Capítulo 20

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Talvez Anahí ainda não pudesse mensurar quão estava mudada após começar a terapia, mas quem a conhecia antes jamais imaginaria que ela se comportasse como um espirito livre, sorrindo para todas as adversidades. Durante os últimos anos precisou tomar decisões importantes - depois de um período imersa em frustrações e culpa -, a primeira delas foi desligar-se do luxo e soberba, livrou-se de todas as peças de roupas, joias e presentes advindos da prostituição. Depois procurou emprego nos mais diversos setores, mas nada que a agradasse realmente, Charles ajudara muito nesse processo, tentou conversar com conhecidos, mas não tinha ciência que sua maior contribuição seria encorajá-la a abrir o próprio negócio.


E assim ela fez, entregou o apartamento outra vez, vendeu todos os móveis, o carro e outros objetos de valor. Voltou para a casa do pai unindo o útil ao agradável, ficaria mais próxima dele e economizaria o aluguel, uma vez que não precisaria se preocupar com visitas de clientes.


Alfonso dera um ano de alívio ao pagar o plano de saúde de Arthur, o tempo que ela precisou para arregaçar as mangas e afundar nos livros de receitas da avó, produzindo doces e bolos dos mais diversos sabores. No início enfrentou certa resistência, afinal não era conhecida e precisou fazer seu nome todos os dias, não deixando a desejar na qualidade dos seus produtos. Com o passar do tempo precisou aumentar a produção, e se fez necessário contratar ajudantes de cozinha, que fora montada artesanalmente no espaço livre do terreno de casa. Era só o começo de um empreendimento de sucesso.


Anahí estava feliz, principalmente agora na frente da própria confeitaria, Ana Sweet&Cakes, enquanto assistia instalarem a fachada iluminada. Sentia uma mistura de ansiedade, medo, orgulho e sensação de vitória, o local foi alugado para conseguir atender à crescente demanda de clientes e também para recebê-los, ampliando o negócio que anteriormente funcionava apenas como delivery.


Charles estava ao lado dela, de onde nunca mais saiu depois que Alfonso a deixou.


Anahí: Ao trabalho. – Instigou, puxando o amigo pela mão.


Os dois usavam aventais para proteger a roupa de respingos de tinta, como as finanças não estavam totalmente equilibradas Anahí resolvera economizar com a pintura fazendo ela mesmo, isso depois de acompanhar vários tutoriais no Youtube. O bom e velho rock não podia faltar, o som tomou conta do ambiente enquanto os dois se divertiam com a mistura de cores. Maya também participava do modo dela, deixando o piso inteiramente marcado com suas patas sujas de tinta, que para sorte da dona era lavável.


Charles: Nunca pensei que adoraria ser aposentado. – Brincou, sentado no chão enquanto pincelava os rodapés como acabamento.


Anahí: Sou uma ótima companhia, admita. – Devolveu com um sorriso breve sem desviar a atenção da parede em sua frente, enquanto se equilibrava em cima de uma escada.


Charles: A melhor que eu poderia ter. – Afirmou. – Agora me fale como foi com Samantha essa semana?


Anahí: Conversamos sobre Jamie outra vez, ela parece mais positiva que eu.


Charles: Ela é uma excelente profissional, não a indicaria se não acreditasse que poderia te ajudar. – Disse.


Refém do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora