- VOCÊS ESTAVAM AÍ O TEMPO TODO? - Bati de leve na janela do carro, assustando-os.
- Eu.. eu não lembro.. - John colocara as mãos na própria cabeça, atormentado. Isadora apenas tentava manter-se sentada apoiando as próprias mãos no banco.
Que merda tá acontecendo aqui?
Sentei no banco do carona, encarando Olaí que ainda me olhava assustado. Kelsier, Mike e Sofia adentraram também no carro grande o suficiente para que cabesse todos nós. Olaí finalmente acostumara com o meu olhar furioso e começara a dirigir normalmente.
- Então.. Olaí. Goech disse que o senhor era o tal chefe de toda a missão. - O encarei.
- Não, não! Goech é brincalhão.. - o mesmo riu com um olhar preocupado e rapidamente cerrou o rosto, voltando a expressão séria. - O Goech é o chefe.
A expressão de todos era espanto.
- Ah.. ok. Ér.. - me recompuz. - Eu posso fazer algumas perguntas? - falei observando as árvores pela rodovia.
- Bom, já é uma pergunta. - O mesmo riu e logo silenciou-se ao me encarar séria. - Caham. - O mesmo limpou a garganta.
- Sofía. - Apontei o dedo para os bancos de trás, afim de fazê-lo entender rapidamente. - Ah, é mesmo! - O mesmo olhou pelo espelho retrovisor. - Sofía! O que houve? Você disse a muito tempo atrás que não queria participar da missão e saiu do caso, voltando para casa. - Ele alternava entre olhar pelo retrovisor afim de olhar para o rosto confuso de Sofía e entre observar a pista.
- Quê? EU NÃO LEMBRO DE NADA DISSO. - Sofía aumentou o volume de sua voz.
- Como não? você até deixou uma carta. - Olaí a encarou pelo retrovisor.
- CARTA? EU NÃO ESCREVI CARTA NENHUMA. NÃO SEI DO QUE VOCÊ E GOECH FALAM, EU SUMI POR DUAS HORAS APENAS. - Ela gesticulava suas mãos no ar fazendo Mike e Kelsier afastarem-se afim de não quererem levar um tapa.
- Duas horas? - O homem tirou sua visão da pista e virou-se rapidamente para trás, a encarando perfeitamente e logo voltando a olhar a rodovia. - Você sumiu por um ano e meio. E aliás, sua carta está aqui. - O mesmo reduziu a velocidade em que andava com o carro e abriu rapidamente o porta-luvas a minha frente, me entregando.
Abri o envelope. Realmente tinha uma carta. A li em voz alta.
- '' Prezados cientes, escrevo esta carta informando que deixarei o caso e retornarei a minha casa. Obrigada pelos cuidados e serviços. Sofía. '' - Terminei a última frase e me virei para trás, a encarando.
- EU NÃO ESCREVI ISSO! - Sofía falava como uma criança pirracenta.
- Porra.. esse cara tá mentindo na cara dura. - John resmungava alto o suficiente para que todos nós ouvíssemos, incluindo o próprio Olaí, que apenas entortava a boca num sinal de desprezo.- As provas estão aqui, senhor John. - Olaí falou com um sorriso ladino e voz de deboche.- Tá, se você realmente fala a verdade, porquê ninguém deu falta dela? - Bati a mão na coxa, irritada.
- Por causa da carta! - O Mesmo bateu o punho cerrado levemente no volante do carro.
- Tá, então ninguém ligou? Se quisermos sair e ir embora vocês vão apenas se sentar e cruzar as pernas? - Ergui uma das sobrancelhas e cruzei os braços.
- Sim. Nós não forçamos ninguém a nada. Ninguém é obrigado a nada. - Era visível a sua calma retomando.
- Não acredito muito nisso não. - Encarei os pássaros sobrevoando algumas montanhas ao longe pela janela. - E o resto do grupo? Como ficaram? - o encarei novamente.
- Grupo? Ela foi na missão sozinha. - O mesmo disse certeiro.
Ah não..
- Espera aí. - Estiquei as mãos ao nada e rolei os olhos pelo chão do carro, pensando. - Então quer dizer, que: Vocês mandaram UMA pessoa para resolver um caso MISTERIOSO como esse e logo após de ela mandar uma carta e sumir vocês ignoram e chamam CINCO PESSOAS NO LUGAR? - Alterei a voz e dei ênfase em cada palavra.
- S-sim.. - O mesmo parecia intimidado.
- O QUE ELA PODE FAZER SOZINHA - me virei no banco em direção ao Olaí, ainda intimidado me observando esticar o braço e apontar o dedo para Sofía. - QUE CINCO PESSOAS JUNTAS NÃO? - O encarei. Meu sangue fervia nas veias.
Me senti indiferente, desnecessária. Um quebra-cabeças que só faria sentido com as outras peças. Subestimada.
O que me fez mal o suficiente a ponto de lembrar da minha infância e como fui tratada ao longo da vida. Meus olhos continham lacrimejos onde cada gotícula estava ali me lembrando de cada momento.
- N-Nós.. - Olaí pareceu assustado. - Nós achamos que seria bom ela ir sozinha. - Concluiu desviando o olhar para a pista.
