Ao som da sua voz - Haikyuu

Encontro

Nem sempre o que você mais precisa aparecerá em um piscar de olhos, talvez demore dias, meses, ou até anos. Às vezes pode estar próximo de si a tanto tempo que você chegará a um ponto de se sentir idiota por não ter percebido antes, ou então ele pode simplesmente surgir em uma quinta-feira em frente ao local do seu trabalho às quatro da tarde. Pode ser uma pessoa, um buquê de flores ou até mesmo aqueles prazerosos quinze dias de férias após uma sequenciada e pesada rotina.

Rotina. A maioria das pessoas possuíam rotinas monótonas e parecidas quando o assunto é 'agitação'. Poderia muito bem ser descrita por aquela típica ação do "acordar às cinco da manhã, tomar banho, rechear-se de um 'reforçado' café da manhã para chegar às sete, ou algum horário próximo, no trabalho", é como um roteiro a ser seguido. Um roteiro chato e sem graça que raramente tinha algo novo que valia a pena ser contado.

Mas este tipo de roteiro não era seguido por pessoas como Kageyama Tobio, já que este trabalhava em uma casa de shows que funcionava das três da tarde em diante. Normalmente deste horário até às sete da noite, o local era ocupado por adolescentes e seguia o restante da noite com os adultos, até não ter mais ninguém para cantar ou tocar e então encerrava o expediente.

O estabelecimento é originalmente da família Ukai à três gerações, sendo Ukai Keishin o atual dono. Haviam três funcionários, estes eram Kageyama Tobio, Ennoshita Chikara e Sawamura Daichi, sendo o último o responsável pelo local quando Keishin saía.

Kageyama era responsável por organizar o calendário de apresentações no horário dos adultos e por cuidar dos aparelhos de som, às vezes ajudava na recepção enquanto Ennoshita cuidava do calendário de apresentações dos adolescentes, o que era um serviço mais fácil, já que sempre aparecia algum meliante algumas horas antes pedindo para se apresentar. O trabalho de Kageyama, porém, era sempre mais complicado, principalmente em dias de semana, já que algumas bandas trabalhavam em outros setores além do lazer musical.

Mais um dia de trabalho. Eram nove da manhã de sábado e Kageyama Tobio estava lutando contra sua vontade de voltar a dormir, concluiu que o trabalho trazia seu sustento então, a contragosto, levantou-se. Apesar de que deveria estar no local somente às duas e trinta para organizar algumas coisas, o rapaz descobrira no dia anterior que faltava completar o calendário e era justamente deste dia.

Kageyama estava se olhando no espelho do banheiro, as olheiras ao redor de seus olhos azuis escuros mostravam seu cansaço trazendo até alguns anos a mais para o jovem de vinte e cinco anos, penteou seu cabelo negro com facilidade, já que este era curto nos lados e liso, apenas tendo a franja como destaque e escovou os dentes. Seria algumas horas de busca e caso não encontrasse alguém, imaginava o tanto que teria que ouvir de Ukai quando chegasse.

Seria uma caçada simples e como tomaria café em uma cafeteria próxima ao estabelecimento, optou por deixar o cabelo baixo mesmo, vestiu uma camisa de alguma banda de j-rock, uma calça moletom preta e um tênis branco, nada formal, entretanto Keishin sempre recomenda contratar os grupos musicais de maneira mais confortável, afinal o local não era algo formal que os levaria a um provável sucesso, até porque não permitiam filmar as apresentações, como o mesmo gostava de dizer: "Apenas o dinheiro extra de quem se diverte fazendo o que gosta". E com os dizeres de seu chefe na mente, trancou a porta da entrada de seu apartamento e seguiu para o elevador.

Kageyama não era alguém muito vaidoso, mas mesmo assim olhou-se no espelho do elevador enquanto já seguia para a entrada, apenas para checar se estava tudo certo e então a porta finalmente abriu.

O moreno não saiu correndo do prédio, mas sim a passos largos, afinal ainda iria tomar café da manhã e seria a duas quadras dali. Kageyama estava estressado devido a três razoáveis motivos: primeiro, não ter feito compras na última semana achando que duraria pelo menos até a manhã deste dia; segundo, estar acordado este horário em um sábado; terceiro e último, por ter se esquecido de completar a agenda de shows. Queria uma pedra para chutar, mas seus pensamentos perderam vida quando percebeu um som de violão próximo e em seguida, uma voz.