9. Viva-Voz

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- VOCÊS ESTAVAM AÍ O TEMPO TODO? - Bati de leve na janela do carro, assustando-os.

- Eu.. eu não lembro.. - John colocara as mãos na própria cabeça, atormentado. Isadora apenas tentava manter-se sentada apoiando as próprias mãos no banco.

Que merda tá acontecendo aqui?

Sentei no banco do carona, encarando Olaí que ainda me olhava assustado. Kelsier, Mike e Sofia adentraram também no carro grande o suficiente para que cabesse todos nós. Olaí finalmente acostumara com o meu olhar furioso e começara a dirigir normalmente.

- Então.. Olaí. Goech disse que o senhor era o tal chefe de toda a missão. - O encarei.

- Não, não! Goech é brincalhão.. - o mesmo riu com um olhar preocupado e rapidamente cerrou o rosto, voltando a expressão séria. - O Goech é o chefe.

A expressão de todos era espanto.

- Ah.. ok. Ér.. - me recompuz. - Eu posso fazer algumas perguntas? - falei observando as árvores pela rodovia.

- Bom, já é uma pergunta. - O mesmo riu e logo silenciou-se ao me encarar séria. - Caham. - O mesmo limpou a garganta.

- Sofía. - Apontei o dedo para os bancos de trás, afim de fazê-lo entender rapidamente. - Ah, é mesmo! - O mesmo olhou pelo espelho retrovisor. - Sofía! O que houve? Você disse a muito tempo atrás que não queria participar da missão e saiu do caso, voltando para casa. - Ele alternava entre olhar pelo retrovisor afim de olhar para o rosto confuso de Sofía e entre observar a pista.

- Quê? EU NÃO LEMBRO DE NADA DISSO. - Sofía aumentou o volume de sua voz.

- Como não? você até deixou uma carta. - Olaí a encarou pelo retrovisor.

- CARTA? EU NÃO ESCREVI CARTA NENHUMA. NÃO SEI DO QUE VOCÊ E GOECH FALAM, EU SUMI POR DUAS HORAS APENAS. - Ela gesticulava suas mãos no ar fazendo Mike e Kelsier afastarem-se afim de não quererem levar um tapa.

- Duas horas? - O homem tirou sua visão da pista e virou-se rapidamente para trás, a encarando perfeitamente e logo voltando a olhar a rodovia. - Você sumiu por um ano e meio. E aliás, sua carta está aqui. - O mesmo reduziu a velocidade em que andava com o carro e abriu rapidamente o porta-luvas a minha frente, me entregando.

Abri o envelope. Realmente tinha uma carta. A li em voz alta.

- '' Prezados cientes, escrevo esta carta informando que deixarei o caso e retornarei a minha casa. Obrigada pelos cuidados e serviços. Sofía. '' - Terminei a última frase e me virei para trás, a encarando.

- EU NÃO ESCREVI ISSO! - Sofía falava como uma criança pirracenta.

- Porra.. esse cara tá mentindo na cara dura. - John resmungava alto o suficiente para que todos nós ouvíssemos, incluindo o próprio Olaí, que apenas entortava a boca num sinal de desprezo.- As provas estão aqui, senhor John. - Olaí falou com um sorriso ladino e voz de deboche.- Tá, se você realmente fala a verdade, porquê ninguém deu falta dela? - Bati a mão na coxa, irritada.

- Por causa da carta! - O Mesmo bateu o punho cerrado levemente no volante do carro.

- Tá, então ninguém ligou? Se quisermos sair e ir embora vocês vão apenas se sentar e cruzar as pernas? - Ergui uma das sobrancelhas e cruzei os braços.

- Sim. Nós não forçamos ninguém a nada. Ninguém é obrigado a nada. - Era visível a sua calma retomando.

- Não acredito muito nisso não. - Encarei os pássaros sobrevoando algumas montanhas ao longe pela janela. - E o resto do grupo? Como ficaram? - o encarei novamente.

- Grupo? Ela foi na missão sozinha. - O mesmo disse certeiro.

Ah não..

- Espera aí. - Estiquei as mãos ao nada e rolei os olhos pelo chão do carro, pensando. - Então quer dizer, que: Vocês mandaram UMA pessoa para resolver um caso MISTERIOSO como esse e logo após de ela mandar uma carta e sumir vocês ignoram e chamam CINCO PESSOAS NO LUGAR? - Alterei a voz e dei ênfase em cada palavra.

- S-sim.. - O mesmo parecia intimidado.

- O QUE ELA PODE FAZER SOZINHA - me virei no banco em direção ao Olaí, ainda intimidado me observando esticar o braço e apontar o dedo para Sofía. - QUE CINCO PESSOAS JUNTAS NÃO? - O encarei. Meu sangue fervia nas veias.

Me senti indiferente, desnecessária. Um quebra-cabeças que só faria sentido com as outras peças. Subestimada.

O que me fez mal o suficiente a ponto de lembrar da minha infância e como fui tratada ao longo da vida. Meus olhos continham lacrimejos onde cada gotícula estava ali me lembrando de cada momento.

