou eu para julgar? – Respondeu, fechando a porta atrás de si, para que Charles não os ouvisse.


Alfonso: Eu não usaria isso contra ele Ana.


Anahí: Sei que não, mas você não gosta de mentira e eu não gosto de fofoca, então estamos quites. – Cruzou os braços. – Não é nada pessoal.


Alfonso: Estou farto da sua impessoalidade, você pode ser só você uma vez na vida? Quantas personalidades é capaz de criar para se proteger de uma pessoa que não tem intenção nenhuma de lhe fazer mal?


Anahí: Quando foi que a conversa mudou de rumo? Nós falávamos sobre o Charles. – Cortou.


Alfonso: Não use Charles para justificar a sua crosta impenetrável. Você não mentiu para protegê-lo, e sim para se proteger, pois me conhece o suficiente para saber que eu nunca faria nada para prejudicá-lo, principalmente com um argumento ridiculamente íntimo.


Anahí: Tudo bem, talvez eu estivesse um pouco contrariada. – Admitiu, cruzando os braços.


Alfonso: Por qual motivo? Por não ser capaz de entender que o que nós somos hoje é insuficiente? E que eu tenho livre arbítrio para sair de uma posição que pode me destruir?


Anahí: Se você acha que vou destruí-lo o que faz aqui? Porque não continuou no seu mundo perfeito, com mulheres perfeitas que dariam tudo para construir um relacionamento com você?


Alfonso: Porque quero que me prove o contrário Ana, se você me falar a verdade posso aprender a lidar com o resto.

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