- ACHARAM BOM? - gritei alto o suficiente ao ponto de sentir até meus próprios ouvidos chiarem.
- Ai! Que merda é essa? - Escutei vindo do banco de trás Kelsier dizer ao esbarrar no sobretudo de John.
- É a bola azul do John. - Isadora riu ao dizer.
Antes que alguém pudesse tomar alguma iniciativa, o celular de Olaí tocou. O mesmo, com uma das mãos respirou fundo e atendeu. O carro estava em profundo silêncio apenas ansiando já fazer perguntas. Encostei no banco e engoli o choro, me recompondo.
- Ãh? Oi, Alô. - Ele franziu o cenho. - Sim,sim. Estamos a caminho. Ok.
Rapidamente o mesmo desligou o apetrecho e o colocou em um dos supositórios perto da marcha do carro.
O celular tocara novamente. Olaí se apressou ao pegar e atender.
- O que...- ele se calou. - Ok. - Parecia irritado.
Olaí colocou o celular no viva-voz.
- Olaí, os leve em segurança. Se você fizer aquilo de novo, você vai se ver comigo. - A voz na outra linha era de Akoí. Me assustei, e antes que pudesse dizer algo, Akoí desligou.
- Aquilo de novo? - Mike dissera.
- Ô MEU IRMÃO. - John puxara sua arma e estando no banco atrás do banco de motorista onde Olaí se encontrava, John apontou a arma para a cabeça do homem, assustando a todos. - PARA O CARRO. - John gritou tanto quanto Sofía e eu gritamos nesse percurso. - PA-RA O CAR-RO. - John pressionava a arma na cabeça de Olaí, que se manteve com uma expressão de ódio no rosto, mas finalmente teria reduzido a velocidade até parar.
- NAOMÍ, LIGA PRO AKOÍ AGORA. - John gritara pressionando mais ainda - se possível - na lateral da cabeça de Olaí, que mantinha a mesma expressão de ódio, quase como se não se importasse com a situação atual, e sim com o que Akoí dissera.
Puxei o celular do bolso rapidamente, mas antes que conseguisse firmar o celular em minhas mãos, o celular de Olaí tocara novamente. Atendi rapidamente e coloquei no viva-voz. - AKOÍ! - gritei.
- Na..Naomí? - Akoí do outro lado da linha parecia confuso. Liguei do número errado? - O mesmo parecia distanciar a orelha do celular para procurar o erro.
- N-NÃO! - gaguejei. Akoí desligou. Akoí ligou novamente. Atendi.
- AKOÍ! ESCU- Akoí novamente me cortou. - EU TE LIGUEI DE NOVO? DESCUL..- o cortei.AKOÍ, ESSE CELULAR É DO OLAÍ! - gritei e escutei a respiração de Akoí do outro lado. - Temos um problema, Akoí.. - ofeguei ao dizer.
- QUÊ? COMO VOCÊ TÁ? TÁ TODO MUNDO BEM? VOCÊ TÁ BEM? - Akoí parecia mais preocupado que o usual, e se não fosse essa situação, meu coração sorriria por saber que ele estaria se importando. Voltei para a realidade.
- O Olaí não responde mais nada que falamos. Ele só tá quieto. E... John tá com uma arma apontada para a cabeça dele. - me virei lentamente para rever a cena.
- Escuta. Deixa no viva-voz durante o resto da viagem. Qualquer coisa, eu tô ouvindo. - Concordei com a cabeça esquecendo que Akoí não estaria vendo, e logo soltei um ''Obrigada'' fraco. Coloquei o celular no tripé posicionado no painel do carro.
- Você vai levar a gente bem rapidinho para a PORRA do lugar, entendeu? - John teria levantado um pouco de seu lugar e dito no ouvido de Olaí, forçado a dizer que sim e logo, se livrando da arma na cabeça onde teria guardado novamente.
Olaí com a maior expressão de ódio em seu rosto - incluindo as veias pulsantes em seu pescoço e em sua testa e a vermelhidão da mesma - acelerou o carro ao máximo que pudera, indo rápidamente veloz, nos assustando pela velocidade elevada.
Após alguns minutos de correria, finalmente Olaí reduziu a velocidade e adentrou uma trilha na mata. Ao chegarmos numa parte mais ampla do local, Olaí rapidamente saiu do carro e correu em direção a floresta, logo sumindo de vista.
Puxei minha arma do coldre ao sair do carro e corri atrás do mesmo.
Mike me acompanhou, armado.
John e Kelsier corriam logo atrás.
Isadora ficou para caso ele voltasse.
Sofía caiu no caminho, o que fez John e Kelsier voltar para ajudá-la.
Corri até onde minha visão me permitia. Não tinha saída.
Ele simplesmente sumiu.Sumiu.
[NOTAS]
IRRAAAAAAA
Como vão?
Estão gostando?
Obrigada por ler até aqui!! Até o próximo cap,
MUAUAHAUAHHUHAUHUA - Autora
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Itaperuna: Contos Reais
Mystery / ThrillerUma história rondava uma cidadezinha, uma historia cujo um médico fazia experimentos de mutações em suas vítimas. Ninguém sabia nada sobre, até que, cinco jovens foram reúnidos suspeitosamente afim de resolver este caso.