- N-Nós.. - Olaí pareceu assustado. - Nós achamos que seria bom ela ir sozinha. - Concluiu desviando o olhar para a pista.

- ACHARAM BOM? - gritei alto o suficiente ao ponto de sentir até meus próprios ouvidos chiarem.

- Ai! Que merda é essa? - Escutei vindo do banco de trás Kelsier dizer ao esbarrar no sobretudo de John.

- É a bola azul do John. - Isadora riu ao dizer.

Antes que alguém pudesse tomar alguma iniciativa, o celular de Olaí tocou. O mesmo, com uma das mãos respirou fundo e atendeu. O carro estava em profundo silêncio apenas ansiando já fazer perguntas. Encostei no banco e engoli o choro, me recompondo.

- Ãh? Oi, Alô. - Ele franziu o cenho. - Sim,sim. Estamos a caminho. Ok.

Rapidamente o mesmo desligou o apetrecho e o colocou em um dos supositórios perto da marcha do carro.

O celular tocara novamente. Olaí se apressou ao pegar e atender.

- O que...- ele se calou. - Ok. - Parecia irritado.

Olaí colocou o celular no viva-voz.

- Olaí, os leve em segurança. Se você fizer aquilo de novo, você vai se ver comigo. - A voz na outra linha era de Akoí. Me assustei, e antes que pudesse dizer algo, Akoí desligou.

- Aquilo de novo? - Mike dissera.

- Ô MEU IRMÃO. - John puxara sua arma e estando no banco atrás do banco de motorista onde Olaí se encontrava, John apontou a arma para a cabeça do homem, assustando a todos. - PARA O CARRO. - John gritou tanto quanto Sofía e eu gritamos nesse percurso. - PA-RA O CAR-RO. - John pressionava a arma na cabeça de Olaí, que se manteve com uma expressão de ódio no rosto, mas finalmente teria reduzido a velocidade até parar.

- NAOMÍ, LIGA PRO AKOÍ AGORA. - John gritara pressionando mais ainda - se possível - na lateral da cabeça de Olaí, que mantinha a mesma expressão de ódio, quase como se não se importasse com a situação atual, e sim com o que Akoí dissera.

Puxei o celular do bolso rapidamente, mas antes que conseguisse firmar o celular em minhas mãos, o celular de Olaí tocara novamente. Atendi rapidamente e coloquei no viva-voz. - AKOÍ! - gritei.

- Na..Naomí? - Akoí do outro lado da linha parecia confuso. Liguei do número errado? - O mesmo parecia distanciar a orelha do celular para procurar o erro.

- N-NÃO! - gaguejei. Akoí desligou. Akoí ligou novamente. Atendi.

- AKOÍ! ESCU- Akoí novamente me cortou. - EU TE LIGUEI DE NOVO? DESCUL..- o cortei.AKOÍ, ESSE CELULAR É DO OLAÍ! - gritei e escutei a respiração de Akoí do outro lado. - Temos um problema, Akoí.. - ofeguei ao dizer.

- QUÊ? COMO VOCÊ TÁ? TÁ TODO MUNDO BEM? VOCÊ TÁ BEM? - Akoí parecia mais preocupado que o usual, e se não fosse essa situação, meu coração sorriria por saber que ele estaria se importando. Voltei para a realidade.

- O Olaí não responde mais nada que falamos. Ele só tá quieto. E... John tá com uma arma apontada para a cabeça dele. - me virei lentamente para rever a cena.

- Escuta. Deixa no viva-voz durante o resto da viagem. Qualquer coisa, eu tô ouvindo. - Concordei com a cabeça esquecendo que Akoí não estaria vendo, e logo soltei um ''Obrigada'' fraco. Coloquei o celular no tripé posicionado no painel do carro.

- Você vai levar a gente bem rapidinho para a PORRA do lugar, entendeu? - John teria levantado um pouco de seu lugar e dito no ouvido de Olaí, forçado a dizer que sim e logo, se livrando da arma na cabeça onde teria guardado novamente.

Olaí com a maior expressão de ódio em seu rosto - incluindo as veias pulsantes em seu pescoço e em sua testa e a vermelhidão da mesma - acelerou o carro ao máximo que pudera, indo rápidamente veloz, nos assustando pela velocidade elevada.

Após alguns minutos de correria, finalmente Olaí reduziu a velocidade e adentrou uma trilha na mata. Ao chegarmos numa parte mais ampla do local, Olaí rapidamente saiu do carro e correu em direção a floresta, logo sumindo de vista.

Puxei minha arma do coldre ao sair do carro e corri atrás do mesmo.

Mike me acompanhou, armado.

John e Kelsier corriam logo atrás.

Isadora ficou para caso ele voltasse.

Sofía caiu no caminho, o que fez John e Kelsier voltar para ajudá-la.

Corri até onde minha visão me permitia. Não tinha saída.

Ele simplesmente sumiu.

Sumiu.




[NOTAS]

IRRAAAAAAA

Como vão?

Estão gostando?

Obrigada por ler até aqui!! Até o próximo cap,



MUAUAHAUAHHUHAUHUA - Autora

Itaperuna: Contos ReaisOnde histórias criam vida. Descubra agora